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Linguagem e Sociocognitivismo
(Vários.)

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A concepção interacional da linguagem compreende o texto oral ou escrito não como o produto da comunicação exercida
por meio da linguagem, que funcionaria então como um mero instrumento da
comunicação, mas, sim, como o verdadeiro lugar de interação entre sujeitos.
Marcuschi (2001)explica estas duas
concepções: Língua como “produto” desconsidera toda e qualquer influência que o contexto
possa exercer no ato da comunicação, limitando a língua a um instrumento
formal, autônomo e independente, tendo por base apenas os conceitos estruturais
e gerativistas da língua estudada. Já língua como “ação” analisa o funcionamento da língua dentro dos vários contextos e situações de
produção, sem negligenciar os diversos fatores relevantes para tal
funcionamento.

Marchuschi (2001) afirma que o uso da língua é ação conjunta é coordenada, na
qual os sujeitos envolvidos, os “atores sociais”, se dispõem a colaborar
mutuamente para a construção do sentido desejado. Os enunciados produzidos
sempre estarão definidos pelos contextos de produção em que estão inseridos. Escrever, falar e outros atos de comunicação “não são uma atividade autônoma e sim parte
de uma atividade pública, coletiva, coordenada e colaborativa”.

Koch e Marcuschi
(1998) afirmam que a língua é heterogênea, opaca, histórica, variável e
socialmente construída, não servindo como mero instrumento de espelhamento da
realidade, não é o limite da realidade, nem o inverso. É trabalho cognitivo e atividade social que supõe negociação. Não pode ser
identificada como instrumentos prontos para usos diversos.



A escrita e a fala são práticas sóciocognitivas e culturais, que
levam o indivíduo a interagir discursivamente com o texto, por meio da relação
autor- texto- leitor, para a produção de sentidos (Koch e Elias, 2006). Consideradas como um processo complexo, no qual há um trabalho ativo a ser realizado por um
sujeito, com intenções e finalidades a perseguir.

A escrita é, portanto, um
trabalho consciente realizado por um indivíduo, com uma dada função e valor
social. Ao escrever o indivíduo que pensa “o que dizer,
para quem dizer e como dizer”, considerando sempre uma relação intersubjetiva
(Camps, 2006: 23).

A respeito do
sociocognitivismo, segundo Koch &
Cunha-lima (2004), enquanto os estudos cognitivistas clássicos insistiam na
separação entre corpo e mente e entre fenômenos mentais e sociais, procurando
explicar, basicamente, como o conhecimento é estruturado, armazenado e
reativado dentro da mente; o sociocognitivismo difere-se por considerar como
ponto crucial os processos interacionais que levam a construção e apropriação
desse conhecimento pelos indivíduos, distanciando-se da preocupação de dizer se
a cognição acontece dentro ou fora da mente dos indivíduos e dedicando-se a
tentar compreender o complexo processo de inter-relação que possibilita tal
construção e apropriação de sentido.

Marcuschi afirma que o foco dos atuais estudos lingüísticos
situam-se mais “nas atividades de
construção do conhecimento” e não mais nas atividades de processamento,
como costumava ser feito. A preocupação transporta-se da relação
“linguagem-mundo”, para “como usamos a
linguagem enquanto forma constitutiva dessa relação”.

Para o autor
(X:75), a maneira como dizemos aos outros as coisas é muito mais
uma decorrência de nossa atuação discursiva sobre
o mundo e de nossa inserção sócio-cognitiva no mundo pelo uso de nossa
imaginação em atividades de ‘interação conceitual’, do que simples fruto de
procedimentos formais de categorização lingüística. O mundo comunicado é sempre
fruto de um agir comunicativo construtivo e imaginativo e não de uma
identificação de realidades discretas e formalmente determinadas.

Entender e
explicar como as informações são recebidas, armazenadas e reativadas além de
todo o processo inferencial que ocorre durante o processamento textual só foi
possível a partir do momento em que se estabeleceu a visão social da cognição,
aproximando assim, os estudos cognitivos da Lingüística Textual.

Assim,
interpretar e compreender textos depende fundamentalmente de um conjunto de
fatores que vão desde o conhecimento partilhado, e também o construído durante
a interação, até os papéis sociais, as características do gênero, entre muitos
outros.

Para o autor, o
uso da língua está tão irrevogavelmente relacionado as práticas sociais discursivas,
a ponto de afirmar que os modelos ou esquemas, que ajudam e orientam o processo
de inferências dentro do processamento textual como os conceitos de script, frame, slot, cenário, plano,
etc, bem como suas as formas de armazenamento categorizadas como conhecimentos
enciclopédicos ou procedurais, são, na verdade, processos criados durante tais
práticas discursivas, e não apenas por enumerações sócio-históricas
pré-definidas.

Sobre tais
modelos, outra importante colocação feita por Koch & Cunha-Lima (2004) é
que os textos não só utilizam-se desses esquemas de conhecimentos acima
mencionados, mas também criam, constroem e fazem circular novos conhecimentos a
partir da interação com o ouvinte/leitor, sendo uma importante fonte de
informação.

Para Koch e Marcuschi
(1998), é importante ressaltar que o mundo não está pronto e estável à nossa
disposição, esperando apenas para ser descrito e “etiquetado” por meio da
linguagem. Sobre isso, Marcuschi (X:64) afirma que



as coisas não estão no mundo da maneira como dizemos aos
outros. A maneira como nós dizemos as coisas aos outros é decorrência de nossa
atuação lingüística sobre o mundo com
a língua, de nossa inserção sócio-cognitiva no mundo e de componentes culturais
e conhecimentos diversos. A experiência
não e um dado, mas uma construção
cognitiva, assim como a percepção não
se dá diretamente com os sentidos, mas é a organização de sensações primárias.
O mundo comunicado é sempre fruto de uma ação cognitiva e não uma identificação
de realidades discretas apreendidas diretamente. [itálico do autor]



Sumarizando o que foi
dito acima, é interessante salientar que Marcuschi (X), apoiado em muitos
outros autores citados por ele, afirma que “nossas versões do mundo” são
construídas pela prática social da linguagem, e não apenas um espelho de uma
suposta “realidade discretizada”. Salientado a relação entre linguagem e
construção da realidade, o autor afirma que a linguagem é uma atividade constitutiva e não uma forma de
representar a realidade; mais que um retrato,
a língua é um trato da realidade.
Mais que um portador de sentido, a
língua seria um guia de sentidos,
como lembra Salomão (1999), e por isso mesmo ela é insuficiente. É na interação
social que emergem as significações.
(p.68)



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