Adolescentes Grávidas: Vivencias de uma nova realidade.
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PANTOJA,
Florinaldo; BUCHER, Julia. Adolescentes Grávidas: Vivencias de uma Nova
Realidade. Revista Psicologia: Ciência e Profissão. Número 3, ano 2007.
Conselho Federal de Psicologia.
ANÁLISE:
Tratar de gravidez na
adolescência é lidar com um acontecimento complexo, tendo em vista que envolve
vários fatores, como os de natureza social, econômica, psicológica e
fisiológica. A preocupação sobre o número de adolescentes grávidas, que, aliás,
vem subindo, não deve, pois, ser tratado de forma fragmentada, devido a essa
multiplicidade de fatores, mas pode ser inserida no campo da saúde pública.
Contudo, é de extrema importância tratar as questões subjetivas
vivenciadas durante uma gravidez na adolescência. Atualmente as relações entre
as pessoas passaram a se constituir por meio de maior prevalência do que cada
parceiro espera do outro em termos de satisfação individual, sem que seja
necessário, pelo menos no caso heterossexual, o aval de instituições como a
família e a religião.
Além de todos os transtornos próprios da adolescência, quando
ainda ocorre uma gravidez, os problemas tornam-se praticamente insolúveis. A
inadequação física para procriar, típica do discurso biomédico, cedeu lugar,
nos anos de 1970, ao discurso da Psicologia, que apregoava a imaturidade
emocional das adolescentes para serem mães. A partir dos anos 80 e 90, tais
visões são conjugadas e reforçadas por um discurso social também fatalista, que
verificava o aumento da delinqüência, da evasão escolar, da pobreza, etc.
(Heibornet al., 2002).
A questão de saber sobre contraceptivos não deve ser tomada de
maneira única e inequívoca, pois o acesso a um determinado conhecimento bem
como a sua aplicação está estreitamente vinculado às condições subjetivas e
sócio-econômicas daqueles que são alvo desse saber.
Consideremos que para meninas de baixa renda, das camadas menos
favorecidas da população, com pouca escolaridade, que não dispõem de facilidade
de “acesso a outros sociais, como educação, trabalho, remuneração e
prestígio”(Villela, Doreto, 2006, p. 2469), a gravidez se torna uma maneira
factível de forjar uma valorização pessoal em um meio que tem pouquíssimo a
oferecer. O mesmo não ocorre nas camadas mais abastadas da população, pois a
mulher tem sua identidade constituída também por meio de uma profissão.
Um fator que merece destaque para a discussão sobre a
gravidez na adolescência é o despreparo dos serviços de saúde pública que visam
ao planejamento familiar no Brasil, pois não existem políticas eficientes
voltadas para a população que permitam fácil acesso dos adolescentes ao serviço
de saúde, o que dificulta suas buscas tanto para a orientação quanto para o
acesso às informações, alem do mais, a decorrência disso é o atendimento das
adolescentes junto com toda a demanda da população.
A percepção das adolescentes relacionadas aos ciclos vitais,
compreendidos entre a infância e a idade adulta, veio comprovar a existência de
grandes mudanças nessas etapas a partir da descoberta da gravidez. Há uma nova
vivência a ser experimentada, vinculada, principalmente, às pressões sociais e
às cobranças internas, que impõem comportamentos de maturidade e configuram uma
passagem direta ao “mundo dos adultos”.
Para a maioria das adolescentes grávidas, a idade adulta se
estabelece como uma etapa em que “já se sabe de tudo” ou “já se sabe um pouco
mais das coisas”. Ser adulto implica também em independência financeira e torna
também obrigatório o trabalho para sustentar os filhos.
As pressões familiares também colaboram para um amadurecimento bem
mais antecipado.
Para as adolescentes, a descoberta da gravidez produz um impacto
no momento da confirmação do diagnóstico. Esse impacto gera um sentimento
inicial de desespero. Na tentativa de resolver o problema, o aborto acaba
surgindo como uma opção, principalmente quando a adolescente não possui uma
renda de apoio para lhe dar suporte. Quando o aborto é mal sucedido, a adolescente
passa a carregar um sentimento de culpa por tentar tirar a vida do filho. Além
do mais, permanece um temor de que a criança apresente uma má formação ao
nascer.
Passado o sentimento de angústia, ocorre o sentimento de aceitação
da gravidez e o planejamento. O filho assume um grande significado e passa a
ser um objetivo na vida das adolescentes. E esse objetivo se configura, pois,
em uma forma de encarar o mundo e as pessoas, de enfrentar as problemáticas que
advêm de uma gravidez precoce.
É possível notar que a gravidez na adolescência de garotas
de baixa renda culmina na ocupação de algo concreto, tendo em vista que estas
garotas são desprovidas quase que na totalidade, de educação escolar e
familiar, rendas favoráveis à manutenção digna da vida e acesso ao lazer. A
gravidez, portanto, se configura como uma maneira de amadurecimento precoce e
influência marcante na sociedade. Ao contrário, adolescentes de classes mais
favorecidas, vêem a gravidez precoce como algo que não devia fazer parte da sua
realidade naquele momento, pois estas tem em vista um papel de mulher que não é
apenas mãe, mas que assume também o papel de profissional, de estudante, dentre
outros.
Um acesso mais facilitado aos meios de prevenção da gravidez e
também das DST’s, bem como de informações e o atendimento ginecológico de forma
diferenciada e sem preconceitos às adolescentes, e aconselhamentos a seus
parceiros sexuais, podem trazer grandes avanços na saúde brasileira e bons
resultados contra a gravidez precoce.
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