As literaturas de autoajuda: a questão da individualização do homem
(Chagas)
A individualidade foi proposta pela modernidade por Rüdiger. Para ele, em um de seus trabalhos, a literatura de autoajuda originou-se no ocidente, tendo sua ascensão nas crises de valores éticos, morais institucionais. Foram vários os valores que propuseram a individualização humana, em especial no século XIX, por exemplo, quando tivemos a “expansão e o desenvolvimento do capitalismo”, promovendo, este último, a libertação do homem, criando a “personalidade livre e igual” (CHAGAS: 199, p. 21).Em contrapartida, em épocas remotas, o individuo só existia a partir da comunidade, pois era costume visar apenas o coletivo. Não havia – diferentemente dos dias de hoje – a autonomia individual, a independência de expressão e a liberdade. Nos tempos antigos, existia um ‘controle’ social baseado na religião, que foi fragmentado pelo poderio da razão, proposto por Descartes, centrando assim o homem científico no universo, capaz de fazer suas escolhas, cujo resultado implica no mal-estar moderno.Como medidas apaliativas, criaram-se fórmulas e receitas de orientação para a vida, para superação de medos, angústia, fraquezas e promessas de felicidade instantânea. Contudo, as narrativas da modernidade foram postas em dúvida, tornando suas bases (razão, ordem e certeza) não confiáveis, gerando um ambiente de “dúvidas e paradoxos” (idem, p. 25). Desta forma, os motivos de auto-ajuda entram com toda a força possível, promovendo ao indivíduo a capacidade de auto gerar-se para atingir realização pessoal, através de seus recursos – tanto é que há escritores ressalvando a questão de que a “felicidade, em si, só depende de você mesmo [...]” (Trevisan apud Chagas: 1997, p. 3), reforçando, assi, as potencialidades humanas – na verdade, teoria puramente individualista, a qual se harmoniza com a sociedade democrática liberal, que favorece o indivíduo experienciar uma falsa sensação de autonomia individual. Outro grande movimento que trouxe consequências significativas à sociedade moderna foi os ideais iluministas (igualdade, liberdade e fraternidade), uma verdadeira utopia, pois ninguém é puramente livre em um sistema que favorece a competição e a concorrência extrema em todas as estruturas da sociedade, haja vista que sua essência é o individualismo.O “sujeito moderno tem o desejo de ser o único e o melhor de todos”, em busca exacerbada pela autenticidade, sua legitimação através da diferença recorre aos conteúdos de autoajuda para suporte de vida.
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