Jornada nas Estrelas - O Filme
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Sinopse e
comentário. Ficção
científica, baseado em série de TV. Quando três cruzadores klingons são
destruídos por uma gigantesca nuvem de energia, que provavelmente abriga uma
nave em seu interior e cujo destino parece ser a Terra, a Federação Estelar tem
como única solução enviar a USS Enterprise, atracada numa estação espacial e o
veículo mais próximo do intruso, em seu encontro. Aproveitando a ameaça para
pressionar a Federação, o Almirante James T. Kirk consegue reaver o comando da
Enterprise, mesmo tendo passado 30 meses afastado e desconhecendo as
atualizações por que passou a principal nave da Federação. Sua obsessão fará
com que Kirk se contraponha com o atual Capitão, William Decker, além de trazer
de volta seus antigos tripulantes, o médico McCoy e os oficiais Sulu, Uhura,
Checov e Scott. Ao grupo irão juntar-se ainda a oficial Ilia e o vulcano Sr.
Spock, que parece ter uma ligação mental com a nuvem invasora.
A série Jornada
nas Estrelas estreou em 1964, criada por Gene Rodenberry, e não foi um
grande sucesso de audiência. Mesmo assim, durou três anos e arregimentou uma
legião de fãs, que exigiram sua continuidade. Após fracassadas tentativas de retorno
na TV, foi preciso que, em 1977, o fenômeno Guerra
nas Estrelas abrisse novos horizontes para a indústria cinematográfica, e a
idéia de um longa-metragem baseado na antiga série se tornasse um produto vendável.
Estreava então Jornada nas Estrelas – O
Filme (Star Trek – The Motion
Picture, EUA, 1979),
com o elenco original e direção de Robert Wise, que já realizara O Dia em que a Terra Parou e O Enigma de Andrômeda.
Concebido para ser um épico de grandes proporções, a
produção ambicionava seguir à risca o mote da série, e ir “aonde nenhum homem
jamais esteve”. Contratou grandes nomes dos efeitos especiais de então e
abarrotou a tela com imagens que, representando os confins do universo e adjacências,
pudessem causar no público o mesmo deslumbramento de um 2001 – Uma Odisseia no Espaço ou um Contatos Imediatos do 3º Grau. Espirais luminosas e coloridas,
explosões espetaculares, cenários gigantescos dotados de inacreditável
preciosismo (fora a apoteose final, onde os protagonistas presenciam o
nascimento de uma nova forma de vida), somados à impecável trilha sonora de
Jerry Goldsmith, deveriam ser suficientes para agradar tanto leigos quanto fãs antigos.
Sob a supervisão do próprio Gene Roddenberry, o roteiro reverenciava a série na
introdução dos personagens clássicos, que entravam em cena de forma geralmente
interessante, e proporcionava aos fãs a longa e emocionante cena do reencontro
de Kirk com a Enterprise. Havia ainda personagens novos, a Tenente Ilia
(interpretada por uma ex-miss Índia careca que passava o tempo todo com as
pernas de fora) e o capitão Decker, que servia de antagonista a Kirk. Eram tantos
elementos que muita coisa ficaria de fora na montagem, e as várias cenas
inéditas só seriam apresentadas ao público mais de duas décadas depois, no DVD.
Parecia impossível não dar certo. Pois a epopéia de
Roddenberry e Wise acabou se perdendo pelo caminho, resultando em algumas cenas
curiosas, outras interessantes, um visual bonito, um ou outro diálogo inspirado
na boca de atores carismáticos e uma frustrante sensação ao final, apesar de
partir de uma boa premissa. A impressão é a de que o fascínio com os efeitos
especiais (ou a necessidade de justificar os gastos com eles) deixou a jornada se
estender para muito além da surpresa e, pior, da paciência. Após um começo
atraente, o público toma conhecimento da ameaça de V’ger e vai matando as
saudades de Kirk, Spock & cia. (inclusive do humor proporcionado pelas alfinetadas
verbais do Dr. McCoy no vulcano, mais frio e racional do que nunca). A isso, e
à birra de Kirk com o oficial Decker quanto à inadequação do primeiro ao
comando (o almirante chega a se perder num dos corredores), resume-se a parte
humana de Jornada nas Estrelas. Há
ainda referências ao passado romântico de Decker com Ilia, mas que servem
apenas para serem utilizadas mais adiante. Ou seja, é pouco.
Jornada
nas Estrelas
acaba sofrendo do mal inoculado involuntariamente por Steven Spielberg no já
referido Contatos Imediatos..., onde
os personagens passam metade do filme olhando boquiabertos o espetáculo de
luzes no céu. Só que sem a surpresa causada pelos discos voadores do outro. Por
mais que sejam visualmente belos a fenda espacial onde entra a Enterprise e,
principalmente, todos os estágios no interior da nave que abriga V’ger (cabe-se
imaginar como ficariam se convertidos ao 3D), faltou uma melhor noção de tempo,
evitando que os bons momentos se arrastassem e que os tais efeitos se tornassem
cansativos. É como se o filme dispensasse a seus personagens a mesma
consideração que V’ger dispensa às “unidades carbono”, que é como ele chama os
seres humanos. Felizmente ainda há, no universo de Jornada nas Estrelas, algo nostálgico e cativante que permanece
apesar do filme e que realiza a magia de nos fazer gostar de ver as tais
“unidades carbono” vivendo as aventuras que povoam desde a infância os nossos
sonhos. Como a série, o filme acaba funcionando porque resgata essa fantasia.
Porque, apesar de toda a cafonice dos uniformes coladinhos e dos painéis de
controle multicoloridos e das sacudidas dos atores cada vez que a Enterprise é
atingida por algum raio inimigo, há um espectador do outro lado da tela que
quer acreditar nesta odisseia de seguir espaço adentro rumo ao desconhecido, e
se deixa envolver pelo imaginário que o filme oferece.
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