7 perguntas para um dragão 
(Rosana Rios)
  
Com toda a certeza, na leitura da primeira metade desse livro, não
 importa se o leitor é jovem ou adulto, uma das questões que lhe virá à mente
 será: “Onde estão e quais são os outros cem títulos escritos pela autora?” Outra
 questão que provavelmente lhe virá, devido a um estranhamento inicial
 será:”Quando começarão as batalhas”? Isso porque os esquemas de conhecimento do
 leitor quanto a textos fantásticos que incluem dragões como personagens,
 construídos pela leitura de contos e da assistência a alguns filmes são
 entremeados de guerras, incêndios e como não poderia deixar de ser, dragões
 ferozes cuspindo fogo. Não poderia deixar de ser?
 
 Não há nada disso nesse livro. Pode-se dizer que quase não há ação. Yuri
 é um garoto de 12 anos que vê, numa manhã fria de abril, enquanto aguarda o
 ônibus que o levará à escola, um dragão voar entre as nuvens. Começa então os
 seus encontros com o dragão, sempre à hora da ave-maria, numa praça deserta,
 próxima à sua casa.  
 
 Yuri é fanático por dragões, já leu tudo que encontrou sobre eles e mesmo
 assim cultiva uma porção de perguntas sobre o assunto. O dragão concorda em
 responder sete delas, e apenas se receber por cada resposta. Yuri quer saber da
 origem dos dragões, quais os tipos de dragões existentes, se os dragões gostam
 de matar e de destruir, se possuem tesouros e se estes são amaldiçoados, por
 que as pessoas não acreditam em dragões, se é possível cavalgá-los e como se
 mata um deles.
 
 Cada resposta tem um valor superior à anterior: o dragão pede para que
 lhe conte algo de que se envergonhe, para experimentar seu sangue, pede-lhe os
 cabelos, o objeto mais valioso, uma pessoa... E a cada pedido, a cada encontro
 com o dragão, Yuri vai aprendendo a confrontar seus medos, a dizer a verdade, a
 desapegar-se de bens materiais, a selecionar o que come. 
 
 Porque sem pai e filho de uma mulher frágil, que se casa pela segunda vez
 com um homem violento, com quem está sempre discutindo por questões
 financeiras, que o surra sem que ela esboce qualquer resistência, Yuri é triste
 e frágil. Sua casa não é seu porto seguro, seu confidente é um dragão de
 brinquedo, que ele conserva em sua caixa de tesouros. Tem na escola dois amigos
 Karen e Willian, mas que pouco podem fazer por ele, que tem de passar mais um
 ano com tênis e agasalho surrados.  
 
 Metaforicamente e fazendo coro com outros autores, ao aproximar menino (o
 mundo real) e dragão (o mundo fantástico) a autora vai reafirmando a tese de
 que as narrativas curam e fortalecem as almas. Yuri adquire os poderes do
 dragão no convívio com ele: resistência à dor, capacidade de ler os pensamentos
 das pessoas, coragem. Recebe do amigo alado a marca do dragão, sinal de
 experiência vivida que lhe confere poderes que o fortalecem e preparam para os
 desafios da vida adolescente e adulta que o aguardam.
 
 A ação é, portanto, interna. O menino empreende a jornada do herói dentro
 de si mesmo e termina-a sendo capaz de enfrentar seu pior inimigo, o padrasto
 violento.
 
 Com belas e delicadas ilustrações de Thais Linhares a abrir cada
 capítulo, com uma caprichada capa em azul (o céu) e branco (as nuvens) e tendo
 um dragão belo e verde em relevo, é um livro belíssimo de se ver e de se ler. 
 
  
 
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