Sobre o Surrealismo Etnográfico
(James Clifford)
Clifford não utiliza esse termo não de uma
forma fechada em algo específico, mas de forma abrangente. Com esse termo ele
pensa em uma estética que valoriza coisas como os fragmentos, coleções
curiosas, inesperadas justaposições, sendo que estas servem para a provocação
de manifestações de realidades diferentes, extraordinárias, sob os domínios do
erótico, exótico e inconsciente. Contudo esse grupo de atitudes não esta
limitado apenas ao movimento surrealista (grupo de Breton) que é muito definido
com seus determinados manifestos e cismas. Os personagens citados no artigo de
Clifford foram ao maximo companheiros de viagem ou dissidentes de Breton, e que
por fim romperam com ele, mas o foco é que eles partilhavam da atitude chamada
surrealista, a qual Clifford destaca a dimensão etnográfica. Porém é importante
já destacar que etnografia e surrealismo são tradições claramente distinguíveis
umas as outras.
O termo Surrealismo Etnográfico é a forma como
Clifford encontrou para falar através da arte sobre alguns aspectos modernos da
vida social. Na época, a Europa vive um momento artístico onde a obra de
pintores e escritores são impactados pelos primeiros professores de etnologia
da França, ou em trabalhos de campo. O termo surreal faz a conotação a algo que
nega sentidos significativos fixos. É uma forma teórica e estética de lidar com
a justaposição de valores culturais, pelo contrario, uma poética que valoriza
justaposições inesperadas.
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