O MUNDO EM 2050
(THIAGO CORDEIRO)
O
MUNDO EM 2050
Em
2050, o número de pessoas com mais de 65 anos nos atuais países desenvolvidos
será igual ao de trabalhadores, segundo a Organização para Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE). E, para que a Previdência não entre em
colapso, a idade média para se aposentar vai subir para a casa dos 85 anos. Mas
essa notícia não deveria assustá-lo tanto. Quando essa pessoa se aposentar em
2050, sua saúde será incrivelmente superior à dos velhinhos de hoje.
Injeções periódicas de células-tronco vão melhorar a manutenção das células do
corpo e reduzir o número de doenças a que o organismo desgastado está sujeito.
Isso para não falar nos nanorrobôs, que prometem, por exemplo, desobstruir
artérias (o que reduziria a incidência de derrames) e atacar micro-organismos
patogênicos.
Embora a natalidade também vá diminuir muito, não será o suficiente para evitar
que o mundo alcance 9 bilhões de habitantes - a enorme maioria deles nos atuais
países em desenvolvimento. A Índia chegará a 1,6 bilhão - a maior população do
mundo - e a Nigéria terá ultrapassado o Brasil já em 2030, enquanto a Itália e
a Alemanha terão menos e menos gente. Só que a população não vai simplesmente
crescer e envelhecer: ela vai também ser mais urbana.
Com 70% da humanidade nas cidades, teremos mega-conurbações , como os eixos
Pequim-Seul-Pyongyang-Tóquio, com mais de 200 milhões de pessoas, e os 1 400
quilômetros que unem Délhi a Mumbai. Os mapas de metrô parecerão pratos de
macarrão de tantas linhas, e até os EUA, hoje tão dependentes do carro, terão
adotado trens-bala. Isso não matará o automóvel, mas metade da frota mundial
será elétrica ou a hidrogênio.
Para sustentar essa massa que insiste em não morrer e que vive cada vez mais
longe do campo será necessário muita água, energia e comida. A água será bem
mais cara, e seu uso, sacralizado: a descarga será considerado um absurdo do
passado conforme privadas secas virarem regra. Além de os dejetos humanos serem
reutilizados para produzir energia e fertilizantes em vez de poluir, novas
tecnologias de dessalinização transformarão o oceano em fonte de água potável a
um preço mais razoável.
O mundo consumirá o dobro de energia que hoje, mas ela será muito mais limpa. A
previsão mais otimista da Agência Internacional de Energia é a de que 46% dela
venham de combustíveis fósseis, e o consumo de petróleo caia 27% em relação aos
níveis de 2007. Isso porque muitas fontes alternativas vão ficar comercialmente
viáveis.
Para produzir grãos suficientes para alimentar tanta gente sem avançar nas
áreas de floresta, a produtividade por hectare também crescerá enormemente, e
nisso o Brasil promete assumir a ponta tecnológica: técnicas desenvolvidas pela
Embrapa no cerrado brasileiro serão exportadas para as savanas africanas, que
não apenas alimentarão sua população mas também exportarão para a Ásia.
Mas, para verduras e legumes, o bacana vai ser produzi-los em hortas caseiras.
Já os restaurantes-laboratórios vão criar não apenas pratos mas também seus
próprios vegetais geneticamente modificados (que tal um híbrido de alface com
brócolis?). O vegetarianismo continuará por motivos de gosto ou religião, mas a
criação da carne in vitro com células embrionárias de boi, frango, porco e de
animais mais exóticos encontrará um mercado promissor entre os que se chocam
com o sofrimento de animais. Parece exagero? Não é: desde 2007 uma aliança
internacional de cientistas pesquisa a produção de carne in vitro em escala
industrial.
Filmes, livros e música irão para as mesmas telas onde trabalharemos - esqueça
a diferenciação entre computador, TV, telefone... Para viajar, vai ser possível
escolher um país do outro lado do mundo ou hotéis no espaço, embora ainda
caros. Jogos serão transmitidos holograficamente, com a possibilidade de mandar
mensagens para os atletas nos intervalos (só para pessoas autorizadas...), e
atletas terão carreira mais longa (a medicina vai consertar joelhos com muito
mais facilidade), roupas perfeitamente adaptadas ao organismo e arbitragem
recorrendo a equipamentos eletrônicos (isso quando o juiz não for robô). Enfim,
temos pela frente um admirável mundo novo a http://super.abril.com.br/tecnologia/mundo-2 050-625230.shtml
AUTOR:THIAGO CORDEIRO
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