Coronel de Barranco
(Cláudio de Araújo Lima)
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R E S E N H A
O
ser humano sempre foi fascinado pelos desafios que ocorrem na Amazônia, onde os
acontecimentos dão vida a um ambiente de mistérios e diversidades. Um local
onde nasceu uma literatura enriquecedora e de vasta contribuição para a nossa
cultura. O interesse aqui é pela análise da obra “Coronel de Barranco”. Nome
este, designando um homem que manda no seringal amazônico, onde o mesmo dá as
ordens, dita as regras e delega funções em meio à floresta. Em 23 capítulos, a
obra conta a trajetória de homens que lutam para sobreviver neste ambiente
cercado de dificuldades (MENDES, 2007).
Segundo
Mendes (2007), este romance narra a saída das sementes de Hevea brasiliensis do Brasil e do auge do ciclo econômico da
borracha, no final do século XIX e início do século XX, primeiro na Amazônia,
depois na Europa e na Ásia. Em meio a tudo isso, o caboclo aparece como pano de
fundo e o nordestino como o explorado e preguiçoso, ambos dividindo o mesmo
espaço e sofrendo influência européia. No começo do século XIX, iniciou-se a
migração nordestina para a Amazônia, que serviria como mão-de-obra para a
extração do látex.
Percebe-se
na narrativa, que os homens traziam consigo o sonho do El dorado, e entre eles
estava Joca (José Maria Silvino) que saiu de um lugar árido, marcado pela seca,
falta de trabalho e a conseqüente escassez de alimentos para um território
desconhecido, hostil, isolado, de águas profundas e misteriosas. Como muitos, Joca
vem do nordeste para a Amazônia na esperança de uma melhor condição de vida,
para então retornar ao Ceará. A sobrevivência na mata foi à base de estratégias
de organização de trabalho, com muito esforço, superando o frio, a solidão, as
doenças e todos os perigos da floresta (MENDES, 2007).
A
obra em foco, também se centra na exposição do sistema extrativista da borracha
através da personagem de Cipriano, seringalista rude, que desconhece as
determinações econômicas do ciclo e ignora os riscos que o cercam, confiando
apenas na exploração da borracha nativa. O mesmo, diferente dos seringueiros
que apesar das dificuldades, conseguem sobreviver, termina seus dias vendendo
mercadorias de casa em casa (MENDES, 2007).
Segundo
Emmi (2010), em seu artigo sobre o referido assunto, o comércio, as associações
esportivas e recreativas, a arquitetura e a denominação portuguesa de várias
cidades amazônicas, carregam as marcas que os portugueses deixaram aqui, com
suas características sócio-demográficas, inserção socioeconômica e
contribuições para o processo de desenvolvimento regional. Isto porque a
imigração portuguesa na Amazônia ocorreu entre as últimas décadas do século XIX
e as primeiras do século XX, tendo como foco principal as riquezas decorrentes
do auge da exploração da borracha.
Com
base nesta obra, pode-se afirmar que o ciclo da borracha possibilitou o maior
movimento de migração brasileira em direção a Amazônia, como destaca Olivério
(2009) em sua obra sobre o referido assunto.
As
três obras citadas, juntamente com esta, registram fatos ocorridos na mesma
época, entre o fim do século XIX e o início do século XX, não deixando de
apresentar a região amazônica como cenário, as relações de trabalho
exploratório e diferenças de maneira grotesca das classes sociais. Assim, em
face do que foi exposto até o momento, pode-se perceber que ainda hoje a
sociedade local sente os reflexos desta época, visto que ainda há exploração da
força de trabalho ribeirinha, expressando que o modelo exploratório continua
vigente.
Referências:
Emmi, Marília Ferreira. A
Amazônia como destino das migrações internacionais do final do século XIX ao
início do século XX: o caso dos portugueses. Trabalho apresentado no XVII Encontro Nacional de
Estudos Populacionais, ABEP, realizado em Caxambú-MG-Brasil. Universidade
Federal do Pará-UFPA, setembro de 2010.
Olivério, Ana Christina Nacif
Dias de Carvalho. A representação do trabalho na ficção audiovisual brasileira:
o filme A Selva e a minissérie Amazônia: de Galvez a Chico. Sorocaba, SP: 2009.
Mendes, Francielle Maria Modesto. Identidades
Híbridas: O Lugar das Personagens Ficcionais em Coronel de Barranco. In:
Revista Travessias - Pesquisas em educação, cultura,
linguagem e arte. N. 01. Ano 2007.
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