Descartabilidade, a imperatriz
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Ele é obsoleto, inútil, letal e, pior, está dentro de sua própria gaveta: é o seu antigo celular. Aliado aos consoles ancestrais da PlayStation, às robustas televisões de tubo, aos computadores que vivenciaram a glória do Windows 98 e a tantas outras parafernálias semelhantes, o aparelho celular compõe o grupo que representa o grande inimigo do Estado da vez: o lixo eletrônico. A desenfreada inovação tecnológica criou o império da descartabilidade que vivemos hoje. Neste império, o marketing apelativo ao consumo é quem dita as leis, em que um produto inédito decai para o cargo de ultrapassado em um período incrivelmente curto. O fator da descartabilidade engloba também a vida útil dos aparelhos, que parece se encurtar tão breve quanto os adventos relâmpagos das atualizações da Microsoft - em centros de comércio ambulante, por exemplo, é possível comprar tocadores de mp3 com longevidade pouco maior que a validade de um pacote de biscoitos. Tanto o ritmo de produção quanto o consumo vêm aumentando significativamente e, por consequência, o chamado e-lixo resultante desta revolução cibernética é de uma abundância igualmente significativa. Do montante de lixo, o reaproveitamento não chega a 10%; é um dado preocupante levando-se em conta não somente os reflexos econômicos negativos, mas também os prejuízos que os resíduos causam ao ambiente e à saúde do homem. É importante ter ciência: lixo eletrônico não é lixo; é matéria a ser reutilizada. A falta de conhecimento sobre coletas, incentivo e estrutura são a matriz do problema - há de se cortar o mal pela raiz. Ademais, as empresas não se prontificam a reiterar seus produtos já consumidos, obrigação esta determinada por lei, inclusive. Em outras palavras, descumprem-se os deveres com o meio e também conosco, num Império em que os perniciosos resíduos são tão hostis e letais quanto o próprio homem que os descarta.
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