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O Mago, o Horrível e o livro de feitiçaria
(Pablo Bernasconi)

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Ser feio é uma questão do triunfo do espelho? Não há magia capaz de
tornar alguém feio em belo? Os adeptos da cirurgia plástica talvez concordem
quanto à ineficácia da magia quanto à aparência, já que vivem no mundo real.
Mas com certeza não concordariam em continuar feios, recorreriam a todo tipo de
tratamento para alterar sua aparência, de preferência para uma mais de acordo
com os padrões vigentes.

Pablo Bernasconi não parece
concordar com essa prática, pelo menos é o que deixa transparecer em seu divertido
livro para crianças o Mago, o Horrível e o Livro de Feitiçaria. Numa narrativa
divertida e inteligente, ele vai nos apresentando o dilema de Chancery, um misto de Corcunda de
Notre Dame e Frankensten, a quem ninguém chama mais pelo nome. Toda vez que ele
vai ao povoado buscar ingredientes para as poções do Mago é um sofrimento, as
pessoas se assustam com sua aparência e chamam-no de Horrível. É por isso que
ele, diante da negativa do Mago em procurar um feitiço que o torne belo no
livro de feitiçaria, não hesita em mexer no livro na ausência do feiticeiro.
Mas o livro se protege das mãos ineptas do ajudante de feiticeiro e expulsa
todo o seu conteúdo. Chancery põe tudo de volta no livro: palavras e
ilustrações, mas não de modo ordenado. Aqui se instaura novo dilema para
Chancery: se contar a verdade poderá ser transformado em planta, se não contar,
poderá pôr o Mago em apuros, que é o que acontece.

Crianças pequenas não titubeiam em dizer que Chancery é mesmo horrível.
Também não hesitam em dizer que não mexeriam no livro e se o fizessem contariam
ao mago, apesar das conseqüências (serem transformadas em plantas ou pedras). Tal
posicionamento está de acordo com os estudos de Piaget sobre o juízo moral das
crianças, que costumam ser categóricas quanto a ser errado mentir, roubar,
enganar mexer no que não lhes pertence, agredir outras pessoas, a Natureza e os
animais. Já os adolescentes, quando
questionados a se foi correto Jim ter pego todo o dinheiro do defunto Capitão
Bones (de A ilha do tesouro), dizem que sim, argumentando que ele já estando
morto não seria um roubo. Por que as mudanças nas noções do que é certo e
errado na passagem da infância para a adolescência? Será este um posicionamento
baseado no pensar de modo autônomo ou nada mais que um indício do
enfraquecimento dos valores na sociedade brasileira, às quais os jovens estão
atentos e incorporam? “Você seria capaz de roubar um morto?” Mesmo formulada
nesses moldes, a questão não é capaz de fazer com que os jovens se perguntem
quanto vale a sua honestidade. A impressão que fica é que o dinheiro vale mais
que tudo.

Só quando o Rei manda prender o Mago, devido a um feitiço malsucedido é
que Chancery decide dizer a verdade. E depois de aconselhado passa a sorrir
mais, a se vestir melhor, a usar maquiagem, aprende a rir de si mesmo e não se
importa mais com os falatórios quando passa.

Quererá o autor dizer que a beleza é um estado de espírito? Ou que o
problema não era a aparência do ajudante do Mago, mas do olhar das pessoas,
incapazes de ver o belo na diferença? Questões sérias num texto para crianças.



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