Configurações de cultura
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O principal
argumento de Ruth Benedict na obra “Configurações de Cultura” é a questão da
personalidade individual, e como esta corresponde consecutivamente com a
cultura no qual o individuo esta inserido.
Benedict diz
que a cultura (e como vimos em Sapir, a cultura autentica)molda o individuo
conforme a sociedade que ele esta. Em sua obra ela estuda com profundidade
diversas comunidades indígenas dos Estados Unidos em sua forma de vida
autentica, e observa como cada pessoa se porta dentro de diversas situações,
principalmente o luto. Cada ser humano é dotado de uma personalidade própria, e
ela esta para o individuo, assim como, a cultura esta para a sociedade também,
entretanto, a cultura é algo que esta acima do individuo, porque ela veio antes
dele. Não é o caráter do individuo que ira dar rosto a cultura, e sim, a
cultura do meio onde ele esta inserido que ira lapidar o seu caráter, e,
portanto, a sua personalidade.
Podemos
enxergar isso claramente em um dos relatos do livro de Ruth, onde ela conta as
diversas formas de como cada uma destas culturas encara a morte. Em uma
passagem, ela cita os índios das planícies ocidentais. Estes em uma situação de
morte agem de forma extremamente forte, com diversos dias, ou até meses, de
pesar, um pranto excessivo e que algumas vezes podem até mesmo levar ao
suicídio. Já entre os povos do Pueblo de Isleta, a morte é encarada de uma
forma podemos dizer “mais leve”, se compararmos com o outro povo. Entre eles a
xamã “Mãe Milho Preto” cuida para que os parentes da vitima vivam apenas uma
pequena semana de luto, com algumas visitas a casa onde esta o morto e alguns
momentos rituais. Depois disso não a mais pranto e nem remorso. Nestes
exemplos, Ruth Benedict mostra o como a cultura social molda o individuo, já
que estas formas determinadas de encarar a morte são passadas de geração em
geração pelos membros destes povos, e assim, cada um deles assume este papel
cultural. Em uma forma de avaliação depois das ideias de Malinowisk, sabemos
então que o luto não é algo que vem com o pesar, e sim o contrario.
Em sua obra
Ruth Benedict sita também os desajustados. Aqueles que não vivem conforme a
cultura local devido a não partilhar de uma mesma personalidade a qual a
cultura local pre-diz. É como se a cultura da sociedade fosse uma grande casa a
qual abriga a todos que lá vivem, porém os que ficam de fora, não
necessariamente por espaço na casa, são os que não se ajustam a esta cultura. Entretanto,
é importante se ressaltar que os desajustados poderiam viver muito bem em
outras culturas, pois muitas vezes a sua personalidade não condiz com a sua
cultura local, mas pode ser muito parecida com outras. Citando por exemplo os
povos estudados na obra “Sexo e Temperamento” de Margareth Mead, os Mundugumor
são um povo de hábitos de extrema violência no agir, e também, de desconfiança
para com outros membros, em principal do sexo masculino, por mais que façam
parte da mesma família. Já os Tchambuli, tem um padrão de vida mais parecido
com um padrão familiar como conhecemos. Então, os desajustados Mundugumor
poderiam em determinada situação conviver em uma sociedade de padrão Tchambuli.
Contudo,
conforme cita Ruth Benedict e também vemos na obra de Margareth Mead, os
desajustados tem dificuldade em conviver na sua sociedade, pois ou eles fazem
parte do seu meio cultural, ou então fogem a regra. Como no caso do membro dos
Mundugumor, Kalekúmban, que ao contrario dos outros membros Mundugumor, era uma
pessoa de personalidade pacifica e com um bom convívio com seus familiares,
inclusive acolhendo muitos deles em sua casa, coisa que não é pratica da
cultura Mundugumor. Porém, ao mesmo tempo, Kalekumban era visto com maus olhos
pelos membros da sua sociedade, e até mesmo ignorado, pois para os outros
membros ele não estava agindo conforme as regras da sua aldeia.
Mas apesar de
Ruth e Margareth partilharem da mesma escola de autenticidade, Mead traz em sua
obra um elemento a mais do que Ruth aborda na sua. A questão de gênero. Na obra
de Mead ela mostra nas sociedades estudadas (Arapech, Mundugumor e Tchambuli) o
como estas sociedades vivem com as relações Homem e Mulher. Enquanto em uma
sociedade a mulher tem papel tão forte que esta se torna matriarcal (regida
pela mulher), em outras ela é tão desprezada e maltratada que esta se torna patriarcal
(regida pelo homem) e algumas vezes até imperativa. Nos Tchambuli, por exemplo,
a mulher é responsável por todo o sistema econômico da aldeia, pois é ela quem
cria as personalidades presentes nas Kinas (espécie de moeda corrente feito com
uma concha), ela quem faz a pesca, quem troca os mosquiteiros feitos também por
elas por outros produtos, e assim por diante. Desta forma seu papel (além de
outros) se torna fundamental na sociedade Tchambuli. Enquanto Ruth em sua obra
mostra as formas com as quais são expressos os sentimentos entre os povos por
ela estudados, Margareth mostra a forma pedagógica de como se trabalhar em
sociedades onde as formas de relação entre homem e mulher são tão diferentes
(sobretudo da nossa).
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