Apollo 18
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Os filmes de estética documental brotam no mundo todo numa velocidade espantosa. Logicamente, isso não se dá somente pela paixão dos realizadores por este tipo de filme, mas principalmente devido ao baixíssimo custo e ao considerável lucro que geralmente estão ligados à sua produção. Até aí, tudo bem, pois não há nada mais justo no mercado cinematográfico do que oferecer ao público o que ele quer ao mesmo tempo em que se enche os bolsos de dinheiro. O problema é só quando o interesse pela renda é tão grande que acaba ofuscando o interesse pela qualidade do trabalho.Filmes que seguem essa linha já trouxeram para a nossa realidade cotidiana bruxas, fantasmas, zumbis, demônios, trolls, monstros gigantes e extraterrestres, entre outros. Agora, que tal fazer o caminho inverso, onde os seres humanos são os visitantes num ambiente estranho? E que tal esse ambiente ser o espaço, mais precisamente nosso belíssimo satélite natural, a Lua? A proposta é ótima, isso não se tem como negar. Porém, depois do surgimento de uma brilhante idéia, vem a parte mais difícil: desenvolvê-la decentemente.Pois bem, a primeira regra de todo mocumentário (documentário falso) é se fazer passar por realidade, mesmo que isso não venha de fato a ser engolido pelo público. De qualquer forma, a história deve ser bem convincente nesse sentido. A premissa de Apollo 18 trata de uma missão à Lua que foi encoberta pela NASA durante décadas, e somente agora os vídeos gravados durante essa viagem teriam aparecido misteriosamente num site da Internet. A estratégia das “filmagens perdidas” é sempre a mais fácil, sendo adotada pela grande maioria dos filmes desse tipo. Dessa maneira, não é justo desmerecer especificamente este por seguir a mesma idéia, ainda mais porque se aproveitou sagazmente dos relatos oficiais da NASA que apontam o Apollo 17 como sua última missão à Lua, sendo o Apollo 18 um projeto cancelado.Até aqui, temos uma idéia promissora, um cenário de possibilidades e uma premissa realista. Além disso, o que mais podemos extrair de bom desse filme? Nada! Primeiramente, ele não se preocupa ou se preocupa muito pouco em trabalhar os personagens ao longo da trama, o que talvez pudesse ter dado ao filme certa dignidade. As únicas cenas em que conseguimos enxergar algo nesse sentido são pequenos trechos de entrevista, breves conversas banais entre os protagonistas e a gravação em áudio do filho de um deles, que é outra tentativa frustrada de criar um vínculo forçado entre o personagem e o espectador. O filme até que constrói uma atmosfera de suspense razoável, com pegadas estranhas, pedras que se mexem sozinhas e uma nave russa abandonada. Essa era outra boa oportunidade para desenvolver melhor o drama dos personagens, que acabou sendo perdida no momento em que um deles é atacado num segmento de montagem que beira o amadorismo.Por falar em montagem, há mais um ou dois rápidos segmentos que usam uma técnica já bem clichê em filmes de terror contemporâneos, com cortes bruscos e imagens aceleradas, lembrando muito a franquia Jogos Mortais ou algum videoclipe do Marilyn Manson. O problema não é o clichê em si, mas a falta de necessidade dele, fazendo-nos pensar que qualquer outra opção seria bem melhor.No mais, a breve cena da caneta flutuando em gravidade zero e a “possessão” de um dos personagens depois de um ataque alienígena são boas referências aos clássicos 2001: Uma Odisséia no Espaço e Alien: O Oitavo Passageiro, respectivamente. Entretanto, é difícil saber se realmente são referências intencionais ou não, o que acaba sendo uma coisa boa. A única!http://contraargumento.com/critica-apollo-18/
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