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A Concretude do Fenômeno Turismo e as Cidades-Patrimônio-Mercadoria
(Everaldo Batista da Costa)

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Escrito por Everaldo Batista da Costa, professor do Departamento de Turismo da Universidade Federal de Ouro Preto e editado pela Livre Expressão o livro “A concretude do fenômeno turismo e as cidades-patrimônio-mercadoria” foi elaborado a partir de uma reunião de estudos empreendidos pelo autor na graduação, mestrado e doutorado, o que confere um caráter de síntese às suas reflexões, que se iniciam com a definição do método dialético e que perpassam os conceitos de valorização e produção do espaço.Costa é doutorando e mestre em Geografia Humana pela USP, onde ele também concluiu o bacharelado e a licenciatura em Geografia. Em sua obra o autor busca caracterizar geograficamente o processo de produção do espaço no turismo, entendido como um fenômeno social de grande monta, em particular os seus desdobramentos nas cidades históricas do interior de Minas Gerais. Nesse contexto, o autor tem o cuidado de definir claramente o conceito de valor, que, sob uma perspectiva marxista, tem duas vertentes: o valor de uso, dado pelo aproveitamento prático de um produto ou serviço, e valor de troca, que é o valor percebido pelo mercado ou pela sociedade. A essas vertentes o autor ainda acrescenta o valor simbólico, que seria um desdobramento do valor de troca dentro do imaginário coletivo, de forma a melhor caracterizar certos espaços turísticos (ou destinos turísticos, se usarmos o termo da teoria do turismo) de acordo com os símbolos que, supostamente, eles representam ou são levados a representar.Porém, ao tratar da produção do espaço pelo turismo percebe-se sua plena inserção no sistema capitalista, isolando-o do papel idealista de agregador social e gerador de emprego e renda, relegando-o a ser, muitas vezes, mais um fator de antagonismo entre as classes sociais e de falta de democratização do espaço. Finda essa primeira parte, o autor, tendo dividido sua explanação em três partes, passa a analisar a dialética subjacente aos lugares turísticos, caracterizando-a, paradoxalmente, como de construção destrutiva. Toda construção implica destruição no capitalismo, e no turismo isso se deve ao caráter ilusório e fetichisado que ele muitas vezes assume, calcado na compreensão marxista de mercadoria. O culturalismo de mercado que passa a imperar leva à perda da essência dos lugares e seus costumes. Tudo é mercadoria e, como tal, pode ser produzida e banalizada por um preço no mercado, o que leva a uma cenarização excessiva e desprovida de sentido. A terceira parte é dedicada à análise da geografia do turismo em duas escalas distintas: a) global (ou, como se refere o autor, a globaritária), e b) local, com as cidades históricas de Minas Gerais (as assim chamadas cidades-patrimônio-mercadoria). Globalitária significa a disseminação das formas de produção e consumo imposta ao redor do mundo, com nítido viés autoritário, dentro do modelo ocidental vigente e longe da concepção de globalização simétrica e democrática que, por vezes, se tenta transmitir. Local na consecução dos macro objetivos globalitários, que precisam, para seu pleno alcance, atingir esferas menores, absorvendo escalas como a do nicho de turismo histórico nas cidades do interior de Minas Gerais (as cidades-patrimônio-mercadoria). Em oposição a esse quadro exógeno e imposto, vemos na obra a defesa de um fenômeno turístico que se reconheça também pelo seu valor na transformação simbólica dos lugares, onde o tempo histórico passa a ser determinante. Do contrário, como mostra o autor, temos a alienação que costuma acontecer quando o turismo legitima as ilusões ideológicas do sistema capitalista de produção, caindo na armadilha de valorizar o espaço pelo seu valor extrínseco, para o sistema, e não pelo seu valor intrínseco, cultural e social. Uma vez imerso nesse sentido ilusório, o autor constata que no turismo a tendência é a da estética que se sobrepõe à ética, nos lugares. Lugar, inclusive, cabe perfeitamente aqui, pois se apresenta como categoria de análise geográfica ligada ao lado pessoal, de sentimento das pessoas com o seu entorno. Significa dizer que o lugar percebido pelas pessoas que nele habitam difere radicalmente do lugar turístico que é divulgado. A mediação da mídia frequentemente deturpa o conteúdo das veiculações sobre o turismo, por estereotipia ou desconhecimento, na busca dos grandes lucros na indústria dos criadores de viagens de sonho.Por fim, ao tratar especificamente das cidades históricas mineiras, vemos surgir os territórios turistificados, sendo território pelas relações de poder presentes e turistificado pela incorporação dessas cidades ao circuito turístico nacional (e global). Dá-se a peseudoconcreticidade de que fala o filósofo Kosík, uma das bases teóricas da obra, ao qual deve se opor a busca pela concreticidade do fenômeno do turismo. Essa concreticidade afastaria a espetacularização de que fala Guy Debord, que, todavia, e estranhamente, é citado em espanhol, uma vez que sua principal obra sobre o tema, “A Sociedade do Espetáculo”, possui diversas boas traduções para o português há décadas. O livro tem o mérito de tratar com profundidade filosófica e rigor epistemológico a geografia dos lugares turísticos, em especial das cidades de São João Del Rei, Tiradentes, Diamantina, Ouro Preto e Congonhas do Campo, consideradas patrimônio cultural da humanidade. Porém, nota-se certa ausência de reflexões advindas de estudiosos do turismo (nenhum termo técnico, teoria ou livro de turismo é utilizado), ainda mais quando se observa que o turismo vem sendo considerado, nas academias, como ciência social aplicada. Como tal, em se buscando essas fontes, diversas contradições entre a teoria e a prática deste fenômeno ficariam, talvez, melhor aclaradas.



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