Bobby
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Bobby é mais um filme sobre a trágica família Kennedy. Depois de JFK – A pergunta que não quer calar, Bobby é o primeiro grande filme a ser feito sobre a ex-família número um da política estadunidense. Agora, diferentemente de JFK, no qual o centro era o presidente John, morto a tiros em Dallas, temos Robert Kennedy, ou “Bobby” como ficou conhecido o senador e candidato à presidência na época do seu assassinato.Bobby dispõe de um elenco espetacular, com nomes como Anthony Hopkins e Lawrence Fishburne, além de boas interpretações de gente como Helen Hunt, Demi Moore e Sharon Stone, dentre vários outros em papéis menores. O filme mistura fato e ficção a todo instante, através de uma colagem direta contendo cenas, discursos e filmagens da época. Essa técnica criou uma reconstituição bastante fiel, não só aos acontecimentos que precederam o assassinato em si, mas a toda a atmosfera que cercava a conturbada década de 60. A lista aos “anos dourados” vale uma menção à parte: o desencanto com a Guerra do Vietnã e com as guerras em geral, o uso de drogas, o amor livre, a revolução sexual, os conflitos raciais, dentre tantos e tantos outros pontos que sacudiram, literalmente, o mundo inteiro.Em meio a esse caldeirão, cresceu e se desenvolveu o mito da família Kennedy, alardeada, então, como a família mais politicamente progressista dos EUA. Quase não se menciona, até hoje e para citar um episódio apenas, a desastrosa e absurdamente descabida operação de invasão a Cuba, que entrou para a história como a invasão da Baía dos Porcos, arquitetada pelo presidente John Kennedy, financiada pela CIA e executada, convenientemente, por um bando de cubanos refugiados, pois os EUA sempre buscaram, e buscam até hoje, não “sujar as suas mãos”. A grande mídia prefere lembrar os intermináveis discursos, quase que totalmente desprovidos de lastro na prática, inócuos e verborrágicos. Essa esteira demagógica não se constitui privilégio dos nossos dias, já se sabe, e Shakespeare, por exemplo, escreveu a ótima peça Júlio César, a famosa “tragédia da palavra”, mostrando, com sua pena genial, o terror das palavras vazias que sopram ao sabor do vento, em especial do vento político baseado na opinião pública manipulada.Contudo, a direção de Emilio Estevez, ator conhecido e filho do ator Martin Sheen (Apocalipse Now, Os Infiltrados), mostra talento, principalmente na escolha das cenas, resultando numa montagem/edição muito boa. Por outro lado, destoa completamente o tom messiânico da figura do senador, sempre acompanhada por uma enxurrada de elogios, abertos ou velados, e de uma chata música tema Never Gonna Loose my Faith, que quer dizer, literalmente, “nunca vou perder minha fé”. A fé em políticos como Bobby e na democracia burguesa que os sustenta, essa já foi perdida há muito tempo, por mais que se tente dourar certas pílulas.
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