BUSCA

Links Patrocinados



Buscar por Título
   A | B | C | D | E | F | G | H | I | J | K | L | M | N | O | P | Q | R | S | T | U | V | W | X | Y | Z


Pery Ribeiro uma magnífica pessoa e extraordinário Cantor Brasileiro.
(Regis Tadeu)

Publicidade
A morte de Pery Ribeiro expõe – mais uma vez! – a falta de memória brasileiraPor Regis TadeuQuando soube da morte de Pery Ribeiro, lamentei profundamente não apenas a perda de um excepcional cantor da música brasileira em todos os tempos. Fiquei entristecido porque, mais uma vez, as pessoas aqui no Brasil deixaram explícita uma de suas mais marcantes características: a falta de memória.Em qualquer outro país civilizado, Pery ainda estaria fazendo turnês, mesmo que endereçadas somente a um público mais velho, repleto de memórias afetivas de um dos períodos mais bacanas da música nacional, que rolou nas décadas de 60 e 70. Não teria terminado seus dias no leito de um hospital público, deprimido, derrubado pela tristeza de não ter o direito e o prazer de mostrar sua música para fãs fiéis, mas em número insuficiente para sensibilizar produtores de espetáculos cada vez mais gananciosos.O que se viu em grande parte da imprensa e nas ruas foi uma indiferença quase criminosa. Nada além de textos curtos, retirados de releases previamente escritos. Não houve qualquer tipo de comoção. Nada. Para a importância de uma figura histórica para a música brasileira, foi como um tapa na cara da (pouca) memória nacional.Seu nome verdadeiro era Pery Oliveira Martins. Desde pequeno, já dava para sacar que ele seria artista — começou a carreira aos três anos de idade, em 1940, fazendo a dublagem do anão Dengoso do clássico filme/desenho Branca de Neve, de Walt Disney, no qual sua mãe — a maravilhosa cantora Dalva de Oliveira — fazia a dublagem da personagem principal. Se no ano seguinte chegou a se apresentar no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, aos cinco anos fez uma ponta em It's All True, o tal filme inacabado que Orson Welles veio filmar no Brasil.Mas foi apenas em 1959 que começou sua carreira como cantor. Depois de ter cantado no programa de Paulo Gracindo na Rádio Nacional, aceitou a sugestão do radialista/produtor César de Alencar e colocou em si mesmo o nome artístico de Pery Ribeiro. Com um pequeno empurrão da mãe famosa, que gravou uma de suas primeiras composições, "Não Devo Insistir", a carreira de Pery começou a deslanchar.Depois de lançar alguns discos em 78 rpm com as posteriormente clássicas "Manhã de Carnaval" e "Samba de Orfeu", ambas compostas pelo extraordinário violonista Luiz Bonfá e pelo famoso Antônio Maria, e de soltar um LP - Pery Ribeiro e Seu Mundo de Canções Românticas -, foi então que, por obra do destino ou sabe-se lá por que, em 1963 foi dada a ele a oportunidade de gravar uma canção composta pela dupla Tom Jobim & Vinicius de Moraes. Sim, foi isto mesmo: é a voz de Pery que se ouve na primeira gravação de "Garota de Ipanema", incluída no disco Pery é Todo Bossa. A partir daquele momento, Pery virou o maioral, tendo imprimido sua voz romântica a uma série de belíssimas composições de um gênero que misturava o samba e o jazz: a bossa nova. Depois de passar grande parte dos anos 60 inteira gravando discos bacanas, dando a devida força a compositores então iniciantes, como Baden Powell, Ronaldo Bôscoli, Gianfrancesco Guarnieri, Eumir Deodato e Carlos Lyra, e até mesmo gravando músicas de seu pai, Herivelto Martins, Pery aproveitou o convite de Sérgio Mendes e se mandou para os Estados Unidos. Junto com o genial pianista/arranjador, tratou de fazer extensas turnês por aquele país com o grupo Bossa Rio, ao lado de Gracinha Leporace, Osmar Milito, Manfredo Fest e vários outros músicos brasileiros radicados por lá. Quando voltou ao Brasil no início dos anos 70, continuou lançando discos interessantes e gravando composições de gente talentosa como Taiguara, os irmãos Marcos e Paulo Sergio Valle, Gonzaguinha, João Bosco, Aldir Blanc, Toninho Horta, Francis Hime, Paulo César Pinheiro e até mesmo de Ivan Lins e Raul Seixas.Mas dos anos 80 em diante, Pery viu o cenário artístico diminuindo drasticamente para um artista como ele. Embora estivesse sempre envolvido com espetáculos musicais com resultados irregulares - chegando até a apresentar shows naqueles ridículos cruzeiros marítimos -, passou também a gravar discos insípidos e regurgitando clássicos da bossa nova em arranjos paupérrimos e cafoníssimos ao lado de gente como o grupo Roupa Nova e a dupla Christian & Ralf, com quem, aliás, ajudou a assassinar um clássico de seu pai, "Ave Maria no Morro".Quem quiser saber mais a respeito deste extraordinário cantor, sugiro uma lida atenta ao livro Minhas Duas Estrelas, no qual conta a sua vida no meio das confusões provocadas pelo turbulento casamento de seus pais. E, claro, uma bela ouvida em discos como Gemini V - Show na Boate Porão 73, ao lado da ótima cantora Leny Andrade e o sensacional grupo Bossa Três, com quem gravou também o excelente LP Encontro em 1967.Tenho certeza que o espírito de Pery vai ficar feliz caso você, ao ler este texto, se sinta tentado a conhecer o trabalho que ele elaborou enquanto esteve vivo. E se isto realmente acontecer, vai ser bom para todo mundo...



Resumos Relacionados


- Luiz Bonfá: Compositor & Violonista (luiz Floriano Bonfá).

- Art Pepper - Desafinado

- 80 Anos De João Gilberto

- 80 Anos De João Gilberto

- Bossa Nova -joÃo Gilberto - Tom Jobim - VinÍcius De Moraes



Passei.com.br | Biografias

FACEBOOK


PUBLICIDADE




encyclopedia