Resumo de Sociedade de Autores Desconhecidos

Jason
Augusto Santino nasceu e viveu num recôndito sitio na Serra do Cipó – Minas
Gerais. Após a morte dos pais, quando acabara de completar 18 anos, resolveu
sair à procura de uma tia, ultima parente viva, usando como referencia uma
carta amarelada que achara entre os pertences do pai.

O
pequeno sitio da família, que era sua herança, havia sido desapropriado sem
direito à indenização, por um projeto do governo do Estado, em favor do parque
Nacional da Serra do Cipó.

Os
títulos de propriedade naquelas condições não seriam mais reconhecidos pelo
governo, e só restava a Jason sair à procura de seu destino.

Levava
também com ele, um antigo sonho que acalentava desde criança: escrever e
publicar um livro.

Chegando
a pequena cidade no sul de minas, chamada Santa Rita do Rio Açu, onde
supostamente a sua tia Maria morava, não a encontrou, mas teve noticias de sua
passagem, através de um antigo vizinho dela.

As
revelações que este vizinho fez foram terríveis e Jason se viu por breve
momento sem chão, até que o referido ex-vizinho, na verdade um antigo e
aposentado escritor de contos policiais lhe fez uma proposta.

Jason
passaria a ser as mãos dele na escrita de novos contos, já que sofria de um
forte reumatismo que o impedia de escrever.

Os
contos voltaram à mídia com muito sucesso, sob a assinatura de Ary Vilela, e com
a surpresa do retorno deste antigo escritor de Best-seller, que muitos davam
como morto.

Tendo
ficado neste trabalho por dois anos, resolveu que era hora de partir em busca
de seu grande sonho, e tendo sido bem recompensado pelo escritor se mudou para
uma cidade vizinha, seduzido pelo convite de uma bela garota que conheceu,
quando da chegada em Santa
Rita.

Chegando
a Itajacuí começou a fazer um curso de letras e a trabalhar como lixeiro na prefeitura
da cidade.

As
tentativas de publicar seu livro fracassaram, mas seu emprego de lixeiro
começou a lhe render muitos livros, achados em lixos e doados pelos colegas.

Seu
estilo amadurecia e seu sonho ficava cada vez mais obsessivo. Mudou-se para
outra cidade chamada Mescelandia, onde segundo informações de colegas a cultura
florescia com mais vigor.

Retomou
seu curso de letras e conseguiu com o reitor, um emprego como organizador e
recuperador de livros na biblioteca da faculdade.

Jason
passava suas horas de folga na biblioteca, e começou a apresentar um
comportamento estranho, supostamente travando diálogos com autores já
falecidos, até que foi demitido para que, segundo o reitor, tratasse daqueles
distúrbios.

Na
sua busca por editoras que lhe dessem guarida foi se afastando cada vez mais
para a periferia da cidade, tendo chegado finalmente numa gráfica chamada
“Urgente”.

Um
velho gráfico o atendeu e lhe propôs publicar dez exemplares do seu livro em
troca de algumas tarefas.

Após
relutar por um instante, Jason aceitou a proposta do velho (que opção tinha?),
e tendo recebido os dez exemplares se lançou às tarefas propostas que eram
três. As duas primeiras foram-lhe reveladas e a ultima seria uma surpresa.

Jason
ouviu de um antigo autor que entrevistava, como parte da segunda tarefa, um
comentário que lhe pareceu muito estranho. Segundo este autor, ele publicara
seu livro em edição limitada em uma gráfica chamada “Urgente”, que pegou a fogo
muitos anos atrás.

Enquanto
caminhava pelos corredores de uma imensa biblioteca que o velho gráfico lhe
mostrava, e que ele deveria limpar como a terceira tarefa, ao virar uma prateleira
cheia de fuligem preta, Jason perdeu contato visual com o velho, e se referiu
ao comentário de que a gráfica pegara fogo anos antes.

O
velho não lhe respondeu. Voltando atrás, não conseguiu mais encontrá-lo e a
biblioteca se transformara num imenso labirinto quem o engolia. Perdeu os
sentidos. Acordou na manha seguinte na pensão em que morava, achando que tivera
um pesadelo.

A
dona da pensão lhe perguntou se ele tomara alguma droga, já chegara à pensão na
noite anterior completamente fora de si.

Jason
disse que devia voltar à gráfica Urgente. Seus livros haviam ficado lá. Ouviu
então que enlouquecera de vez, já que a gráfica Urgente não mais existia,
pegara fogo anos atrás.

Jason
pôs-se a correr em direção a gráfica, e encontrou um prédio abandonado, com
aparência de ter sofrido um grande incêndio no passado.

Pensou
que estava realmente louco, e procurou por uma abertura que lhe deu acesso ao
interior do prédio.

La
dentro só montanhas de livros queimados. Vasculhando o entulho começou a
encontrar paginas que se salvaram do fogo, e juntou algumas num saco de
plástico.

Naquela
noite ao dormir na pensão, teve um sono povoado de sonhos estranhos, e quando
acordou, viu ao lado da velha maquina de escrever, paginas de contos inéditos em
estilos estranhos ao seu.

Aquelas
páginas, salvas do incêndio começaram, a o inspirar, durante o sono, em escritas
de estilos diferentes e parecidas com de autores já falecidos.

Jason
se mudou para o prédio abandonado, e começou a escrever livros e mais livros,
que formavam uma biblioteca escrita a mão, como se aqueles autores dessem
através dele um ultimo suspiro.

O
entulho diminua, já que as paginas semi-queimadas, ao dar vida a novo livro,
perdiam sua força de inspiração.

Uma
nota de rodapé de um pequeno jornal do interior, dando conta de que um lixeiro
de Mescelandia estava construindo uma biblioteca à mão, no antigo prédio da
gráfica “Urgente”, chamou a atenção de um jovem jornalista e editor da capital,
que resolveu viajar e verificar a história.

Sergio
Noronha tinha um motivo pessoal para esta investigação, e ao se encontrar com
Jason, surpreendentes revelações vieram à tona.

Jason
propôs a Sergio um negocio. Teria que fazer algumas tarefas para ele, e em
troca receberia uma biblioteca completa escrita a mão, com contos inéditos de
autores de renome do passado e já falecidos.

Sergio
viu que estava diante de uma encruzilhada importante de sua vida, e que suas
investigações tomavam um rumo tão inesperado quanto inusitado.

João
Drummond

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