BUSCA

Links Patrocinados



Buscar por Título
   A | B | C | D | E | F | G | H | I | J | K | L | M | N | O | P | Q | R | S | T | U | V | W | X | Y | Z


A história de Clarice
(Anna Claudia Ramos)

Publicidade
Este livro é uma bonita homenagem à obra de Lygia Bojunga. Em se tratando
da Lygia, é inegável a contribuição que ela deu à literatura infantojuvenil
nacional e internacional. Cada livro seu, uns mais alegres, outros mais densos,
todos tratando de modo lírico, fantástico e crítico de temas caros como a
morte, a separação dos pais, o relacionamento entre irmãos, a pobreza, o menor
de rua, a solidão, a vocação, o trabalho. E quando chegam ao mercado obras como
essa, que reverencia as que vieram antes, fica cada vez mais fácil e possível
admirar nossos escritores.

Toda A história de Clarice é
construída tendo como referência obras dessa autora: A bolsa amarela, Os
colegas, Angélica, Corda bamba, Tchau. Clarice é uma menina que, assim como a
protagonista de Corda bamba, não fala. A perda da fala de ambas se deve a um
trauma: a perda dos pais. Só que Clarice tem um agravante; seu padrasto não a
queria, todo o amor da casa, ela sente, é dedicado ao seu irmão menor. As
coisas não melhoram quando o padrasto viaja para o exterior em busca de
melhores condições de vida. A mãe só pensa em ir atrás dele, vê na filha mais
velha um empecilho para tal viagem, cogita levar consigo o filho
menor. Sentir-se indesejada causa profundas feridas na sensibilidade da menina.
Quando a mãe viaja, é a tia quem assume a criação das crianças. Leva-as para o
sítio, onde mora e trabalha. Teme não conseguir ser boa o suficiente para as
crianças. O menino vai se recuperando mais rapidamente: tem um quintal, tem
bolo fresco, tem um cachorro para brincar. Mas a menina não fala com ninguém. A
tia se aproxima dela por meio dos livros. Ler cura? Para a autora dessa
narrativa, sim. A tia da menina vai
oferecendo a ela os mesmos livros que leu quando menina. O primeiro é A bolsa
amarela. Curiosa, a menina vai se apaixonando pela narrativa, se identificando
com a personagem, com seus grilos, seus sonhos e receios.

Para quem lê o texto e conhece as obras que fazem o papel de base dele é
interessante comparar as impressões da menina protagonista com as que construiu ao lê-las. E por vezes dá até
vontade de ir buscar na estante, na biblioteca ou nas caixas empoeiradas aquele
velho exemplar, para conferir passagens, para relembrar trechos esquecidos.

É certo, porém que não é apenas a leitura dos livros da tia que realiza a cura da menina, é também o cuidado que as crianças recebem: a casa
acolhedora, os passeios, a natureza ao redor, o piquenique, o circo, as outras
crianças que vêm visitá-las. Pão, circo, carinho, Natureza e leitura, boa
leitura.

Que os autores escrevem motivados pelas leituras que fizeram seja quando
crianças, seja quando já adultos não é novidade. Mas é interessante como cada
vez mais obras assumem de modo mais explícito aquelas que as motivaram. Tudo indica que é da intenção de quem as escreveram direcionar os novos
leitores a essas obras, verdadeiros clássicos da literatura. Mais que uma homenagem, há uma clara intenção de
ampliar o repertório do leitor, de despertar nele a vontade de ler outros
textos, outro autor, que ele não conhece, mas que precisa conhecer, porque dono de uma narrativa ímpar, que toca e que transforma quem a lê.



Resumos Relacionados


- Corda Bamba

- A Menina Do Mar

- A Menina Que Não Sabia Ler

- A Bolsa Amarela

- A Menina Que Roubava Livros



Passei.com.br | Biografias

FACEBOOK


PUBLICIDADE




encyclopedia