Entre o cru e o cozido
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Em sua vida de quase um século, Strauss nunca foi muito constante, foi etnógrafo crítico, ex-filósofo que questiona a metafísica, antropólogo que quer criar uma ciência nova, ex-militante socialista que encontrou o budismo. Incorporou diversos saberes: lingüística, matemática, biologia, psicanálise e a filosofia.Realizou pesquisas etnográficas vinda ao Brasil (entre 1935 e 1939) com a "missão francesa", definindo sua condição de etnólogo em detrimento da filosofia. Foi no Brasil que Lévi-Strauss começou a entender que deveria ver a sua sociedade com distanciamento. Isso também o fez abrir mão da política, pois cabia ao etnólogo pensar todas as sociedades de longe, não se envolvendo em acontecimentos históricos. Passou anos “vestindo
um escafandro e mergulhando na etnologia indígena e na lingüística” durante a década de 1940, nos
Estados Unidos.Viajou à Índia em 1950, quando toma contato com o budismo e se aproxima do
estruturalismo.As atrocidades da Segunda Grande Guerra (1939-1945) o fez atrair-se mais pelas comunidades indígenas, pois foi entre eles que encontrou a fraternidade num contexto de caos mundial. Contato com a antropologia americana e leituras de Freud fizeram com que o parentesco fosse seu tema central. Ele garante ao parentesco (hereditariedade) uma classificação de artificialidade, que mantém o homem longe do universo natural. Para ele era banal continuar estudando estruturas de ossos e crânios.Afirmava que "as culturas existem, e será o jogo das diversidades que possibilitará a dinâmica cultural”.Depois da publicação de sua obra "Tristes trópicos", Lévi-Strauss foi acusado de anti-humanista por reduzir o homem a estruturas e não levar em consideração a história ou a vontade humana.Strauss se volta à percepção e classificação do universo instantâneo e empírico dando grande importância aos símbolos. Ao contrário do pensamento domesticado, o pensamento de indivíduos de culturas primitivas não é contínuo, mas expressa uma compreensão atemporal.
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