A Era do Gelo 4
(Marcelo Leme)
Direção:
Steve Martino, Mike Thurmeier
Roteiro:
Michael Berg, Jason Fuchs
Elenco:
Ray Romano, Denis Leary, John Leguizamo, Peter Dinklage, Queen Latifah,
Jennifer Lopez
A
criatividade e a graça empregadas nos longas do início da franquia, congelaram.
Tudo está repetitivo e aborrecido, sem qualquer novidade, a não ser o
aparecimento de novos personagens e conjunções a respeito da constituição da
terra a partir dos desastrosos atos do esquilo Scrat.
Manny,
Diego e Sid retornam com a história girando em torno do mamute. Seu excessivo
cuidado paterno causa intrigas e palavras dolorosamente disparadas minutos
antes de um desgelo fulminante que termina por separá-lo da família. O
continente se rompendo rima com o relacionamento fraterno se desfazendo,
deixando os inseparáveis amigos sobre um iceberg, à deriva no oceano.
Perdidos
no mar, tem início uma odisseia onde enfrentarão riscos como a fúria de uma
tempestade, sereias e o avanço de piratas navegando num navio de gelo, liderado
pelo inescrupuloso macaco Entranha.
Intrigas
tolas, relações estremecidas e conflitos amorosos – surge um par
romântico para Diego – são algumas repetições de ideias usuais que fizeram mal
à franquia, que se fortalece quando Scrat está em cena. Esses pequenos
instantes são ao menos o bastante para empurrar a história - sua associação com
Atlântida é certamente o melhor momento do filme.
Há
uma dramatização que acompanha a família dos mamutes, quando a filha de Manny,
a adolescente Amora, culpa o pai por um fracasso amoroso. Nesse âmbito se expõe
as possibilidades de relações com uma impregnada moral de auto conhecimento e
respeito pelo outro, não importando gênero, etnia, raça, etc. Tudo é realizado
de maneira infantil e pouco eficiente, travestindo valores por interesse
pessoal e estereótipos típicos da adolescência.
A
qualidade da narrativa é ignorada em nome da diversão, com passagens realizadas
unicamente para o efeito 3D, buscando impressionar com a profundidade das
cenas, que ilustram as magnânimas geleiras ou o oceano dançando enquanto
espirra água na tela. O formato compreendendo a moda se mistura com
tipificações do cotidiano, transitando vagamente por noções de caráter humano
representados por animais: o abandono graças ao envelhecimento, a família em
discórdia, a cultura de um povo causando estranhamento social, o respeito pela
diferença e a loucura questionada.
Tecnicamente,
o filme é inquestionável. O cuidado na composição dos personagens é tremendo,
com detalhes significativos bem trabalhados - por exemplo, os pelos e os
olhares. O desenho de produção, auxiliado pelo 3D, contribui para o universo
refletido, enobrecendo as belas paisagens compostas por imensas geleiras, ilhas
perdidas no horizonte e o alto mar. Nestes cenários de rebuscadas elaborações
visuais, o longa mantém a igualitária qualidade de seus antecessores. Para
somar, boas cenas de ação são criadas. Uma cena remetente a Coração Valente garante uma boa piada
aos mais crescidos. Diante tantas questões, a fraqueza da empreitada é
perceptível, e sua necessidade de reinvenção é necessária para derreter a má
impressão desta continuação infeliz.
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