BUSCA

Links Patrocinados



Buscar por Título
   A | B | C | D | E | F | G | H | I | J | K | L | M | N | O | P | Q | R | S | T | U | V | W | X | Y | Z


O mal-estar na civilização
(Sigmund Freud)

Publicidade
Um dos amigos de Freud - que ele
considera um dos homens que deveriam ser admirados, mas não o são - escreve uma
carta respondendo a ele que concorda com a idéia de que a religião é uma
ilusão. E ele acrescenta que a fonte da religiosidade nas pessoas, vem de um
sentimento que é ilimitado, vasto, eterno, e um tanto quanto desconhecido
(oceânico).

Sabemos
falar quando se trata do nosso próprio ego, ou melhor, o nosso “eu”. O ego é a
representação exterior delimitada - há limites do “eu” com o mundo externo - de
uma entidade mental inconsciente ilimitada: o Id. Há somente um momento em que
o ego perde suas limitações: no auge do sentimento do amor. E na questão
patológica, há momentos em que o eu vê coisas naturais a si mesmo como
estranhas, assim como vê coisas no mundo como naturais, sendo que são
pertencentes somente a ele. Portanto os limites do ego não são tão permanentes.


diferenças entre o "eu" adulto e o “eu" criança, adolescente,
etc. Uma criança não sabe que é dela os sentimentos de prazer que o mundo a
proporciona, mas vai aprendendo ao longo do tempo que há fontes de prazer que
pertencem a ela mesma – como seus órgãos corporais - como há outras que dela
são tiradas - como o seio da mãe. Essa por exemplo, é a primeira vez que ela
percebe que há um mundo externo do qual ela não tem domínio sobre. Um outro
exemplo se dá com relação aos desprazeres. O ego tende a afastar tudo aquilo
que produz sofrimento, buscando essencialmente o prazer em contraste com um
mundo que raramente o produz. Os limites do mundo exterior não vão deixar de
aparecer nessa busca de prazer, é claro, e as coisas que dão prazer são
consideradas objetos (e não ego). E há punições provindas desses limites
impossíveis de serem evitadas. É como se o indivíduo já as tivesse, ou já tendesse
a tê-las. São nesses exemplos que se aprende a dividir o que é do ego (interno)
do externo, e dessa forma o indivíduo aprende a viver a realidade. Vale
ressaltar que o conteúdo do ego para pessoas que demoraram mais ou menos para
separá-lo do mundo externo, são ilimitados, e vinculados ao universo, assim
como o sentimento oceânico se define.

No
campo mental, os elementos primitivos permanecem ligados aos elementos desenvolvidos
ao longo do tempo, e isso deve ser nítido. Quando não o é, significa que em
algum momento houve alguma restrição a um instinto ou a falta dela quando
necessária.

Uma
importante descoberta na esfera mental foi de que o esquecimento não significa
a perda total das memórias. Elas foram apenas guardadas, jamais descartadas. Freud
faz uma analogia com a Cidade Eterna, Roma, onde um visitante dotado de conhecimento
histórico verá a obra mais atual quase intacta, e talvez encontre as
construções mais antigas, mas não mais vestígios, pois além de suas próprias
ruínas há também os problemas nas restaurações, no desenvolvimento da
metrópole, do surgimento de novos edifícios, etc. Supondo que Roma não fosse
uma cidade, mas uma entidade psíquica teríamos que todos os lugares citados
estariam visíveis ao observador. Como se estivessem sobrepostos. Que tudo
pudesse ser visto, e talvez só fosse necessário um esforço de mudar o olhar ou
a posição para ver as outras partes.

Se
continuássemos nessa comparação, provavelmente não chegaríamos a lugar algum,
pois não há como "sobrepor" as coisas no que chamamos de realidade. E
isso só demonstra o quanto o campo psíquico é complexo de ser demonstrado em
"imagens". Ressaltamos porém que só a mente é capaz de preservar o
antigo, como uma exposição, e por isso não conseguiríamos exemplificar de forma
alguma.

Importante
ressaltar que apesar do campo mental ser o único que permite essa disposição de
coisas antigas e atuais ao mesmo tempo, há situações em que há coisas que são perdidas
sim, por algum evento ao longo da vida.

Voltando
ao sentimento oceânico, poderíamos deduzir que ele se origina dos primeiros
momentos da vida do ego. Então por que ele é necessariamente ligado às crenças
religiosas?

Parece
ser indiscutível que as necessidades religiosas só começam a partir do momento
que o bebê perde o elo com os pais, que é uma necessidade muito intensa.

Freud
acredita então que o sentimento oceânico só se ligou a religião posteriormente,
já que a idéia de “unidade com o universo” que é a idéia central das religiões
é uma das formas que o ego tem para rejeitar os perigos que emanam do mundo
externo. Ele diz que outro amigo explicou que diversas ações (como o yoga)
podem produzir sensações que já foram sentidas - e então recobertas - ao longo
da vida. E esse amigo vê que é nestas situações que se encontram grande parte
do saber místico, e Freud diz que algumas fases obscuras da vida mental (como
transes e êxtases) se devem a isso também.



Resumos Relacionados


- Deus, Religião E O Sentimento Religioso Em Freud

- O Mal Estar Da Civilização

- O Mal-estar Na Civilização

- Esboço Da Psicanálise

- A Relação Sujeito-cultura E Seu Mal-estar



Passei.com.br | Biografias

FACEBOOK


PUBLICIDADE




encyclopedia