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Quando Nietzsche chorou
(Irvin Yalom)

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A receita do doutor Irvin D. Yalom funciona. Pelo menos nos dois romances biográficos que
escreveu: Quando Nietzsche chorou e A cura de Shopenhauer, ambos alcançaram
ampla vendagem. São livros que funcionam por várias razões: a proposta de
apresentar ao público dois filósofos cujas obras, de inegável valor pelo
questionamento agudo do pensamento e dos modos de ser da sociedade da época em
que viveram, são pouco lidos e conhecidos pelo público leigo.

Outro motivo é o caráter terapêutico dos textos: em ambas as narrativas,
na primeira o próprio Nietzsche e na segunda um especialista em Shopenhauer,
passam por um processo de cura pelo diálogo. Ao longo das narrativas vamos
conhecendo a intimidade, as fragilidades, as características do pensamento de
cada um, os problemas com a família, a vida solitária, as polêmicas suscitadas
pelas suas obras e posicionamentos.

A escrita de ambos é boa, mas a do primeiro é apaixonante, enreda o
leitor até as últimas páginas. O doutor Irvin conta com uma equipe de
pesquisadores que o auxilia na escritura de seus livros, pesquisadores,
estudantes, especialistas. Em quando Nietzsche chorou, ele apresenta uma ampla
lista de colaboradores. É interessante a escolha dos pacientes tratados nos
livros. Em Quando
Nietzsche... não é o filósofo, mas a única mulher com quem ele cogitou estabelecer um
relacionamento que procura o doutor Bauer, um dos pais da psicanálise, para
pedir-lhe que trate de Nietzsche, a fim de curá-lo de uma depressão suicida. A
principio o médico reluta, mas acaba convencido, um pouco pela beleza da
mulher, outro tanto pela singularidade do paciente.

É claro que Nietzsche se recusa a tratar-se, embora já tivesse passado
por vários tratamentos. Suas justificativas fazem supor que ele tivesse acabado
por aceitar sua condição de homem solitário, sábio, doente e pobre. Essa
aceitação não é em nada a de um fraco, é a capacidade de se ver em plenitude,
naquilo que o distingue entre os demais e naquilo que o nivela.

A incapacidade de relacionar-se, a hostilidade com que os acadêmicos e pensadores
receberam as obras de Nietzsche e de Shopenhauer causaram neles profundas
feridas. O primeiro chegou a ter crises de enxaqueca e apatia, que o abatiam
por dias.

Quando Nietzsche chorou é recheado de diálogos entre o doutor Bauer e o
filósofo, entre o doutor e Freud. São conversas de uma riqueza filosófica e ao
mesmo tempo de uma fluidez e adequação (porque tratam das mesmas questões do
homem comum: as escolhas, o amor, as ambições, a ética) que tornam o livro
imprescindível para qualquer leitor.

Outro mérito do livro é a tese de que o terapeuta também se cura quando
trata. Ele também tem seus demônios e como qualquer outro mortal precisa da
relação com o outro para exorcizá-los. O terapeuta não está acima do paciente porque também
humano, aquilo que o distingue dos demais, o conhecimento acumulado não lhe é
suficiente para autocurar-se. O que se tem então é a troca: esse outro que o
terapeuta auxilia a curar-se é espelho e referência com que o curador se vê. Se
todos os terapeutas comungam com essa tese é algo a se saber Mas é com certeza
uma das que o Doutor Irvin Yalom acalenta. E que compartilha com seus leitores. Há uma série na tevê paga chamada Em terapia, na qual vemos como é árduo o ofício
do terapeuta, sempre às voltas com as mais densas doenças da mente e da emoção,
dele e de seus pacientes. Após cada episódio é impossível não suspirar por ele
e pelos seus pacientes. Terá sido a criação dessa série influenciada pelo
sucesso dos livros do doutor Irvin Yalom? É quase certo que sim.



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