Poder sem Limites
(Heitor Romero)
Direção:
Josh Trank
Roteiro:
Josh Trank, Max Landis
Elenco:
Dane DeHaan, Alex Russell, Michael B. Jordan, Michael Kelly, Ashley Hinshaw, Bo
Petersen, Anna Wood
As
escolhas narrativas deste filme podem parecer batidas, mas na prática o
resultado é outro. Primeiramente, é filmado no formato popularizado por A Bruxa de Blair (1999), onde os
atores manuseiam as câmeras, resultando na trepidação das imagens,
enquadramentos desfocados e ar de produção independente e barata. É um formato
que, com o tempo foi ficando tão desgastado, que atualmente seria difícil
alguém usá-lo com algum propósito eficiente e fora do gênero de terror. Mas neste
caso, essa escolha é a grande sacada de toda a produção.
Andrew
é um garoto impopular e problemático, que compra uma câmera para filmar seu dia
a dia. Sua vida monótona ganha novos ares quando, junto com dois colegas de
escola, acaba se aventurando dentro de
uma misteriosa cratera aberta no chão de um vasto campo. O acontece dentro desse
lugar ele não sabe, já que não se lembra de nada ao acordar no dia seguinte em
sua casa. O curioso é que depois deste fato, Andrew e os outros dois garotos
passam a desenvolver poderes tele cinéticos (podendo movimentar objetos apenas
com a força do pensamento).
Duas
situações se desenrolam desse ponto de partida. A primeira, mais leve e cômica,
apresenta a adaptação dos garotos com seus novos poderes, que usam e abusam
para se divertir (levantando saias de garotas, atacando objetos gigantes uns
nos outros, assustando criancinhas etc.). Ao contrário dos filmes de
super-heróis, os personagens de Poder Sem Limites não desenvolvem subitamente
um patriotismo descabido e um senso de dever para com a sociedade que os motiva
a combater o crime. Eles fazem exatamente o que qualquer adolescente faria
nessa mesma situação – aproveitam e tiram o máximo de vantagens possíveis. E é
dessa inconseqüente atitude de abusar do novo dom, que os rumos da história
passam a mudar. Nessa situação, tudo vai ganhando um ar mais sério e violento,
quando os garotos se descontrolam e começam a apresentar um sério perigo às
pessoas.
Neste
momento, a escolha do formato de câmera na mão tomada pelo diretor ganha um
sentido. Agora que os protagonistas têm o poder de mover objetos com a mente,
não é mais preciso ficar carregando a câmera de Andrew para lá e para cá – ela
simplesmente ganha vida própria sob a influência dos poderes de seu dono. A
partir daí os enquadramentos ganham maior enfoque, os ângulos de filmagem se
tornam ilimitados e, de repente, podemos acompanhar todo o desenrolar da
história através de pontos de vista indescritíveis, mostrando assim a
capacidade do diretor em aproveitar e inovar ao máximo essa técnica que já
havia perdido a graça há tanto tempo. No fim das contas, é uma escolha que não
apenas enriquece o filme, mas também um recurso essencial para que a história
atinja seu ponto máximo.
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