Os três porquinhos
(Ruben Alves)
Acabo de ler A história dos três porquinhos, recontada por Rubem Alves.
Neste reconto (reconto é quando pegamos a base de uma estória e criamos sobre
ela, respeitando sua essência. Na adaptação, mantém-se a mesma estória, as
alterações se dão no nível da expressão, ou seja, o texto é resumido, a
linguagem é tornada mais acessível, mas a estória é a mesma). As adaptações são
voltadas para os leitores iniciantes.
Neste reconto, Rubem trata do mesmo tema que permeia o conto original: a
prudência. Os porquinhos já são adultos, todos têm profissão. Os mais novos são
músicos. Constroem suas casas às pressas para se dedicar ao violino e à flauta.
São alegres e descontraídos. O mais velho é sério e preocupado. É pedreiro. O
que segue você já conhece.
A mãe manda-os para o mundo. Os dois mais novos, em casas de pauzinhos e
sapé, bambu e papel, aguardam convites para concertos. O lobo chega e põe
abaixo as casas de ambos, uma por vez. Os porquinhos fogem para a casa do mais
velho, onde o lobo não consegue entrar. Tenta a chaminé, e queima o bumbum na
água fervente do caldeirão. Foge para a Patagônia. Prático, o mais velho,
quando se vê a salvo do lobo retira do seu baú secreto um contrabaixo e chama
os irmãos para fundarem uma banda de jazz.
É preciso saber esperar se o que gostamos de fazer não nos dá a segurança
necessária. A menos que tenhamos quem nos banque.
Enquanto lia, fui me recordando do conto original e dos sentidos outros
que dei a ele. Compartilho-os com vocês agora.
Um relacionamento em que haja amor. Ponto. Parece-nos que se há amor tudo
flui, não é? Não.
Amor é base, como o alicerce da sua casa. Mas o alicerce não é sua casa,
não se constitui num abrigo. O alicerce é apenas o fundamento da casa. É
fundamental. Veja a raiz comum das palavras: fundamento, fundamental.
Se a casa precisa ser construída, também o relacionamento. E se a
construção dele implica a compra de matéria l de qualidade e a contratação de
profissionais experientes, o mesmo se dá com a relação amorosa. Quais os
materiais que precisam ser adquiridos? Não se constrói uma casa com palha e
mesmo a madeira,à primeira vista aceitável, revela-se frágil se o fogo, a
ventania, o furacão. Pode ser literalmente devorada por cupins. Dos males é o
pior, porque quando o dono se dá conta, a casa já está condenada.
Retomemos a estória dos três porquinhos. O mais experiente sabia que uma
caa sólida e segura necessita ser construída com materiais apropriados. Os
irmãos inexperientes tinham pressa, queriam uma casa cuja construção não
tomasse muito do seu tempo. Queriam se divertir.
Fazemos o mesmo nos nossos relacionamentos. O que sei sobre o amor? O que
é o amor? Existe ou não? O que sinto por
ele/ela é amor? O que o amor pressupõe? Que me falta saber, que me falta ter?
No conto original os porquinhos recebem ajuda para construírem suas
casas. Um homem no campo dá palha ao primeiro porquinho quando ele pede. Um
homem nos bosques dá madeira ao segundo porquinho quando ele pede. E numa
estrada que dá na cidade, um homem dá tijolos ao terceiro porquinho quando ele
pede. O terceiro porquinho foi mais longe, para a cidade, que representa
desenvolvimento, civilidade.
Para ir mais longe nos
relacionamentos, para que eles se tornem longevos, é preciso ter claro qual
postura e quais ingredientes são necessários. Os porquinhos receberam ajuda,
mas foram eles que construíram suas casa. De que ajuda podemos contar? Livros,
palestras, conselhos dos mais experientes.
É de nossa responsabilidade fazer com que o relacionamento cresça,
floresça, frutifique. Precisamos fazer nossa parte. O que tenho feito? Passamos
mais tempo atribuindo o fracasso da relação às atitudes e insuficiências do
parceiro que de às nossas. Qual nossa
parcela na construção do relacionamento que almejamos ou no qual já estamos
envolvidos?Esse questionar-se, esse olhar para dentro alimenta nossa
consciência do protagonismo nisso que é tão belo, o estar bem com alguém.
Em Provérbios 18, 20-22 lemos:
“É do fruto de sua boca que um homem se nutre, com o produto dos seus lábios
ele se farta. Morte e vida estão à mercê da língua: os que se amam comerão dos
seus frutos. Aquele que acha uma mulher
bido do senhor."ade. em se nutre,
com o produto dos seus lsça, frutifique. ilidade.
, acha a felicidade. É um dom recebido do senhor.”
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