Alimentação Indígena
(Vera Lúcia Mathiasi (Gazeta Mercantil))
Os
índios comem carne de sucuri, cauda de jacaré, gafanhotos e formiga saúva. A
saúva é torrada e socada como paçoca; o cupim é assado dentro de folhas de
bananeira. Os ovos de pato e de tartaruga são muito apreciados. Se os ovos já
estão chocando e contêm o animal em formação, os índios o prendem a um espeto e
assam para saboreá-lo.
O
peixe é um dos maiores recursos na alimentação indígena. São assados
diretamente nas brasas. Se o peixe é de grande porte, o limpam, se é pequeno, vai
para o fogo com as vísceras que se encolhem durante o cozimento. Então os
índios as retiram. Esse processo é usado também com a caça.
Pescam
peixes com flecha, covos, timbós, paris e tarrafas. Fazem currais de pedra com
a entrada a favor da correnteza. Nas noites sem lua, acendem archotes feitos de
palhas. O fogo atrai os peixes que são flechados em seguida.
Da
terra, os índios aproveitam todos os frutos, milho, mandioca, arroz, batatas,
amendoim, feijão, cará e jerimum. A mandioca constitui a base da alimentação
indígena. Ela é raspada no tamari, ralador feito de madeira e espinhos.
Por meio de uma esteira espremem a rapa e com o polvilho obtido fazem
alvíssimos bolos.
Para
fazer o beiju, as índias misturam farinha de mandioca com água, e socam em um
pilão. Quando a assadeira de barro está suficientemente quente, colocam sobre
ela alguns bocados de mandioca, espalhando-os e dando-lhes forma arredondada,
depois, é alisado com uma pá de madeira. Quando um lado está assado, viram-no
do outro até dourar. O beiju nada mais é que mandioca e água.
As
tribos mais atrasadas quando fazem os beijus, abrem um buraco nas cinzas de uma
fogueira e ali colocam os bolos, atiçando-os com um pau. Cobrem depois tudo com
cinzas e brasas; ao fim de algum tempo, descobrem um grande bolo tostado e
cheiroso, um tanto azedo que, dizem os sertanistas, não seria desagradável, se
não tivesse tanta cinza e não fosse preparado por processo tão desasseado.
Algumas
tribos usam muito fazer sopa de banana verde com peixe ou capivara. Tomam-na
com colheres de pau. Outros alimentos indígenas: palmito, mel misturado com
água (e com as pequenas abelhas junto). Gaivotas caçadas.
Os
índios normalmente só bebem água às refeições. Mas conhecem e fabricam várias
bebidas que são usadas nos dias de festas. Cultivam o guaraná do qual é
extraída a bebida tão conhecida dos civilizados e a chamam de capô. Fazem o vinho de ananás, e o caxiri,
bebida muito apreciada por eles, feita de um fruto chamado "pupunha";
o oloniti, feito de milho, é uma espécie de aguardente.
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