Casamento
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Nosso
primeiro ancestral primata, aquele bendito que teve a revolucionária ideia de
dar uma paulada na cabeça da fêmea menos feia daquele pedaço de savana
africana, aquela mesma que passava rebolando por ele todo sábado à tarde, bem,
esse camarada simplesmente mudou o mundo. Depois dele, infinitas fêmeas
perceberam que aquele animal indócil, inteligente e peludo poderia ser
capturado com relativa facilidade. Bastava ela aparar um pouco os pêlos debaixo
do braço para o nosso herói começar a babar.
De cara, evidentemente, as coisas
foram às mil maravilhas. Ela cuidava da caverna enquanto ele matava
tigres-dente-de-sabre e todos viviam plenamente felizes. Só que nosso amigo
percebeu certo ar de jovialidade nos outros homo
sapiens da tribo. Todos os outros comiam com a boca cheia, falavam alto e
dormiam tarde, mas ele, coitado, toda vez que pensava em fazer algo do gênero,
sua mulher já o olhava torto.
Foi nesse exato momento que surgiu a
luz que fez do casadão uma realidade: Ela depende tanto de mim quanto eu dela!
Dessa forma, só vale a pena dividir a caverna se for bom para ambos, do
contrário, nada feito. Depois desse dia, sempre que a patroa fizesse beicinho
com algum arroto normalíssimo (à época, convenhamos) do nosso ancestral ele,
sarcasticamente, sorria de volta, dando a entender que ela comeria sopa de
carne de lagarto no dia seguinte. Desnecessário dizer que ela corria para
acariciá-lo e rapidamente eles faziam as pazes.
Apesar dessa sabedoria incrível, nós
continuamos a bater cabeça por milênios a fio.
Veja a Idade Média, por exemplo. A
maioria dos casamentos era forçado, e toda a graça estava na vida
extraconjugal. Ora, por que casar com alguém se eu vou me divertir mesmo com
outra, não é?
Mais tarde, a partir do
Renascimento, fizemos tanta firula durante o lento declínio da aristocracia que
os espartilhos terríveis demoraram séculos para cair, literalmente. Até a
Bastilha caiu antes disso! Dá pra imaginar o tédio insuperável de ter que
desabotoar dezenas de botõezinhos, abrir nós, empurrar vestidos, etc. só pra
dar aquelazinha básica do domingão? Era muita pompa para pouca circunstância!
Finalmente, com a revolução
feminista e a queima de sutiãs em praça pública, chegamos a um ponto bem
interessante para nós, casadões. Temos diante de nós muitas mulheres bonitas,
inteligentes e emancipadas. Algumas têm bigode, eu sei, mas isso não apaga o
fato de que vivemos uma época nova. Podemos, enfim, colocar todo nosso
potencial à prova.
Afinal de contas, os dois outros
estados civis mais comuns (solteiro e divorciado) não são nem de longe tão atraentes
quanto o nosso, de casado. É difícil imaginar alguém fazendo piada com um
suposto “Guia do Divorciadão”. Qual é a graça de ser um solteiro pagando
pensão?
Nossos rivais diretos mesmo são os
solteiros. Existem vários livros na linha de um “Guia do Solteirão” e todos
eles são engraçados. Todos retratam o solteirão como um ser anárquico, livre, e
falam com prazer dessa vida rebelde.
Acontece que o pulo do gato está
justamente em ter 95% do prazer da vida de um solteirão e ser 100% casadão ao
mesmo tempo. Para onde vão os outros 5%, você deve estar se perguntando.
Sejamos honestos (e tomara que as mulheres pulem essa parte!), não era tão
engraçado assim ser um solteirão o tempo todo. Minha definição de felicidade
não inclui muitas noites sozinho, festas cheias de marmanjos, cerveja quente
com colegas de trabalho, etc.
Somando quase todos os prazeres de
um solteirão com uma vida de casadão nós chegaremos a um resultado
impressionante. Nem adianta sonhar alto
demais, pois se você acha que vai encontrar a fórmula mágica para poder se
refastelar no sofá o domingo inteiro, enquanto sua mulher faz todo o serviço da
casa e te alimenta, pode tirar o cavalinho da chuva.
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