Área Q 
(Emilio Franco Jr.)
  
Direção:
 Gerson Sanginitto
 
 Roteiro:
 Julia Câmara e Gerson Sanginitto 
 
 Elenco:
 Isaiah Washington, Murilo Rosa, Tania Khalill, Ricardo Conti 
 
 Há
 no filme uma falta de sutileza que fica por conta da abdução de João Batista
 (Murilo Rosa) e o desaparecimento, em Los Angeles, do filho do jornalista
 norte-americano Thomas Mathews (Isaiah Washington). A ligação entre os
 acontecimentos é claramente explicitada desde o ponto de partida. Talvez porque
 isso seja o menos importante para a história, mas torna todo o possível
 mistério excessivamente antecipável.
 
 Entretanto,
 com a chegada do jornalista ao Brasil para investigar a veracidade de curas
 milagrosas e relatos de abdução extraterrestre no interior do Ceará, em uma
 localidade conhecida como Área Q, por ter  cidades cujos nomes começam com essa letra, a
 trama consegue atrair o espectador pelo ar de realidade empregado pelo diretor.
 A câmera passa a ser menos transparente, acompanhando personagens de forma mais
 próxima. 
 
 Desse
 modo, o espectador passa a embarcar na história e nas coincidências surgidas
 pelo caminho. A narração do personagem central, por exemplo, colabora com esse
 ar semidocumental, e o recurso é bem empregado. O contratempo é a captação do
 som direto, por vezes abafado. Mas, problema mesmo é o andamento dado para
 história. Se antes parecia trazer até uma discussão sobre a possível realidade
 daqueles fenômenos, depois o tom muda por completo para uma espécie de
 propaganda-defesa de crenças espirituais (não necessariamente espíritas).   
 
 Quanto
 mais o jornalista chega perto de entender o óbvio incidente ocorrido com seu
 filho, menos interessante o desenrolar dos fatos vai ficando. Isso porque entram
 em cena questões de fé passadas como verdades. Assim, temas como reencarnação
 surgem de forma absolutamente fora do contexto. 
 
 Mas
 isso tudo é ainda menos descabido do que os discursos panfletários. O filme
 reserva alguns minutos para Murilo Rosa declamar palavras sobre a necessidade
 de proteger a natureza, após o enfoque das belezas da região, e, o mais
 absurdo, criticar o aborto. A frase em relação ao tema surge tão deslocada e
 sem propósito que fica difícil acreditar no que se ouviu. É assim que Área Q
 desperdiça o frágil material inicial, mas que até certa altura era tratado de
 forma digna.
 
 Não
 se sabe ao final o que tirar de lição dessa batida de ficção científica,
 espiritualidade e panfletarismo ideológico da pior espécie, apoiado em
 absolutamente nada, no contexto desta obra, a não ser na crença e na opinião
 baseada em achismos. Lá pelas tantas, realmente pouco importa o drama do pai em
 busca do filho. Menos ainda o mistério da região. A tentativa do discurso
 grandiloquente fracassa. 
 
  
 
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