Resumo de Os filhos da mãe - Luiz Fernando Oderich

“Os filhos da mãe”, escrito pelo empresário Luiz Fernando Oderich, de São Sebastião do Caí (RS), mostra um plano que une a Justiça e instituições da sociedade civil para que filhos sem pai tenham o direito ao reconhecimento paterno, com sobrenome, pensão alimentícia e visitas quinzenais. A construção do laço afetivo pode ocorrer ou não, mas o primeiro passo, legal, é garantido desde a permissão da mãe e a anuência do filho.

Como bem diz o título, são filhos apenas das mulheres que, por abandono, separação, desconhecimento sobre quem é o pai (algumas não sabem o nome do ex-namorado ou da relação sexual eventual) e outras situações, são mães solteiras . E o duplo sentido foi o que talvez tenha movido Oderich a escrever o livro. O filho da mãe, como se sabe, é aquele que rouba, estupra, mata, trafica, enfim, faz mal ao outro, sem medir conseqüências a si nem ao próximo. O autor perdeu o filho único, em 2002, vítima de latrocínio, em Porto Alegre (RS).

A estes filhos da mãe há algo em comum: a falta da lei paterna, que significa amparo, bons afetos, condições materiais mínimas e em especial, limites e interdição, o que dá algum sentido à vida e os livra da morte precoce, inclusive. Diz Luiz Fernando, com base em dados compilados nas mais variadas instituições responsáveis pelo monitoramento da infância e juventude, da criminalidade e outras, que pior do que ter um pai violento, que seja, é não ter pai.

Mães que se apropriam dos filhos, como se donas fossem de um objeto qualquer a lhes garantir o não abandono ao longo da vida e da velhice, criam pessoas que não vêem sentido em viver. E daí, muitas vezes, parte o vale tudo, como se diz, as pessoas mais perigosas são as que nada têm a perder. O reconhecimento da paternidade também é uma forma de impor limites a homens que engravidam várias mulheres ao mesmo tempo e não se responsabilizam pelos filhos gerados.

Após a morte do filho, o empresário publicou alguns livros e fundou a ONG “Brasil sem Grades”, também um nome com duplo sentido. A denominação significa tirar as grades de nossas residências, prisões particulares, onde acreditamos estar a salvo de tudo e todos, sem nos responsabilizarmos pelo que é responsabilidade de todos nós. O outro sentido é sobre como evitar a cadeia e retirar de trás das grades pessoas que poderiam ter chances de liberdade - o que implica, muito mais do que verbas astronômicas, investimentos intelectual e afetivo dos que podem e querem preservar também a própria liberdade.

Se há uma crise generalizada de identificação entre pais e filhos pela reconfiguração das famílias, o relativo abandono de pais e filhos e ainda o esgotamento do modelo político-econômico, é certo que as cracolândias, por exemplo, não caem do céu. Digo cracolândia, porque a drogadição sempre existiu. A novidade é a expansão e a adesão contra a inexistência de solução - em especial a de caráter existencial.

Resumos Relacionados