Reflexões sobre o brincar
(Sanny S. da Rosa)
É um livro pequenininho, escrito por Sanny S. da Rosa e
publicado pela editora Cortez, São Paulo, Brasil.
Peguei esse livro para ler na biblioteca da escola em que
leciono. É da coleção "Questões de nossa época". Eu procurava
obras que tratassem de jogos cooperativos - incomoda-me ver os jovens
duelando-se entre si, para verem quem é o melhor. Sei que no jogo simbólico as crianças costumam representar tudo o que veem o adulto fazendo. E como a televisão anda explicitando a violência que ocorre no Brasil e no mundo as crianças com que convivo, que pouco saem do bairro em que moram, acabam tendo pouca diversidade de modelos a serem explorados.Também procurava obras
que tratassem do brincar, porque percebo que meus colegas de profissão, na
tentativa de superar o mal-estar em sala de aula, levam jogos e brinquedos para
as aulas, ou negociam com a classe momentos que chamam de "livres" (
como se estudar fosse uma tortura, e talvez seja, se for nos moldes como o
ensino tem sido praticado).... Alunos meus já me pediram para irem à quadra...Acredito que o brincar é uma poderosa estratégia de aprendizagem, uma ferramenta que propicia momentos de promoção do conhecimento.Para as crianças principalmente, que se movem no mundo de modo lúdico. Mas, se estiver substituindo ou eliminando o estudo, desqualifica a razão
de ser da escola. Mas o que sabia eu sobre o assunto? Percebi que sabia muito
pouco sobre essa questão e para poder decidir melhor como proceder,
recorri ao acervo de livros da escola.
Fiquei surpresa com a leitura desse pequeno livrinho, pois
ele não trata do lúdico como eu esperava. Nele, a autora se detém na
concentração e no envolvimento emocional da criança quando ela brinca:
completamente mergulhada no seu fazer, ela aprende. Tal reflexão me
fez lembrar da facilidade e da rapidez com que as crianças e
os jovens aprendem a instalar e manipular videogames e computadores: não
são como os adultos, que fazem as coisas pensando noutras que ainda estão por
fazer, ou que nunca "estão em casa", pensando nos problemas reais ou
imaginários, ancorados no futuro ou no passado, nunca no presente.
Outra surpresa da leitura da obra é que a autora fundamenta-se nas
idéias de Winnicott, psicólogo infantil. Foi ele quem percebeu a capacidade de
imersão da criança em seu brincar. Por ser uma obra introdutória ao assunto, a
autora faz uma rápida explanação sobre o papel da mãe suficientemente boa, aquela
que assegura à criança um ambiente interno e externo seguro e apto
a possibilitar essa imersão.
A escritora procura traçar um paralelo entre a mãe
suficientemente boa e o professor suficientemente bom, aquele que planeja,
possibilita, acompanha, intervém produtivamente e respeita os passos do
estudante na produção do conhecimento.
Da leitura, ficaram em mim a introdução à
contribuição elaborada por Winnicott, de quem já tinha ouvido falar, mas
que pouco ou nada conhecia. Ficaram também a ressignificação do brincar (
concentração e envolvimento e não apenas prazer, passatempo) .Quem
mergulha numa tradução, numa pesquisa, na escrita de uma obra, num exercício
físico, na aprendizagem do cantar ou do tocar um instrumento está brincando,
está obtendo prazer, na medida em que aprende e se constata capaz de dominar um
saber fazer. E daí também vem o riso a alegria.
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