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Distúrbios da Marcha na Doença de Parkinson
(Morris; Ward; Keus; Mimoso; Protas)

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Mesmo antes do diagnóstico da DP ser confirmado,
a maior parte das pessoas com a doença verifica que caminha de forma mais lenta
do que o normal e com passos mais curtos. Arrastam frequentemente os pés pelo
chão, e estão susceptíveis a tropeçar em obstáculos (MORRIS, 2006).Assim, a marcha em doentes de Parkinson é normalmente caracterizada
pelo reduzido comprimento e altura do passo, pela sua reduzida velocidade, e
pela reduzida rotação do tronco e balanço dos membros superiores. A frequência
de passos a uma determinada velocidade é também maior, comparativamente com
indivíduos saudáveis. De forma geral, com a evolução da doença, os parâmetros e
complicações da marcha tornam-se mais estereotipados, e existe dificuldade, por
parte dos doentes, em se adaptarem a novos ambientes. Ocorrem ainda episódios
de Freezing, que consistem em bloqueios
motores impossibilitando o movimento subitamente, quando os doentes de Parkinson pretendem iniciar a marcha,
quando atravessam locais estreitos, durante movimentos de rotação ou de mudança
de direcção, e quando realizam outras tarefas enquanto caminham (KEUS, et. al, 2004, citado por KNGF, 2004;
MORRIS, 2006). Outro fenómeno que acontece frequentemente é a retropulsão, ou
seja, o doente de Parkinson dá alguns
passos atrás antes de dar um passo em frente (MIMOSO, 2006).

A redução da velocidade da marcha e do
comprimento do passo tem tendência a ser mais acentuada na “fase off” do ciclo da levodopa, quando o
desequilíbrio do neurotransmissor nos gânglios da base é mais pronunciado. Outros
parâmetros da marcha, como a temporização do passo, são menos afectados pela DP
e respondem de forma menor à medicação (MORRIS, 2006).

Estudos do padrão de marcha
em doentes de Parkinson como os de Murray e Knutsson demonstraram uma redução e variação constante do
comprimento do passo. As articulações da anca e do joelho encontram-se
excessivamente flectidas. Num padrão de marcha normal, o corpo desacelera
quando o calcanhar toca no chão. Em doentes de Parkinson, a articulação tíbio-tarsica encontra-se em flexão
plantar, resultando num contacto do calcanhar com o chão reduzido e
consequentemente numa tendência para continuar o movimento. O comprimento do
passo reduzido é uma resposta adaptada apropriada à redução do contacto do
calcanhar com o chão, contudo outros autores defendem que se deve a um défice
primário. Considera-se como défice primário a redução de controlo da actividade
muscular necessária para cada fase da marcha, reflectindo assim uma deficiência
do sistema neuro-motor gerada pelos gânglios da base (WARD et al., 2004).

Os distúrbios da marcha
também variam mediante o ambiente em que o movimento decorre. Apesar dos
doentes de Parkinson serem capazes de
andar de forma relativamente rápida e confortável em espaços abertos ou
ambientes familiares, verifica-se que em novos ambientes ou espaços
congestionados a velocidade da marcha diminui. Isto deve-se à diminuição da
capacidade do núcleo caudado em processar estímulos multissensoriais e realizar
tarefas múltiplas. Modificar as metas ou a complexidade do movimento de marcha
pode ser difícil quando não existe tempo para utilizar as regiões intactas do
córtex frontal que permitem planear adaptações ao padrão de marcha. A
insuficiência dos gânglios da base também compromete a habilidade das pessoas alterarem
o comportamento motor. Por essa razão, pessoas com DP apresentam dificuldade em
passar de um ritmo lento para um ritmo elevado, em transitar de uma superfície
dura para uma macia, e em se desviarem de obstáculos (MORRIS 2006).

A alteração do padrão de
marcha em doentes de Parkinson está também
relacionada com a bradicinésia, uma vez que a diminuição da velocidade de
movimentos e a alteração do controlo motor levam à dificuldade em realizar
movimentos sequenciais (MIMOSO, 2006).

Vários estudos examinaram a
eficiência da utilização de estratégias de controlo motor em pacientes com DP. Stefaniwsky e Bilowit compararam 10 indivíduos com DP a 5 indivíduos saudáveis e
verificaram que o início do movimento em doentes de Parkinson era significativamente lento relativamente aos outros.
Após um programa de exercícios diário, utilizando estimulação sensorial de modo
a facilitar o início do movimento, com a duração de três semanas, os indivíduos
com DP demonstraram uma velocidade de iniciação do movimento comparável à dos
indivíduos saudáveis (PROTAS et al.,
2005).

Schenkman et al., verificou que a melhoria da
flexibilidade espinal se traduzia na melhoria do equilíbrio em indivíduos com
DP (PROTAS et al., 2005).

Outros estudos foram
publicados e demonstraram que indivíduos com comprometimento neurológico podem
melhorar a marcha através do treino de deambulação em treadmill, com ou sem peso de suporte corporal (PROTAS et al. 2005).

Factores
como a perda de balanço dos membros superiores, desordens no padrão de marcha,
necessidade de utilização de auxiliares de marcha e fenómenos de freezing são
determinantes na propensão de quedas em doentes de Parkinson (MIMOSO, 2006). Assim, é necessário trabalhar o padrão de
marcha em doentes de Parkinson no seu
todo, desde a mobilidade dos membros superiores e tronco, à mobilidade e
flexibilidade dos membros inferiores, ao equilíbrio, coordenação, e activação
muscular, de modo a restituir um padrão próximo do normal possibilitando uma
redução do número de quedas e consequentemente um aumento da qualidade de vida.



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