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Análise do Discurso: lugar de enfrentamentos teóricos.
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ANÁLISE DO DISCURSO: ALGUNS ASPECTOS

Rafael Abrahão de SOUSA

[email protected]





Começando pela linguística do
enunciado, os elementos formais da língua são a base para as análises, como,
por exemplo, os elementos sintáticos e fonéticos. Diferentemente disso, a
linguística da enunciação toma a produção discursiva do sujeito em interações reais
e simbólicas como objeto de análise, sendo a história um produto dessas
interações. A relação entre os sujeitos é obtida em lugares sócio-históricos,
em que se pode notar a presença dos efeitos de sentido, obtidos por meio de
gestos, entonações, escolhas lexicais etc.

A fundação da AD deu-se por meio
das teses de Michel Pêcheux e Jean Dubois, no final dos anos 1960. Os dois
teóricos eram ligados ao marxismo e à política, sendo que Pêcheux, com sua obra
Annalyse Automatique du Discours, inaugura
o estudo da AD baseado na linguística, na história e no sujeito. Deste modo, há
uma problematização no que diz respeito à relação entre o discurso e o
dispositivo de análise por parte dos dois pensadores.

Em relação à diferença entre os
dois autores, é válido ressaltar que Dubois, seguidor das teorias de Émile
Benveniste e Roman Jakobson, defendia a concepção da AD como sendo uma
“continuação natural da Lingüística: tratava-se de colocar um modelo
sociológico para estender a análise lingüística à enunciação e o dispositivo de
análise tinha como objetivo o controle das variantes de um corpus contrastivo (GREGOLIN, 2003: 24), sendo que o sujeito do
discurso era tomado por um método idealista, sem problematização.

Para Pêcheux, que era ligado às
teorias do filósofo e teórico marxista Louis Althusser, a AD trata de um campo
investigativo preocupado com a epistemologia, em que ele propõe um método de
análise que integra a análise das condições de possibilidades do discurso,
tomando-o como objeto de análise. Ao contrário de Dubois, Pêcheux problematiza
a questão dos sujeitos no discurso, sendo que estes são tomados na AD não como
sujeitos individuais, mas como “formas-sujeito” produzidas por um
assujeitamento a ideologias.

A Análise do Discurso teve como
fundador Michel Pêcheux, o qual teve influências de quatro outros autores:
Louis Althusser, filósofo que fez releituras das teses marxistas e incentivou
as discussões sobre as relações entre discurso e ideologia, por meio das
concepções acerca dos aparelhos ideológicos e o assujeitamento – devem-se
considerar as condições da produção do discurso para verificar a posição de
classe do sujeito; Michel Foucault, filósofo que analisou a história da
loucura, a história da clínica, a história das prisões e a história da
sexualidade, com a proposta de que há micropoderes nas relações sociais, em que
saber e poder atravessam todas as formações discursivas – busca as
regularidades do discurso para “descrever jogos de relações entre enunciados,
entre grupos de enunciados, entre acontecimentos (GREGOLIN, 2003: 28); Mikhail
Bakhtin, teórico da linguística e da literatura que influencia a AD por
incluir, nos estudos linguísticos sobre a linguagem, a história e o sujeito, e
por abordar o signo como arena de luta de classes; e Jacques
Lacan, psicanalista que fez uma releitura de Freud e que contribui na AD
com os conceitos de “formações imaginárias”, de “simbólico” e de
“inconsciente”.

Por fim, no que diz respeito à AD
no Brasil, pode-se dizer que ela é uma filiação da AD francesa, em que Eni Orlandi
é uma referência para os trabalhos aqui produzidos. Apesar da aproximação com a
AD produzida na França, a AD brasileira se distancia daquela pelo fato de se
ter uma História diferente da francesa, e também pelo fato de ser uma teoria
recente no Brasil: chegou em nossas terras por volta da década de 1980. Além
disso, a AD brasileira se relaciona com a Linguística daqui por derivar
historicamente deste campo de estudo. A AD também sofre com “preconceitos”,
visto que há linguistas que a consideram como uma “moda passageira”, mostrando
que ainda há um certo bloqueio em relação às pesquisas realizadas; logo, diria
que essa área de investigação está, em um primeiro momento, dando os seus
primeiros passos, assim como a Linguística Aplicada, mas que possivelmente, em
algumas décadas, essas disciplinas serão reconhecidas como novos campos
teóricos relevantes para a compreensão da linguagem, além da já existente (e
instaurada) linguística.





Referência



GREGOLIN, Maria do Rosário Valencise. Análise do
Discurso: lugar de enfrentamentos teóricos. In:
FERNANDES, Cleudemar Alves; SANTOS, João Bôsco Cabral. Teorias Lingüísticas: Problemáticas Contemporâneas. Uberlândia: EDUFU,
2003.



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