Maquiavel
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A Itália encontrava-se dividida em fins do século XV. Ao norte, predominavam as
cidades Repúblicas, centralizadas em algumas cidades. No centro estavam os
Estados Papais. No sul, o Reino de Nápoles estava sob o domínio do rei a
Espanha. As cidades livres ou comunas, como Gênova e Veneza, formavam estados
fortes e independentes. Havia ainda principados do Sacro Império.
A Europa assistia um processo de centralização política,
que logo permitiu que alguns países se unificassem e criassem uma política
nova. Diante disso, a Itália começou a ter vários problemas comprometendo a
independência dos estados italianos, em razão da força dos seus vizinhos. Os
cidadãos italianos acabaram delegando seus poderes a outros, o que facilitou as
conquistas estrangeiras. Por
conta da ausência de uma Itália unificada, encontrava-se desunida, caída em tal
fraqueza física e decadência social que, apenas meios políticos poderiam
salvá-la.
Diante
desse panorama de instabilidade política, visando contribuir com a superação
desse caos político e social, Nicolau Maquiavel compôs o “O Príncipe”, um
verdadeiro guia por meio do qual um príncipe poderia subjugar os povos inimigos
e unificar o território italiano sob a autoridade de um único governo,
formando, assim, uma nação estável internamente e soberana em relação às forças
estrangeiras.
Maquiavel
propõe estudar a sociedade pela análise da verdade efetiva dos fatos humanos,
sem perder-se em vãs especulações. O objeto de suas reflexões é a realidade
política, pensada em termos de prática humana concreta. Seu maior interesse é o
fenômeno do poder formalizado na instituição do Estado, procurando compreender
como as organizações políticas se fundam, se desenvolvem, persistem e decaem.
Para Maquiavel a política resulta da ação humana em uma
situação de conflito. O verdadeiro segredo da coesão social reside na ação
política sob conflito, realizado por meio de homens concretos, que podem dar conta de instituir um estado de ordem e governabilidade.
Maquiavel concebe
o príncipe como uma necessidade histórica em face da anarquia interna e ameaça
externa que pesam sobre a península itálica. Mas não
encarna o bom governo no príncipe virtuoso, portador de virtudes cristãs, das
virtudes morais e das virtudes principescas. O príncipe de Maquiavel necessita
possuir Virtú, isto é, qualidades essencialmente políticas e
eficazes que permita ao governante tomar e manter o poder.
O filósofo
afirmava, que o político com grande Virtú vê
justamente na Fortuna, que é um conjunto de circunstâncias que não dependem da
nossa capacidade e vontade, a possibilidade da construção de uma estratégia
para controlá-la e alcançar determinada finalidade, agindo frente a uma
determinada circunstância, percebendo seus limites e explorando as
possibilidades perante os mesmos. A Virtú está sempre analisando a Fortuna e,
portanto, não existe em abstrato, não existe uma fórmula, ela varia de acordo
com a situação.
Desse modo, Maquiavel em sua obra elenca uma série de iniciativas que
o príncipe deve ter para que a fortuna não o atrapalhe. Sendo impossível
que um príncipe, como qualquer homem, seja bom o tempo todo, e sabendo que é
necessário para a manutenção do poder, afastar-se de seus princípios,
o príncipe deve sempre estar sempre atento para que sua aparência seja a
melhor possível. Todas as palavras do príncipe devem estar cheias de fé,
religião, caridade, humanidade e integridade, mesmo sabendo que é preciso ir
contra tudo isso, por vezes, para manter o Estado. Mesmo que a essência do
príncipe não seja das melhores, para manter o poder, sua aparência deve ser a
de um homem inteiramente santo e bom.
Nesse sentido, Maquiavel separa ética de política, dizendo que
a primeira diz respeito às questões do indivíduo e a última, às coisas
públicas. A ética é a-política. Já a política pode ser ética ou a-ética.
A
política é uma forma de atuação completamente autônoma, com normas e regras
próprias, e sem grandes preocupações com a ética ou com as questões religiosas
O único objetivo da política, para Maquiavel, é a conquista e a manutenção do
poder.
Portanto essa foi a grande inovação de Maquiavel, não importa os meios que serão
empregados, o Estado nacional soberano está autorizado a promover a qualquer
preço a prosperidade e a grandeza temporais do grupo humano por ele
representado, sem que isso trouxesse qualquer condenação ou culpa.
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