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Baden Powell de Aquino
(Natália Pesciotta)

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Baden Powell de Aquinopor Natália Pesciotta O País num violão Desde menino, ele impressionava gente graúda como Pixinguinha. Nem por isso deixou de estudar violão um dia sequer na vida. Um dos principais parceiros de Vinicius de Moraes, é reverenciado entre os maiores violonistas do mundo. Soube traduzir como ninguém as referências brasileiras para um novo sotaque de seu instrumento.Ele só divide o milhão e meio de resultados para o seu nome no Google – muito desigualmente, ganhando por incrível vantagem – com um general britânico. Em 6 de agosto de 1937, quando nasceu na pequena Varre-e-Sai, Rio de Janeiro, o pai escolheu o nome do fundador do escotismo, sua paixão, para nomear o garoto.Além de escoteiro e sapateiro, seu Tic também tocava violão. Baden cresceu no bairro carioca de São Cristóvão, acostumado com sambadas e saraus, batucando ritmos em mesas ou armários. Quando Tic descobriu que o filho escondia um violão embaixo da cama, aos oito anos, resolveu ensinar-lhe o que sabia. O menino logo esgotou os conhecimentos do pai e passou a outros professores.Na casa do músico Meira, além das aulas, participava de rodas com gigantes como Pixinguinha. Um dia, Baden não tinha nem 10 anos, o professor o levou para um programa de calouros na Rádio Nacional. Quando chegou na emissora, menino franzino, carregando aquele instrumento enorme para seu tamanho, ninguém deu muita confiança. Bastou começar a dedilhar, no entanto, para mostrar que, mais um pouco, o violão faria parte de seu corpo. Metade Passados quatro anos, Meira não tinha mais o que ensinar ao garoto prodígio. Baden era profissional, tocando na noite. Com seu charme, timidez e esperteza, formou-se no colégio paparicado pelas professoras, apesar de bastante ausente nas aulas. Integrou a orquestra da rádio onde um dia foi calouro. Era o violonista preferido do maestro Guerra-Peixe. Tinha um duo com o sanfonista Sivuca e era disputado por artistas como Elizeth Cardoso, Alaíde Costa, Cyro Monteiro.Apresentando Baden Powell e Seu Violão, de 1959, registrou pela primeira vez em disco solo seu toque vigoroso, com som forte e delicado ao mesmo tempo, tão peculiar e vibrante. “O violão é minha metade”, já podia afirmar. Toquinho, outro excepcional violonista, costuma dizer que a mão direita de Baden tocava por duas, tamanha leveza e agilidade – talvez nem saiba que o amigo era canhoto.Baden estudava horas com um peso amarrado no pulso. Mesmo quando já era um dos maiores, nunca deixou de trabalhar a técnica oito horas seguidas, todos os dias, sem falar nas apresentações e gravações. Tudo aliado à vida noturna. Naquele tempo, a bebida era apenas decorrência da boemia. Só no fim da vida, no fim dos anos 1990, tornou-se um problema, ao lado da depressão. Quando morreu, em 2000, havia se convertido a uma religião evangélica. A bênção, Baden Powell “Não há acorde mais brasileiro do que o de Baden Powell”, defende o diretor musical Fernando Faro. A mistura única de influências afro-brasileiras e regionais tinha raízes no avô, pai de Tic. Vicente Thomaz de Aquino regia uma banda de escravos que cantavam sua cultura. Além da herança, Baden dominava tanto valsas quanto sambas e choros. Quebrava barreiras entre erudito e popular. Vinicius de Moraes achava que o Samba em Prelúdio, melodia do amigo que ele letrou, era “o clássico que Chopin esqueceu de fazer”.A dupla do Poetinha com o “parceiro novo, amigo novo”, a quem Vinicius reverencia antes de cantar Samba da Bênção, foi uma das mais importantes da nossa música. Além dos dois sambas citados, rendeu pérolas como Berimbau e Canto de Ossanha, coroadas no álbum Afrosambas, de 1966. A parceria começou com três meses de trabalho intenso na casa do poeta, tudo regado a garrafas e mais garrafas de uísque.Baden tinha 20 e poucos anos, Vinicius passava dos 40. Décadas depois, o violonista faria o papel do amigo ao iniciar na boemia e composição o menino Paulo César Pinheiro. Outra grande parceria, da qual resultou Lapinha, Vou Deitar e Rolar, Samba do Perdão. Uma escola sozinho No dia em que Vinicius completaria 80 anos, em 1993, fez-se um show grandioso na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Baden, na plateia, pediu aos organizadores a gentileza de não o chamarem ao palco. Quando seu nome foi anunciado, o público veio abaixo em aplausos. “Como é que, com um público desses, não me chamam pra tocar?”, provocou a um colega no final. Baden gostava de festa e reconhecimento, mas não era do tipo que se deslumbrava com o sucesso. No mesmo ano do lançamento do Afrosambas, recebeu telegrama do saxofonista Stan Getz: “Venha imediatamente para tocar quinta-feira na Casa Branca para o presidente Johnson”. Respondeu: “Impossível, tenho show com Elis Regina no Zum-Zum”. Nessa época, já tinha grande prestígio na Europa. Depois de uma apresentação na qual teve que voltar ao palco oito vezes em Paris, nos anos 1960, passou a morar na capital francesa, onde nasceram seus dois filhos, Philippe e Marcel, também músicos.Além da expressão que conquistou no repertório brasileiro, o menino de Varre-e-Sai entrou para o rol dos violonistas mais importantes de todos os tempos, em todo o mundo. “É uma escola que começa e acaba nele”, declara o bandolinista Hamilton de Holanda, discípulo, como tantos outros jovens instrumentistas do País, da sensibilidade e do talento de Baden Powell.



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