Meia-noite em Paris
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No meio acadêmico da-se muita importância à leitura, propaga-se a necessidade da promoção de muitos e diversos momentos de leitura, dos mais diferentes gêneros e que essas leituras sejam o mais próximas possível das práticas sociais ( quem lê um jornal o faz porque busca uma determinada informação ou porque quer manter-se informado; quem lê uma bula de remédio o faz para ter certeza de que o mesmo lhe é indicado. ) Nesta perspectiva, as leituras nos espaços de ensino devem partir sempre de uma necessidade real dos educandos.Mas, é fácil comprovar, a decodificação do texto ou seja, o inteligir das palavras não é suficiente para a compreensão dele. A capacidade leitora não pode prescindir, é verdade, do conhecimento da estrutura do texto, por parte de quem lê, mas tão ou mais importante que os aspectos linguísticos são os esquemas de conhecimento ou as experiências que o leitor já viveu.Como exemplo, pode-se citar o filme Meia-noite em Paris. Para os que nunca foram a essa cidade ou que pouco dela sabem pode parecer desproposital ou desnecessário as primeiras cenas do filme, que mostram a cidade em seus marcos turísticos - a torre Eiffel, o Rio Sena, o Louvre, os cafés, as estações de metrô- em diversos momentos do dia e condições de tempo. Quando a ação começa a ocorrer é lenta e sutil, há no protagonista uma semelhança bastante expressiva com Wood Allen, ele é inseguro, sensível, confuso e está em crise: não quer mais escrever roteiros de filmes comerciais, quer se tronar escritor. Paris é sua paixão, quer estar ali porque noutros tempos outros grandes artistas estiveram nela para construírem suas obras monumentais.Numa noite, ao badalar da zero hora, ele é conduzido ao tempo e lugar em que os artistas que admira estão vivendo em Paris, artistas como Picasso, Dali, Remingway, George Sand, Scott Fitsgerald dentre outros. Quem já esteve na Cidade Luz ou que tenha admirado os quadros dos pintores que ali desfilaram, ou tenha lido ao menos uma das obras dos escritores tão bem caracterizados no longa, não deixa de mergulhar no mesmo estado de encantamento que o protagonista do filme. Então bebe-se das palavras tão cheias de força e de verdade que são proferidas pelo autor de Adeus às armas. Então ri-se maravilhado das loucuras ditas por Dali ou da indignação de Picasso ao ser abandonado pela amante. Então tenta-se acompanhar nas cenas anteriores, a discussão entre os intelectuais sobre as características de um quadro recém -pintado por Picasso. Que leitura deste filme, movida por quais experiências, um jovem pouco íntimo destes personagens fará deste filme? Com certeza não tão profunda quanto poderia, se tivesse participado de conversas com pessoas mais experientes que fossem lhe apresentando sua herança cultural. Por isso, penso que se deva não apenas apresentar os livros aos jovens, mas também proporcionar-lhes momentos de compartilhamento desses saberes, seja oral, seja visual, para que, quando se detiverem sobre obras que se refiram a tais aspectos culturais, possam fruir plenamente do que lhe é oferecido.
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