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Contra o método
(Paul K. Feyerabend)

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Neste livro, Feyerabend se baseia na tese que a ciência não
tem uma estrutura única e é um empreendimento essencialmente anárquico. À esta
tese central, subjazem várias conseqüências que são descritas uma a cada
capítulo.

Na introdução, Feyerabend diz que o anarquismo é o remédio
para a Epistemologia e para a Filosofia da Ciência, devemos rejeitar padrões
rígidos de racionalidade e métodos científicos.

A pesquisa
histórica demonstra que não há um método único para a ciência. A violação das
regras epistemológicas são necessárias para o progresso da ciência – as grandes
revoluções científicas surgiram dessas violações.

A argumentação
não é a base da nossa aprendizagem e nem da nossa aquisição de comportamentos,
a causa de ambos podem ser encontradas em muitos eventos, repetições mecânicas e
contra-argumentos. O que nos leva ao apelo à razão é o efeito subseqüente de
uma espécie de treinamento ou manobra política, ou seja, queremos dar lógica a
um processo quando estamos “apaixonados”
por ele, queremos torná-lo racional e criar uma idéia correta a seu respeito,
então criamos comportamentos, idéias e circunstâncias necessários para
explicá-lo. O autor cita como exemplo a astronomia, de Galileu até o século XX,
que se baseava em idéias contrárias à razão e à experiência da época. Contudo,
as teorias foram se disseminando, se relacionando de outras maneiras, foram
criados instrumentos, até que a ideologia em torno da “convicção” cria argumentos ricos, baseados em relatos
observacionais e se torna razoável, com certo grau de êxito empírico.

Portanto, o
princípio não é a argumentação ou a razão, o único princípio a ser defendido em
todos os casos é: tudo vale.

Consideremos a
regra, comum em teorias de confirmação e/ou corroboração, de que os resultados
experimentais podem comprometer ou favorecer o êxito de uma teoria. Neste caso,
seria uma contra-regra agir contra-indutivamente e considerar hipóteses que seriam
inconsistentes com fatos e teorias já estabelecidos.

Muitas vezes,
a evidência que poderia negar uma teoria só será revelada em uma alternativa
incompatível, por isso que o trabalho científico deveria ser feito dentro de
uma metodologia pluralista, que incorporasse outras concepções. O confronto
idéia x idéia e não apenas idéia x teoria deveria ser estimulado.

Entendido
desta forma, o conhecimento não é feito por teorias auto-consistentes, mas sim
por teorias que articulam alternativas incompatíveis para contribuir com o
desenvolvimento da nossa consciência. Portanto, nada é estabelecido e a
História da Ciência passa a ser inseparável da própria ciência, além de ser
essencial para seu desenvolvimento e para dar substância e conteúdos para as
teorias científicas. No entanto, o que ocorre é que alternativas contrárias só
são expostas quando a teoria já está desacreditada.

As
discrepâncias entre teoria e fatos existem, nenhuma teoria concorda com todos
os fatos do seu domínio, portanto não é absurdo falar de contra-indutivismo na
ciência. Nossa visão de mundo, bem como a ciência, se respaldam em pressupostos
abstratos, duvidosos e inacessíveis à crítica. Por exemplo: quem nos garante
que a mesa que vemos é realmente da cor que vemos? Não há nenhuma interferência
entre o objeto material e o que meus olhos percebem? Se as condições de
luminosidade ou visão mudarem ainda verei a mesa da mesma cor?

Os princípios
que estruturam as teorias e técnicas dos cientistas são difíceis de testar, às vezes
a observação pode estar “contaminada”
e por isso conflitar com a teoria. Portanto, precisamos de um padrão externo de
crítica. Os procedimentos familiares, resultados de observação estabelecidos,
cuidados e princípios teóricos plausíveis devem ser rompidos pela
contra-indução, que pode nos trazer percepções diferentes das existentes.

Feyerabend coloca
que a contra-indução não é uma convicção sua, uma resposta para tudo ou um
conjunto de regras que vise superar a indução. Sua intenção é mostrar que se
consegue argumentar logicamente em favor da contra-indução e que todas as
metodologias têm limites, por mais óbvias que sejam.

A condição de
consistência tem por efeito eliminar uma teoria que não esteja de acordo com
outra teoria; ou seja, a primeira teoria adequada acaba tendo primazia sobre
teorias também adequadas, mas que surgiram depois. Preserva-se aquilo que é
mais tradicional só porque é mais antigo e familiar.

Desta forma, o
empirismo contemporâneo se assemelha à correntes filosóficas que ataca, diz
Feyerabend.O ponto de vista aceito tem que ser confrontado com tantos outros
fatos relevantes quanto possível. Excluir alternativas, concentrar-se em fatos
e teorias únicas é assumir o comodismo, bem como mudar teorias só baseado em
discordâncias com os fatos.

Contudo, nem o
rol de fatos a que se submete as teorias é tão extenso quanto poderia. Os empiristas,
ao defenderem a condição de consistência, esvaziam o conteúdo empírico de suas
teorias, pois diminuem o número de fatos que podem mostrar suas limitações. Os
fatos que poderiam refutar a teoria, muitas vezes dependem de teorias
discordantes, que não são consideradas.

As novas
teorias, portanto, nascem em um ambiente hostil, mas quando são aceitas pela
comunidade científica, passam por um inevitável processo de “fossilização”. O que antes era argumento
e dúvida transforma-se em slogans e princípios; os oponentes à teoria,
pressupõem-na para contestá-la em debates. Há um verdadeiro engessamento neste
processo, e as conquistas mais importantes das teorias científicas não podem
ser mensuradas, pois não há alternativas, de fato, para se fazer a comparação.

Para
Feyerabend, o pluralismo de idéias e formas de vida e o tratamento histórico
dos estudos do conhecimento, são essenciais para compreendermos racionalmente a
natureza das coisas e os novos comprometimentos teóricos.



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