Resumo de O sonho no caroço de um abacate

Ler este livro, escrito por Moacyr Scliar e publicado pela
editora Global foi uma grata surpresa para mim.

O que me chamou a atenção para ele foram o título, as cores
fortes e a sinopse na quarta capa. Eu o comprei nas Casas André Luís. Eles
vendem tudo o que ganham e com o dinheiro mantêm um hospital para portadores de
necessidades especiais. Se bem me lembro devo ter pago uns três reais por ele.
Novinho, nem sei se foi lido pelo antigo dono ou a antiga dona.

Mais que o título e a beleza da capa,o que me fez decidir-me
por ele foi saber, pela leitura da sinopse, que ele abordava entre outras coisas
o preconceito. Como trabalho numa biblioteca e sendo este o mês da Consciência
Negra, procuro todo e qualquer texto que nos ajude a vencermos de uma vez por
todas essa doença que ataca o coração, a mente e os olhos de tantos, a do estranhamento e inaceitação do outro que é diferente. Já pensaram que gente linda nós
seríamos se fossêmos capazes de enxergar no outro um outro eu?

Eu acredito nessa possibilidade. E acredito no papel que o
livro e a leitura têm nessa transformação.

Antes do início da narrativa o escritor nos diz que utiliza
sim algumas de suas memórias ao escrever. Então fui lendo e me perguntando:
"Será que ele viveu isso ou é inventado?'

Achei encantador a parte em que ele descreve o encanto que
os seus antepassados tinham pelas frutas, tão abundantes em nossas terras
tropicais e raras na terra deles. Dividir uma laranja.... banana como
sobremesa. Sonhar em comer um abacate inteiro...

Identifiquei-me com Mardo, quando ele diz que seus pais
vieram no porão de um navio. Os meus antepassados também.

Por ser judeu, o protagonista sofre um bocado num colégio
católico. Acabei conhecendo um pouco mais dos judeus e das suas dores. Os pais
do Mardo fugiram para não serem mortos pelos alemães. Todo o restante da
família morreu num campo de concentração. Vi numa das exposições promovidas pelo Sesc que um
diplomata e sua secretária brasileiros omitiram nos vistos o fato de algumas
pessoas serem judias. Isso porque vários países se recusaram a receber judeus
fugidos da perseguição nazista. Fiquei me perguntando se os pais do Moacyr não
foram salvos por esses dois... Pode parecer ingenuidade, mas foi como
se eu estivesse lendo uma biografia do autor. E isso fez com que eu me
irmanasse a ele, compreendesse ainda mais a dor do garoto. Literatura boa é a
que nos toca, a que desperta o humano em nós. Não é preciso dizer que falarei desse livro
a meus estudantes.

Obrigada, Moacyr.

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