As aventuras de Tom Sawyer
(Mark Twain)
Vocês já leram
Tom Sawyer, de Mark Twain? Pois deveriam. É considerado um clássico porque suas
qualidades literárias não embotaram com o tempo. O autor americano, que viveu a
mais de 100 anos era um homem por natureza bem humorado. Escreveu para crianças
e jovens e usou muito do que tinha na memória, suas brincadeiras de criança,
para compor sua obra.
Não pretendo me
demorar sobre os aspectos ou motivos de sua obra, nem sobre fatos de sua vida.
Há uma infinidade de textos por aí que tratam desses assuntos, uma vez que o
autor tem presença obrigatória no currículo de letras (embora eu saiba que cada
vez mais, bem poucos leiam as obras). Os cursos de literatura tratam mais da
teoria da literatura do que da literatura em si. Uma lástima.
Do todo da obra
eu somente direi que possui mais de trinta capítulos (refiro-me ao texto
integral, não dos recontos que proliferam nas livrarias e escolas. Vi um
reconto com 18 capítulos, da Objetiva. Não tive coragem de lê-lo para saber
onde fora retalhado). Cada capítulo é uma obra de arte no tocante ao humor,
suspense, desfecho inesperado e leveza da linguagem. São curtos e saborosos. Se
você tem filhos, leia um capítulo por dia, antes de dormir. Ele ou ela irá se
identificar com o Tom: o primeiro amor, a dificuldade em aprender as lições na
escola, as escapadas com os amigos, as trapaças, o medo de Deus. Esse texto
rompe com o falso moralismo presente em muitos textos infantis. Leia.
Quero ir
mapeando neste texto alguns dos trechos que tratam do amor de Tom pela menina de
cabelos loiros e de olhos azuis. Isso porque vi no menino os mesmos
comportamentos de um homem adulto quando enamorado. Querem ver?
Comecemos pela
página 24 (estou com um exemplar em capa dura vermelha, lindo, publicado pela
Nova Cultural, em parceria com a Suzano Celulose) Ao passar pela casa do juiz, ele
vê uma menina de olhos azuis que ainda não conhece. Ela tem os cabelos loiros
arrumados em duas tranças, veste um vestido branco e calças bordadas. Ao vê-la
ele paralisa e sente se apagar dentro de si a imagem da menina que até então
ele julgara gostar.
Sei por
experiência que nós mulheres não precisamos nos pavonear, usar roupas
provocantes ou sair à caça para atrair quem nos ama. Há um mistério nisso que
eles e nós sentimos quando encontramos ‘aquela’ pessoa. É algo imediato, não
planejado. Há por vezes muito em comum entre eles e nós.
Ao sentir-se fisgado pela menina ele para e
passa a observá-la. Quando ela o nota, ele começa a se exibir para ela.
Na verdade,
quem, tem necessidade de se exibir é o homem. Ele precisa sentir-se em destaque
em relação aos outros homens. Precisa conquistar. É algo instintivo, na
Natureza há uma infinidade de machos que se exibem ou lutam com outro macho
para merecer a fêmea.
Nós sabemos lá
no íntimo se somos amadas por eles. É o jeito como nos olham. Uns se tornam
protetores, outros verdadeiros meninos, sempre brincado, rindo, sorrindo. É que
o amor desperta neles o menino adormecido. Quanto mais jovem, maior a
probabilidade desse comportamento. Ou se já bem velhinhos. Há casos, porém, em
que, por estarem feridos ou magoados se tornam amargos ou recolhidos. Há os que
deixam a amada escapar porque não souberam ver nela a possibilidade de algo
diferente do que experienciaram até então. Tendem a generalizar. Como nós.
Os entre 40 e 50
se chegam nessa idade solteiros ou separados, tornam-se desconfiados. Ou se
relacionam sem compromisso.
É claro, há mulheres que permanecem numa
relação por outros motivos que não o amor - que nos torna muito vulneráveis,
afinal, dependendo do comportamento do outro, nossos dias podem ser pura luz ou
imensa treva.
A companhia, a amizade, a segurança financeira
e um coração partido podem ser motivos para o envolvimento numa relação sem
amor.
O amor é algo que permanece antes, durante e
depois do sexo. O amor faz com que você pense na pessoa querida todos os dias.
Se amando, você mais ama que odeia.
Mas
que fiquemos sabendo: se numa relação sem amor, ela cruzar o caminho dele, ou
um outro ele cruzar o nosso caminho... A confusão estará feita.
Continuemos com o nosso Tom:
“ ...Mas, no meio de um difícil e perigoso
exercício de ginástica, olhou de revés e viu que a menina ia a caminho de casa.
Aproximou-se da cerca e encostou-se muito triste, na esperança de que ela
parasse ainda um pouco. A menina se deteve na escada e depois encaminhou-se
para a porta, mas quando a viu já na entrada, Tom suspirou. Logo em seguida o
seu rosto se iluminou porque, antes de entrar, a menina atirou-lhe um amor
perfeito.” p.25
Se não damos
importância a seus esforços, eles passam a nos odiar, porque muito ressentidos. O
homem sofre mais de amor que a mulher. Isso porque a gente enche os ouvidos das amigas, ou as folhas da agenda enquanto que eles não são muito de se abrir.
A menina foi
esperta. Ela não avançou sobre ele. Mas retribuiu seu afeto com um pequeno gesto, um pequeno objeto, que ele recolheu e levou consigo. Os rapazes, se enamorados costumam
guardar um objeto da amada; é como se o objeto a encarnasse, evocasse a
presença dela.
Um amor assim,
puro e delicado não é algo que só exista na página impressa ou nos filmes. Ele
é real. E precisamos acreditar que ele acontecerá em nossas vidas.Há muito mais do amor desses dois nas páginas de Tom Sawyer. Eu os convido a ler, porque meu número de palavras está se expirando. Boa leitura.
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