Quebra de Confiança
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Quebra de Confiança narra a história verídica da prisão de Robert Hanssen, tido como um dos maiores especialistas em União Soviética/Rússia dentro da inteligência dos EUA, mais especificamente no FBI (Federal Bureau of Investigation). Como se pode perceber, tal furo (ou “Breach”, do título original em inglês) causou uma enorme polêmica, com direito a pronunciamento oficial e a expulsão, direta ou velada, de dezenas de oficiais e diplomatas russos em março de 2001, logo após a prisão de Hanssen.Destaque evidente para a magnífica atuação de Chris Cooper, cujos trabalhos anteriores incluem os impressionantes Beleza Americana, Syriana e Silver City. Cooper interpreta o papel-tema com uma desenvoltura digna de um dos mais respeitados atores da atualidade. Do fervor católico ao desespero absoluto, passando pelo rigor militar, a figura de Robert Hanssen ganha vida e força através do ator.Hanssen é responsabilizado por prejuízos bilionários, com o envio de informações absolutamente sigilosas, tal como o plano de fuga do presidente em caso de ataque nuclear, além de entregar as posições de aproximadamente 50 agentes estadunidenses, vários deles mortos nessas ações de contra-espionagem.Fruto típico dos tempos da Guerra Fria entre as duas superpotências nucleares, a espionagem já rendeu diversas histórias e alguns personagens famosos. O mais famoso deles foi o agente a serviço da Rainha, James Bond. A diferença de enfoque em Quebra de Confiança é que a história se passa dentro do seio da inteligência do FBI, mostrando-o como inadequado e mesmo obsoleto. A burocracia e a corrupção são partes integrantes do sistema, até para trocar os velhos computadores dos escritórios por outros novos, que estão encaixotados nos corredores. No filme, Robert intima seu auxiliar, interpretado por Ryan Phillippe, a buscar logo os computadores, ao contrário do auxiliar que queria preencher formulários e esperar por uma entrega futura, usando a justificativa de que “formulários são para burocratas”. Em outra cena, Robert critica asperamente seu auxiliar – na verdade uma pessoa infiltrada pelo próprio FBI para monitorá-lo – por cogitar um serviço de instalação de um ponto de internet no escritório que, para o auxiliar, deveria ser feito por um empregado específico e não pelo próprio Robert, que subia na mesa e armava ele mesmo a conexão. A resposta, seca: “OK, vamos deixar alguém que ganha alguns poucos milhares de dólares por ano entrar aqui e mexer num computador que tem milhões de dólares em informações”.Finalmente, Robert é preso em fevereiro de 2001, após mais de 25 anos de serviço, e condenado à prisão perpétua. Seu regime prisional inclui 23 horas diárias na solitária. A história de Robert merece ser conhecida, seja pela desilusão ante ao cruel e vingativo papel deste Estado norte-americano, seja pela quebra de paradigma do cidadão-modelo do sonho americano, cuja casca “vencedora” (bom marido, bom pai e avô, fiel à igreja, etc.) apenas envolve, sem esconder de fato, o interior obscuro e distante dos simplismos.
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