Psicanálise dos Contos de Fadas
(Bruno Bettelheim)
Muitos são os contos de fadas existentes no imaginários de crianças e adultos. Desde encantadoras e belas princesinhas que caem desamparadas nos braços de viris e belos principes completamente desaparadas por fatalidades do destino ou pela volupia do amor (ou simplesmente encontradas por estes bravos e valentes robustos jovens capazes de lhes dar a volta á cabeça e as levar ao altar!), passando por bruxas maléficas, madrastas e fadas desencantadas, duendes, magos e entidades sobrenaturais ou provenientes do mundo da fantasia até animais que se convertem em humanos ou falam e nos deixam maravilhados com as suas habilidades de boa educação, sensatez, astúcia e bom caracter. Para Bruno Bettelheim, autor da obra "Psicanálise dos Contos de Fadas", o mundo encantado das histórias que nos povoam o imaginário desde a infância e que contaremos (ou contamos!) aos nossos filhos e netos são motivo para uma análise psicanalítica. Mas...o que é isto de análise psicanalitica em contos de fadas? Já não chegava psicanalisar pacientes e ainda temos que psicanalisar principes, princesas e bruxas más? E ainda pior...madrastas aparentemente "más como as cobras", animais falantes que se convertem em humanos ou até sereias, elfos, fadas e ademais criaturinhas que nunca vimos á frente? Bom....nada mais pertinente! É que a Ciência que o sr. Freud criou, com todos os seus conceitos próprios e teorias susceptiveis de serem pensadas e aprendidas por nós, questionadas e validadas, tem muito que se lhe diga! Ela não é apenas uma cadeira chata que se dá nas faculdades de Psicologia ou mais uma palavra que vem no dicionário para chatear a cabeça de quem estuda lexicologia. De facto, a Psicanálise é tanto uma terapia psíquica quanto um modo de explicar o mundo humano no que diz respeito ás suas acções, comportamentos, atitudes e valores. Ela explica também as regras sociais, os porquês da essência masculina e feminina e da atracção para os afectos pelo sexo oposto bem como questões relacionadas com a masculinidade e femininalidade. Deste modo, se ela é explicativa e os contos de fadas procuram explicar e nós, leitores, a sua explicação, nada mais justo do que tentar aplicar os seus conhecimentos ao enredo e ás acções das personagens que realizam os comportamentos inadequados, adequados e semi-adequados (do nosso ponto de vista social e cultural). Assim sendo, retiramos conclusões interessantes sobre a afectividade e os motivos sobre os quais os protagonistas das acções se incidiram sobre elas e não sobre outra acção menos ofensiva ou gentil, no caso das situações triangulares ( situações de conflito entre três ou mais personagens) e duplas (situações de conflito envolvente normalmente entre dois dos personagens). Na sua obra, B.B., apresenta os mais típicos contos de fadas, conhecidos na generalidade. São exemplos dos mesmos: " A Bela eo Monstro", "A Bela Adormecida", " Rapunzel", "Branca de Neve e os Sete Anões" e "Cinderela" (entre outros). Todos submetidos á rigorosa análise dos conceitos psicanaliticos e das teorias freudianas e pós freudianas, neo-freudianas e da psicanálise actual, conseguimos salientar filhas adolescentes com pulsões virginais mas cuja flor-da-idade indica o início das premicias do amor para o qual os impulsos de um ID(parte mental que nos conduz a relacionar e procurar o sexo oposto para um relacionamento a dois) teimoso, paixões repentinas nascidas das atracções físicas adolescentes, madrastas não desprovidas de inveja da beleza alheia-das enteadas- uma vez que a sua se vai esvaindo no tempo e se encontra detida nos meandros de uma consciência que teima em não se fazer ouvir num inconsciente sedento de juventude e ainda animado pelos enganos das suas defesas, debatendo-se contra o complexo de Electra ( ou de Édipo, no masculino), principes que simbilizam a aceitação de uma vida matrimonial e todas as suas implicações ao se converterem de animal a Homem belo e extremamente atractivo, princesas viventes no complexo de Édipo, etc,etc,etc. Na realidade, o que encontramos nas relações entre principes e princesas reporta para o despertar das pulsões inconscientes relativas ao relacionamento, isto significa que, os temas freudianos que se incluem neste espaço são: medo da vida conjugal, inicio da actividade afectivo-sexual, medo da traição, imaturidade matrimonial e para ser cortejada devido ao medo, recalcamentos de caracter afectivo (entre outros menos predominantes). Por oposição, madrastas e bruxas são adjuvantes da fatalidade devido ao seu Ego destrutivo, imposto sobre aquela por quem sentem ciúme dado ser jovem e bela e as suas caracteristicas já não se integrarem nesta categoria de mulher. As suas acções são, para além de veículadas pelo ciúme e pelo Complexo de Electra, ditadas pelo terror e pelo medo, pela quase insanidade devido ao seu lado feminino atraente, afectivo e sexual se ter quebrado e já não existir. Invejam-nas por serem cortejadas por principes na flor-da-juventude que as desejam/ amam. Esta é, sem dúvida, uma obra que considero perfeita para estudo e análise, se fores um amante da Psicanálise. É também um óptimo ponto de partida para treinares o teu espírito analítico nesta vertente e em diversas outras vertentes, uma vez que te oferece um material simples e conciso para trabalhar e ao mesmo tempo complexo para detalhar e concluir. Efectivamente, os Contos de Fadas tratam de imaginações que são propósitos escritos por alguém, o que os torna analisáveis de diversas maneiras. Partindo do principio que o autor partiu, certamente, teremos a hipótese de encontrar respostas coerentes e coesas que vão de encontro á verdadeira essência da história, universalmente.
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