| Da fala para a Escrita
 (Marcuschi)
 
 
 Segundo a teoria de Marcuschi (2001) a fala tem sido um
tema de grande debate nos dias atuais.  E
 já é possível ver, a questão da importância entre um texto falado e um texto escrito,
 desde que seja avaliado tanto o contexto social quanto a situação de uso de
 ambos. Sendo a fala e a escrita, consideradas duas práticas sociais e culturais
 interativas e complementares, pois são inter-relacionadas entre si. Além disso,
 profissionais da área da lingüística aplicada, da sociolingüística e da
 psicolingüística tem-se preocupado com a questão da fala e da escrita. E por
 intermédio da grande divulgação de programas de letramento com base nas
 pesquisas já é possível mostrar que as semelhanças entre ambas são maiores do
 que as diferenças. Sendo essa última da perspectiva do uso e não em relação ao
 sistema. Pois tanto a fala quanto a escrita tem o seu devido valor e exige
 normas  com base na situação de uso. Só para
 situar-nos no tempo, os homens da antiguidade, com exceção de alguns não tinham
 contato com a escrita eram considerados
 seres falantes e nem por isso deixavam de serem pessoas cultas. E mesmo
 hoje temos grupos indígenas no Brasil que por ter grande capacidade de
 conhecimento cultural da flora e da fauna conhecendo bem a agricultura e a
 terra são considerados verdadeiros cientistas nesta área, mesmo sem ter relação
 com a escrita. Desta forma, fica comprovado que, tanto a fala quanto a escrita
 tem características próprias e são de extrema importância para a comunicação
 humana. Sendo assim, segundo Marcuschi (2001) a escrita não pode ser
 considerada uma representação da fala. Porque ela não daria conta dos
 diferentes fenômenos naturais e representativos da mesma.
 
 Por isso, não
 devemos elevar essas duas modalidades a um grau de inferioridade ou
 superioridade, mas podemos compará-las, relacioná-las, mesmo porque ambas são
 formas alternativas de representar a língua em duas modalidades diferente nas
 atividades sócio-interacionais cotidiana. Na verdade é que, as formas dessas
 duas modalidades de se adequarem ao uso variam de acordo com a situação de uso
 das praticas sociais, destacando-se a escrita como privilegiada dentro dum
 contexto social formal, se tornando indispensável no mundo moderno. Mascarada
 na dona do poder, desenvolvimento e educação.
 
 Já dentro das perspectivas da retextualização de acordo
 com Marcuschi (2001) tudo depende da compreensão. A fala e a escrita devem ser
 avaliadas e entendidas dentro do contexto social, valorizando sua função tanto na
 atividade da leitura em voz alta ou silenciosa para que o sentido seja completo.
 Na verdade a retextualização exige muito mais que ler em voz alta e sim levar
 em consideração uma questão de fatores que a acompanha como: linguagens visuais
 e recursos acústicos.
 
 Na sua teoria ele afirma que existe quatro
 possibilidades de retextualização em relação a atividade falada e escrita, e,
 que elas vão além da transmissão do texto pela voz Marcuschi (2001).
 
 Sendo a primeira da fala para a escrita; a segunda da
 fala para fala; a terceira da escrita para a fala e a quarta da escrita para
 escrita. Esse movimento se da de acordo com as relações de organização entre o
 produtor do texto original e o transformador levando em considerações a
 retextualização e os processos típicos de cada modalidade sem perder o sentido
 original.
 
 Já que na retextualização, a chance de invasão do
 interlocutor é maior que da transcrição, mesmo porque, o nível da linguagem do
 texto fica aberto as transformações. Por isso é de extrema importância que se
 entenda o sentido do texto original.
 
 Segundo
 Marcuschi (2001 p.46), não se pode entender a retextualização como algo  mecânico, mas existe uma série de fatores que
 levam a operações complexas interferindo tanto no código quanto no sentido. E
 isso faz com que a fala e a escrita sempre perca alguma coisa na transformação,
 pois a escrita não dá conta de transcrever todos os elementos que compõe a
 fala.
 
 Sendo assim, será utiliza a teoria das nove operaçõs, segundo
 Marcuschi (2001 p.75) para fins de
 análise de retextualização:
 
 1ª operação – eliminação de marcas estritamente
 interacionais, hesitações, partes de palavras iniciadas e não concluídas,
 
 2ª operação – introdução de pontuação com
 base na intuição fornecida pela entoação das falas (estratégia de inserção em
 que a primeira tentativa segue a sugestão da prosódia);
 
 3ª operação - retirada das repetições,
 reduplicações, redundâncias, paráfrases e pronomes egóticos (estratégia de
 eliminação para uma condensação lingüística);
 
 4ª operação – introdução de paragrafação e
 pontuação detalhada sem modificação da ordem dos tópicos discursivos
 (estratégia de inserção);
 
 5ª operação – introdução de marcas
 metalingüísticas para referenciação de ações e verbalização de contextos
 expressos por dêiticos (estratégia de reformulação objetivando explicitude).
 
 6ª operação – reconstrução de estruturas
 truncadas, concordâncias, reordenação sintática, encadeamentos (estratégia de
 reconstrução em função da norma escrita).
 
 7ª operação – tratamento estilístico com
 seleção de novas estruturas sintáticas e novas opções léxicas (estratégia de
 substituição visando a uma maior formalidade);
 
 8ª operação - reordenação tópica do texto e
 reorganização da seqüência argumentativa (estratégia de estruturação
 argumentativa).
 
 9ª operação – Agrupamento de argumentos
 condensando as idéias (estratégia de condensação)
 
 
 
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