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Pluralismo METODOLÓGICO NO ENSINO DE CIÊNCIAS
(Carlos Eduardo Laburú; Sérgio de Mello Arruda; Roberto Nardi)

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Se analisarmos os últimos modelos pedagógicos propostos
podemos constatar seus limites, falta de consenso e inadequações. Diante disso,
os autores vão propor uma metodologia pluralista, pois o processo de
ensino-aprendizagem também é múltiplo e complexo. As motivações dos estudantes
também variam, bem como suas preferências, experiências, expectativas em
relação a aprendizagem e o modo de aprender e se relacionar com o conhecimento.
Os alunos partem de realidades muito diferentes e suas trajetórias são
desiguais.

Portanto, um único modelo didático
ou metodológico não consegue abraçar todas essas diferenças. As estratégias que
valorizam a autonomia são efetivas, pois por mais louvável que seja determinado
ideal e ações pedagógicas nem sempre eles são satisfatórios e aceitos pelos
estudantes.

A inspiração da abordagem pluralista
vêm de Feyerabend, que defende o anarquismo metodológico nas ciências, pois não
quer substituir regras por outras, mas sim mostrar que toda metodologia tem seus
limites e possibilidades. Ou seja, é muito mais a oposição a um caminho único,
que se queira universal e verdadeiro que valha para todas as circunstâncias, do
que a proibição de um ordenamento.

Os alunos, professores e
o contexto de uma aula são incomensuráveis.Não há como encaixar-se em padrões
predeterminados. Todo ensino é atividade humana e, portanto, intercultural por
inerência, pois lida com as microculturas dos indivíduos. A realidade humana,
com todas as suas contradições não pode ser reduzida a quaisquer padrões
pré-estabelecidos. Por isso que as teorias educacionais trabalham com a
aproximação de uma realidade que não podem abarcar, portanto, não podem ser
definitivas, engessadas ou apregoar uma verdade absoluta com conceitos
excessivamente rígidos e objetivos, porque são inerentemente relativistas, se
dirigem a um contexto mutável e indefinível em todas suas nuances.

Toda metodologia tem
limitações e será apropriada de forma intuitiva e influenciada por contextos
diversos. Além disso deverá ser submetida a constantes reformulações,
reflexões. A ação pedagógica pluralista e consciente é a mais indicada, pois
não se limita a uma metodologia única.

A prática pedagógica não pode ser igual ou controlada
pela teoria pedagógica, pois envolve muitas variáveis. Mas também não é um
campo dominado pela irracionalidade, que pode ser avaliada por critérios
objetivos, segundo os autores, mas este deve ser um instrumento e não a
finalidade da pratica.

Os programas pedagógicos muitas vezes consideram o
professor como mero executor, limitando seu poder de reflexão, imaginação,
interferência e participação. Já a metodologia pluralista possibilita ao
professor uma atitude crítica, reflexiva, compreensiva sobre sua prática. Nesta
perspectiva o professor permanece em constante “capacitação”, mas sem tornar-se
um seguidor de determinada “verdade pedagógica autoritária”, impondo-a aos
outros através de técnicas eficazes, conteúdos massivos transmitidos para serem
memorizados. O professor sabe que não há uma verdade única, e que ninguém pode
detê-la. Se submete sempre ao risco, à inovação, à experimentação para oferecer
uma aprendizagem e um saber de melhor qualidade para seus educandos,
contribuindo assim para a transformação social, para a diminuição das
desigualdades, ele não educa para a reprodução porque não é um reprodutor, não
doutrina porque não é doutrinado. Entende que cada aluno é uno, e que as
situações em sala de aula são imprevisíveis.

Para enfrentar esta situação sempre diversa e
imprevisível o professor de vê ser um profissional curioso, receptivo,
criativo, inconformado, que busca sempre novas soluções, nunca separando teoria
e prática e que avalia seus atos de forma responsável.

O professor pluralista estimula o questionamento dos
alunos, sua atuação crítica, sua conduta reflexiva que não aceita de antemão determinado
ponto de vista. Ele não incentiva que seus alunos sejam passivos, pois ele
também não é, se auto-avalia para não se tornar um mero fantoche do governo, da
mídia, dos técnicos ele tem que se autoavaliar criticamente, as conseqüências e
contexto social de sua profissão.

Esta perspectiva deve estar presente desde a formação dos
professores, mas não há receitas prontas para a mudança didática acontecer, talvez
um bom começo seja substituir conceitos intuitivos eternizados pela tradição e
hábito por uma postura que questione o que parece natural, sem inércia nem
rotina, para satisfazer as demandas diversas que irão surgir. A complexidade do
trabalho docente não é obstáculo ou motivo de desânimo, mas sim um campo de
possibilidades e criatividade.

Os alunos mediante esta postura também deverão assumir um
comportamento mais ativo, independente e autônomo .

Claro que não se trata de
um conto de fadas, há obstáculos institucionais e da própria formação do
professor para que o mesmo desenvolva a metodologia pluralista. Admite-se também
que a dinâmica escolar está sujeita a incontáveis interferências, além de
inserir-se em um contexto histórico, social e político. Não é somente um campo
de estudos psicológicos, pedagógicos e epistemológicos, é um campo político.

Não se quer com isso, portanto,
que o professor não assuma nenhuma metodologia e aja de maneira irracional,
instintiva e incontrolada, ou que almeje uma prática irrealizável na realidade.
A solução é que o professor escolha conscientemente seus pressupostos teóricos
e metodológicos, mas que estes não sejam engessados, sejam submetidos à
ponderações, reflexão e revisão contínuas.

Portanto, é possível
concluir que os autores defendem a não utilização de métodos rígidos, fechados
e limitados. Se o meio intelectual, metodológico e didático do professor for
rico, melhor será a aprendizagem que ele pode oferecer. Não se trata de
relativismo, ou de nunca ter regras ou parâmetros, mas sim de submetê-los a
constante revisão e reflexão.



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