Resumo de Mensagem - Fernando Pessoa

A Mensagem é a única obra de Fernando Pessoa publicada em vida do autor, e consiste numa colectânea de poesias de índole épico-lírica de inspiração nacionalista e sebastianista, na qual o poeta enaltece os heróis e os feitos históricos que enobreceram a nação portuguesa, conferindo-lhes uma vertente simbólica e mítica, expressa num tom lírico, onde se vislumbra a subjectividade e emotividade do eu. A Mensagem obedece a uma estrutura tripartida, que corresponde ao ciclo histórico da pátria, que passa necessariamente pelo nascimento, vida e morte. A primeira parte - Brasão - constituída por 19 poemas, corresponde ao nascimento da nação, cujos fundadores lendários (desde Ulisses até D. Sebastião) se tornaram heróis míticos. Esta parte inicia-se com a expressão latina Bellum sine bello (guerra sem guerra). A segunda parte - Mar Português - é constituída por 12 poemas, corresponde à vida/realização da nação e é inspirada no período áureo da expansão marítima portuguesa. Esta parte inicia-se com a expressão latina Possessio maris (posse do mar). A última parte - O Encoberto - é constituída por 13 poemas, correspondendo à morte da nação, ao desalento dos ânimos, simbolizado pelo nevoeiro que ensombra Portugal. Esta parte é iniciada pela expressão latina Pax in Excelsis (paz nas alturas). Ao longo da Mensagem, Fernando Pessoa tira partido de vários elementos simbólicos, tais como: o brasão, que simboliza a nobreza imutável do passado;o mar, símbolo de vida e de morte; nascimento, transformação e renascimento;os campos, símbolo do Paraíso, onde os justos acedem depois da morte;o castelo, símbolo da segurança, protecção e transcendência;as quinas, os cinco escudos das armas de Portugal reenviam para as cinco chagas de Cristo, tendo dimensão espiritual;a coroa, símbolo da perfeição e do poder, bem como a promessa da imortalidade;o grifo, símbolo da força e sabedoria, poder terrestre e celeste;o padrão, símbolo do domínio e propagação da civilização cristã;o Mostrengo, símbolo dos medos, do desconhecido, dos perigos e obstáculos;entre vários outros. Na Mensagem, Fernando Pessoa apela à vinda de um Messias, figurado no mito sebastianista, que viria cumprir Portugal e, deste modo, concretizar o sonho de um Quinto Império de carácter espiritual e cultural. D. Sebastião é, pois, uma figura messiânica, agente da busca da realização de um sonho.

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