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Shame
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Sobre os irmãos Sullivan, Brandon (Michael Fassbender) e Sissy (Carey Mulligan), sabe-se pouco. Um ligeiro comentário da irmã dá conta que a vida pregressa dos dois causou traumas bem marcados, mas nunca elaborados. E talvez isto explique a compulsão sexual de Brandon, que parece, com isto, querer suprimir o fantasma do incesto. Um incesto que ocorreu de fato ou foi fantasiado e sempre prestes a ser reeditado - desta vez, com a irmã. A compulsão de Brandon poderia ser por bebida e drogas. Porém, percebe-se, pela história, que até suas parceiras sexuais não aceitam a repetida oferta de drinks alcoólicos antes ou depois. Ele mesmo não bebe nem se droga. Mas, faz sexo a qualquer hora do dia e da noite, masturba-se e estoca pornografia no HD do computador da empresa onde trabalha.

Perde horas com isto, alerta o chefe e amigo de noitadas David Fischer (James Badge Dale) - um adaptado pai de família durante o expediente, e que nas horas vagas atua como um desengonçado caçador de casos extraconjugais. A não ser por este falso moralismo, na verdade ligado ao ideal capitalista que visa ao maior e melhor aproveitamento do tempo em razão do lucro, o roteiro não julga o comportamento de Brandon. Apenas mostra.

Mostra a impotência sexual de Brandon, quando o encontro é afetivo. E nos demais encontros bem-sucedidos não há relação, apenas sexo compulsivo, em geral com prostitutas, desconhecidas e, eventualmente, com homens. Ele lembra sua única tentativa de casamento, que durou quatro meses. Não há qualquer nostalgia, vestígios de culpa, arrependimento, aí. Não há sofrimento por isto (compulsão sexual) nem doença e, portanto, não há o que curar. O sofrimento, me parece, ocorre por causa anterior à compulsão, como já foi escrito, o terror ao incesto e, ainda anteriormente, o que marca a possibilidade de vir a ser ou se repetir no real. Ainda, haveria "vergonha" por ser compulsivo? Tanto quanto a compulsão a vergonha é conceito da civilização, e não me parece que pessoas que compram demais, se endividam demais, comem demais e fazem outras coisas em excesso sejam consideradas doentes e precisem de cura. A não ser que um outro muito importante o diga, aponte, ou que tais excessos despertem sofrimento próprio. Uma mulher aparece no início e no final do filme, ao acaso durante viagens rotineiras de metrô em Nova Iorque, atrai a atenção de Brandon. Mas, parece que ao evidenciar a aliança e o anel de casada, o que sugere também ser mãe, acaba afastando por "desencontro" o fugaz pretendente. Com a mãe, não pode. A cena do segundo encontro com a mulher casada, no final do filme, dá-se após a tentativa de suicídio de Sissy, que corta os pulsos, depois de ter sido frustrada em sua tentativa de seduzir sexualmente o irmão. Terá sido a primeira castração no real de Sissy? E daí a resposta também no real com a passagem ao ato, como se quisesse negar a castração? Brandon suprime o desejo incestuoso pela via da compulsão (seja sexual ou de outro tipo, como quando sai correndo, na noite em que David faz sexo com Sissy), atuação que faz com que suas energias se esvaiam, mas que afinal lhe poupa da morte no real.
Quando David faz sexo com Sissy, na cama do amigo, Brandon se desespera, não tem lugar em sua própria casa. Fica fora de si. Sai na madrugada para fazer jogging. Parece correr em disparada do próprio horror - do incesto, se está no lugar do amigo; do homossexual, se está no lugar do desejo de David transferido pelo amigo à sua irmã; e da castração simbólica, se está no lugar do filho. David invade e consuma o que Brandon não se permite fazer em qualquer uma das situações. De certa forma, David deixa Brandon sem lugar. Será possível criar outro? Talvez, não. Brandon defende-se, novamente, na compulsão.



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