Oxi é a droga que já matou 18 este ano no Piauí.
(Jaderson Jadin)
Oxi é a droga que já matou 18 este ano no Piauí .
Uma nova droga circula pelo Piauí. Mais letal que o crack, o “Oxi” chegou há apenas dois anos no Estado, mas já traça seu caminho de destruição. Nos últimos três meses, pelos menos 18 pessoas morreram no Estado vítimas dos efeitos do entorpecente. Conhecido entre os usuários como “óleo”, o “Oxi” é um subproduto do crack. A composição da droga leva, além da pasta base de cocaína, querosene, ácido sulfúrico e cal virgem. Os efeitos no organismo são devastadores.
Segundo os coordenadores da Fazenda da Paz, organização que trata de dependentes químicos, basta apenas um contato para que a pessoa fique viciada. “Temos várias pessoas na Fazenda que são dependentes. Um dia chegou um lá com o lábio cortado, separado em dois, por causa da droga, e por dentro da boca tudo queimado do isqueiro”, relata Célio Barbosa [foto ao lado], coordenador geral do Centro de Recuperação e Tratamento de Dependentes Químicos Fazenda da Paz. Com um custo de produção baixo, a pedra de “Oxi” muitas vezes é repassada ao usuário como sendo crack. “Estão fumando sem saber; fumando crack sem saber que é Oxi. Sai mais barato para o traficante, pois o que você gasta para fazer um quilo de crack você faz três ou quatro quilos de Oxi”, explica Belizário Gomes [foto abaixo], que trabalha há 26 anos com dependentes químicos em tratamento.Roberto Vagner, 29 anos foi dependente de “Oxi”. Ele conta os efeitos da droga. “Cheguei a fumar o Oxi por dois meses. A vontade, a compulsão de fumar é maior. Você usa e em cinco minutos já sente vontade de fumar de novo.” Culpa e recuperação
Interno da Fazenda da Paz, Roberto Vagner foi dependente de crack, “Oxi” e cocaína. Ele diz que usou drogas por quase três anos. Sua dependência foi motivada por depressão. “A pessoa que usa droga usa para se esconder dos problemas que as vezes não consegue superar. No meu caso, eu morava no interior e não tinha aquele ambiente de amor; as vezes me sentia muito só e as vezes me dava uma depressão constante… Com isso fui procurar a droga”, conta. Dependente, Roberto se achava no “alto”. Não percebia que, na verdade, estava próximo de um “buraco” profundo, difícil de sair. Há um ano e dois meses “limpo”, o jovem hoje ajuda outros dependentes que ainda estão no início do tratamento. Ao olhar pra trás, Roberto diz que sente culpa, mas que aprendeu a lhe dar com o sentimento. Isso contribuiu com a sua recuperação. “Quando eu cheguei há um ano e dois meses para o tratamento, foi nesse período de Natal e Ano Novo. Senti uma vontade imensa de ir embora. Mas, na Fazenda, você tem a conscientização de que, se voltar, ficaria pior com a mesma vida de ilusão. Com essa conscientização eu fui crescendo, conseguindo superar os meus limites. Na época eu fiquei Natal, Ano Novo, casamento do meu irmão e hoje eu agradeço muito porque não perdi nada”, relata. Pela primeira vez depois que começou o tratamento, Roberto vai passar o Ano Novo ao lado da família. O jovem que antes “só queria saber de festa e balada”, agora quer recuperar o tempo perdido. “Vou passar o Ano Novo com meus pais”, conta orgulhoso.
O crack avança no BrasilA Confederação Nacional de Municípios (CNM) fez um levantamento inédito e traçou uma radiografia da realidade do crack no Brasil. A pesquisa traz dados alarmantes e aponta que a droga já chegou a 98% dos Municípios – quase quatro mil foram consultados. Os municípios foram questionados sobre a presença ou não do crack e sobre o desenvolvimento de políticas públicas voltadas à prevenção e ao controle do uso. Mais de 91% não possuem programa municipal de combate ao crack e nenhum tipo de auxílio dos governos federal e estadual para desenvolver ações. E, apenas 8,43% desenvolvem algum programa municipal de combate.
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