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Reforma Ortográfica na Língua Portuguesa
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Reformas ortográficas não são necessariamente novidade para os falantes
da língua portuguesa. Se pensarmos, por exemplo, nas cantigas trovadorescas –
que são considerados os primeiros escritos em língua portuguesa – e as
compararmos com um texto escrito atual, seja ele brasileiro ou português,
veremos que as diferenças são enormes.

Qualquer brasileiro com nascido antes de 1930, já passou por duas
grandes mudanças na ortografia brasileira, uma em 1931, que simplificou a
escrita, retirando letras dobradas como o “ll” e outros dígrafos como “ph”, e
outra em 1971, que aboliu consoantes mudas como o “c” de “facto” e “objecto” e
o “p” de “Egipto”.

A reforma ortográfica de 1931, mesmo sendo de iniciativa da Academia
Brasileira Letras, foi adotada também em Portugal, depois de aprovada pela
Academia de Ciências de Lisboa, mas o mesmo não aconteceu com a reforma de 1971.
Por isso, em Portugal palavras como “actor” e “óptimo”, por enquanto, ainda
fazem parte da ortografia oficial.

Essa diferença a respeito da reforma ortográfica de 1971 baseia-se na
questão fonética, uma vez que há muito tempo a pronúncia de tais palavras mudou
no Brasil, enquanto que em Portugal elas ainda permanecem, pelo menos até que o
novo Acordo Ortográfico entre em vigor em Portugal.

E esse é o principal problema da proposta do novo acordo. Enquanto as
reformas antigas levavam em consideração fatos da língua já assimilados pelos
falantes apenas simplificando e oficializando a ortografia, o novo acordo
pretende assumir o caminho inverso, impondo primeiramente a regra sobre o uso
social da língua.

Até então, as reformas ortográficas aplicadas tanto no Brasil quanto em
Portugal tinham sempre a intenção de seguir a evolução da língua portuguesa –
que como qualquer outra língua natural está em constante mudança – que fizeram
as formas oficiais do português do Brasil e do português de Portugal se
afastarem gradualmente ao longo do anos.

E agora nova reforma na ortográfica pretende exatamente o oposto: mudar
a ortografia não só de Brasil e Portugal, os dois países falantes de português mais
influentes, mas também dos outros integrantes da Comunidade dos Países de
Língua Portuguesa, que inclui ainda Angola, Cabo Verde, Moçambique,
Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, e Timor-Leste.

Os argumentos que levaram as autoridades políticas e acadêmicas de
tantos países a (aparentemente) concordarem com uma investida tão grande passam
desde a inclusão da língua portuguesa no cenário internacional, uma vez que a
existência de duas grafias oficiais, uma portuguesa e outra brasileira, é um
dos fatores que dificultam a aceitação dos países membros em posições de
destaque na Organização das Nações Unidas; até a divulgação e propagação da
cultura dos países falantes do português entre si e com países de outras
línguas.

Se não é possível refutar o peso da maior aceitação da ONU, o que muito
interessa ao Brasil, por exemplo, que há anos tenta um lugar no Conselho de
Segurança – ainda que o inglês americano e o inglês britânico também conservam
algumas diferenças e que isso não diminui em nada o atual prestígio mundial
dessa língua –, mesmo não se pode afirmar sobre a questão da expansão cultural.

Segundo os defensores do acordo, a unificação traria enormes benefícios
para o mercado editorial, supostamente diminuindo as diferenças entre os livros
publicados com a ortografia portuguesa e a ortografia brasileira, além de
também acabar com empecilho de se precisar de duas traduções oficiais para cada
obra literária estrangeira que complica e encarece o processo de tradução e
também retarda sua distribuição.

Contudo, ao lermos textos escritos por autores brasileiros,
portugueses, africanos, logo percebemos que as diferenças vão muito além da
grafia de palavras como idéia/ideia, freqüente/frequente, úmido/húmido, fato/facto, entre outras.

Isso é um problema muito menor para se entender textos estrangeiros
escritos em português quando comparado, por exemplo, às escolhas lexicais e
também o uso dos pronomes pessoais “tu” e “vós”, comumente usados em Portugal,
mas substituídas pelo pronome de tratamento “você”, no Brasil, o que o fato de
uma ou outra palavra ser apenas grafada de maneira diferente chega a ser quase
insignificante.

Como já foi dito, reformar a ortografia é sim uma necessidade, mas
quando sua intenção é facilitar a escrita de situações que já fazem parte do
cotidiano lingüístico dos falantes e não apenas impor novas regras e esperar
que elas sejam assimiladas pela população de 200 milhões de pessoas.

Assim, embora as mudanças propostas sejam sim atraentes do ponto de
vista daqueles que são favoráveis ao acordo, elas parecem, na verdade, muito
pouco objetivas e realistas, uma vez que não são questões mínimas de ortografia
que vão ser capazes de unificar a
cultura e a tradição escrita de oito países tão diferentes.



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