Resumo de As marcas de articulação textual

Segundo KOCH, o encadeamento de segmentos textuais, de
qualquer extensão (períodos, parágrafos, subtópicos, seqüências textuais ou partes
inteiras do texto) é estabelecido, em grande número de casos, por meio de
recursos lingüísticos que se denominam articuladores textuais [...] ou
operadores de discurso.

(2002, p.132)

Tais elementos podem ser agrupados em quatro grandes classes: os de
conteúdo proposicional, os discursivos-argumentativos, os organizadores
textuais e os metadiscursivos.

A mesma autora explica que:

Os articuladores são multifuncionais, já que
desenvolvem funções mais variadas, de ordem cognitiva, discursivo – argumentativa,
organizacional, meta-discursiva e interacional. Desta forma, não são apenas
responsáveis, em grande parte, pela coesão textual, como também, por um grande
número de indicações ou sinalizações destinadas a orientar a construção
interacional do sentido.

(KOCH,2002, p. 141).

Antes de analisar o texto serão mostradas de maneira mais detalhada as
quatro grandes classes de articuladores textuais (KOCH,2002 e KOCH, 2004):

Grupo I – Articuladores de
conteúdo proposicional – promovem a relação lógico
– semânticas entre orações de um enunciado:

a) marcadores de relações espacio – temporais:

b) indicações de relações lógico – semânticas:

·
condicionalidade.

·
causalidade.

·
finalidade ou mediação
(causalidade intencional).

·
temporalidade.

·
disjunção.

·
conformidade.

·
modo.

Grupo II – Articuladores
enunciativos ou discursivo-argumentativos – encadeiam
atos de fala distintos por meio de relações discursivo – argumentativas. São
eles:

·
contrajunção ou oposição:
adversativa e concessiva.

·
justificativa ou explicação.

·
comparação

·
conclusão

·
generalização

·
disjunção argumentativa

·
especificação ou exemplificação

·
comprovação

·
modalização da força

·
correção

·
reparação

·
entre outras

Grupo III – Organizadores textuais – organizam o texto em uma sucessão linear de forma a facilitar a
interpretação:

1) organizadores textuais propriamente ditos ou
“marcadores de integração linear”: primeiro
(primeiramente, depois, em seguida, enfim...); por um lado...por outro; às
vezes; algumas vezes...outras...outras ainda,
iniciando...continuando...finalizando, etc.

2) marcadores que operam o “amarramento” de porções
textuais: aí, daí, agora, aí então etc. (muito
comuns no texto falado, mas também encontrados no escrito).

Grupo IV – Articuladores metadiscursivos – introduzem comentários ora sobre a forma ou o modo de enunciado,
ora sobre comentam a própria enunciação (KOCH: 2004, 135):

1. Articuladores metaformulativos:

tomam como objeto o próprio texto
(forma de estruturação, estatuto dos segmentos, o antecedente e o subseqüente,
etc.); costumam vir introduzidos por
marcadores que indicam o tipo de função que desempenham.a)
sinalização de busca de denominação:
mais precisamente, sobretudo, isto é, quer dizer, ou (em algumas situações),
como se diz comumente, etc.

b)
indicação do estatuto de um segmento textual em relação aos
anteriores: em suma, em resumo, em oposição a, para
terminar, etc.

c)
introdução de tópico: quanto a, em
relação a, no que diz respeito a, a respeito de, no que toca a, no que tange a,
no que concerne a, com referência a, relativamente a, etc.

d)
interrupção e reintrodução de tópico:
marcadores de digressões: é interessante lembrar que..., voltando ao
assunto...etc.

Observações:

·
delimitadores de domínio (hedges) – explicitam
o âmbito dentro do qual o conteúdo da enunciado se verifica.

·
Comentadores da forma como o enunciador se representa perante o
outro no ato da enunciação: sinceramente, com
franqueza, honestamente etc.

3) articuladores
metaenunciativos: introduzem enunciados que
evidenciam a propriedade auto-reflexiva da linguagem, pois “a própria enunciação
é tomada como objeto de menção: podemos dizer assim, por assim dizer, como se
diz habitualmente, vamos assim dizer, para falar de um assunto que me toca,
etc.

Todo esse esquema apresentado acima foi retirado do capítulo “as
marcas de articulação textual”, KOCH, I.G.V. Introdução à Lingüística Textual. São Paulo: Martins Fontes, 2004,
p. 129-144).

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