Os Rios Turvos
(Luzilá Gonçalves Ferreira)
Biografia
do poeta português Bento Teixeira que se mistura à ficção. O tema da obra é a
trajetória amorosa de Bento com a brasileira natural do Espírito Santo, Filipa
Raposa, a grande paixão de sua vida e a responsável por seu destino trágico: ela
o denuncia ao tribunal do Santo Ofício, acusando-o de judeu. Trai o marido por
várias vezes, obrigando-o a morar em lugares diferentes a cada estação.
O
apetite sexual de Filipa era sabido de todos. Desde adolescente tinha uma
malícia natural: seduzia com seus belos olhos verdes até os padres nos
confessionários. O casal, diante disso, via-se obrigado a constantes mudanças. Uma das situações mais humilhantes para Bento
foi quando a esposa o traiu com um mulato, crime repugnante na época.
Bento
Teixeira era filho de pais humildes e cristãos-novos, cuja família abandonou
Portugal por conta de perseguição a judeus. Apesar da pobreza dos pais, Bento, chegando
ao Brasil, na Vila de Salvador, na Bahia, foi ajudado pelo bispo Dom Antônio
Barreiras, que lhe ensinou latim e o iniciou nas artes. Conseguiu estudar no
colégio da Companhia de Jesus e fazer algumas amizades que lhe foram úteis mais
tarde como testemunhas contra as pressões da Santa Inquisição.
Bento
traduziu, a pedido do sobrinho, do latim para o português, o livro Deuteronômio,
da Torá, que Javeh ditara a Moisés. Porém esta missão caberia apenas a Igreja. Tornou-se
alvo predileto da Inquisição. Durante um
período, ensina latim, aritmética e poesia para sobreviver. Revela-se fiel aos
princípios da igreja para livrar-se da Inquisição, mas não deixa de criticá-la.
Embora
não fosse exímio escritor, Bento fazia sonetos e trovas. Escreveu um poema
épico – Prosopopéia – à semelhança de Camões homenageando o governo da
capitania de Pernambuco. Para a esposa, Bento mostrava seus escritos a ela e dizia
de sua dificuldade para escrever. Às vezes essa dificuldade era usada por
Filipa para xingá-lo.
Tantas
foram as traições de Filipa que Bento acabou por assassiná-la, fugindo depois
para o mosteiro de São Bento em Olinda, onde ficaria escondido até que a
Inquisição o pegasse.
Em
22 de outubro de 1595 é mandado a Lisboa como acusado do Santo Oficio por
praticar heresias. Quando interrogado pelos inquisidores, se diz inocente, mas
acaba cedendo às imposições do tribunal e reconhece sua culpa. Renega suas
ações e crenças visando a liberdade que não vem e Lisboa se torna seu cárcere.
Em julho de 1600 morre.
Um
ano depois a Santa Inquisição concedeu licença para que se publicasse, em
Lisboa, a primeira edição de Prosopopéia.
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