Contra o Tempo
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Vou começar isto aqui de uma forma diferente. Daqui a pouco você vai entender o motivo.Imagine que de uma hora para outra você é, como podemos dizer, transportado de onde tu estás para um lugar completamente diferente. Confuso, você tenta reconhecer todo o ambiente que te cerca, porém sem sucesso. Uma pessoa começa a se comunicar com você e te chamar por um nome que ninguém nunca te chamou. Aliás, não é o seu nome. É o nome de outra pessoa. Sem entender, a busca por respostas continua. O que raios está acontecendo ?E é assim que Contra o Tempo começa. Nem o personagem de Jake Gyllenhaal, Colter Stevens, e nem você que está assistindo. Uma acertada tentativa de aproximar o personagem principal do filme ao telespectador. Tudo que ele descobre no filme, nós descobrimos juntos. Somos colocados na pele de Stevens, de alguma forma.Temos em mãos uma bela obra de ficção-científica que envereda em temas como o sentimento para com o outro ser humano, com personagens complexos e bem construídos, próximos da realidade, e com alguns embates morais no decorrer do longa. A obra é assinada no roteiro por Ben Ripley e na direção por Duncan Jones (Lunar).A história se passa nos anos 2000, já em meados da Guerra do Iraque e pós 11 de Setembro. O governo norte-americano investe pesadamente em formas variadas de tentar controlar e combater o terrorismo. Temos então o capitão Colter Stevens, que é jogado numa das iniciativas do governo para evitar ataques terroristas. Ele está preso numa cápsula estranha e seu único contato é através de uma telinha em que recebe instruções e questionamentos de Goodwin (Vera Farmiga) e do criador da iniciativa, vivido por Jeffrey Wright. Sua missão é evitar um segundo ataque terrorista na cidade de Chicago. Para isso, ele é jogado no corpo de outra pessoa que estava no primeiro atentado, 8 minutos antes de sua morte, que é o tempo que o cérebro guarda a memória antes da morte. Aí é que entra a reflexão feita no início do texto. Graças a um roteiro muito bem produzido, você vive a história junto com Stevens. Suas descobertas pessoais, morais e até mesmo o desenvolvimento da missão. Cada pedaço do filme é baque moral para o protagonista, que circula até em cima do preconceito racial. Além disso, há o embate ético de outros personagens que se formam ao redor da experiência vivida por Stevens.A estrutura do filme é muito bem arquitetada, mostrando várias tentativas consecutivas do nosso herói em tentar resolver a sua missão, que no final acabam se complementando e nos levando a outros pontos da história. Vamos conhecendo o personagem, nos atrelando e crescendo junto com ele em suas buscas.A complexidade de todos os seus personagens e as ótimas interpretações mostram que o filme não se limita apenas ao nosso herói. O crescimento também ocorre com os personagens secundários, que motivam as ações de Stevens no decorrer na trama, especialmente a personagem de Michelle Monaghan, Christina.Fechando com um segmento belíssimo, o filme vende muito mais do que promete, nos levando uma discussão moral e ética para fora das telas. Os acontecimentos e segredos revelados no decorrer da trama mostram uma obra de gênero escasso hoje em dia nas telinhas, muito povoada por ficções de ação desenfreada e roteiro rápido. Vale o ingresso.http://contraargumento.com/contra-o-tempo/
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