No teu deserto
(Miguel Sousa Tavares)
“No teu deserto”, de
Miguel Sousa Tavares, é um livro onde o próprio autor relata uma das suas
aventuras vivenciadas, que, com o decorrer da obra, confessa ser uma das mais
marcantes para si próprio.
Esta
obra narra o encontro do autor com uma jovem rapariga, dias antes de ambos
partirem à aventura para uma expedição ao Deserto do Sahara, realizada a
Novembro de 1987. Ambos com intenções diferentes mas com destinos iguais,
acabam por se conhecer e complementar ao longo de todas as confusões e
complicações que encontraram.
Cláudia,
em busca de aventura, de diversão e liberdade, e Miguel, como repórter em
trabalho, à procura de uma aventura que merecesse ser guardada através de
filmagens e fotografias. Partem juntos de Lisboa num jipe UMM, com um grupo composto
de 4 motas e 16 jipes cheios de aventureiros em direcção ao seu primeiro ponto
de chegada, em terras de Andaluzia, mais especificamente Algeciras. Devido à
falta de autorização de viajar com equipamento fotográfico e de filmagem,
Miguel e Cláudia são obrigados a viajar até a uma terra, desconhecida por ambos,
chamada Alicante onde apanharam um barco em direcção à Argélia e fazem 600 km
até Argel, cidade onde, mais tarde, obtêm os certificados necessários. E ai
começa realmente a aventura para ambos!
Como
já foi referido atrás, nenhum dos dois tinha conhecimentos de onde ficava
Alicante mas, no entanto, sentiram-se confortáveis e tranquilos pensando que
estariam perto do seu próximo destino mas após alguns quilómetros aperceberam-se
que algo estava errado e descobriram que esta terra ficava a 400 km de
distância de onde estavam e tinham, apenas, 6h30 para chegar ao destino. Com o
seu velho e pesado UMM, esforçaram-se para alcançar Alicante o mais rápido possível
mas quando finalmente chegam ao seu destino tudo parece perdido pois o barco
onde deveriam ter embarcado encontrava-se inacessível. Chegaram atrasados e o
barco já se encontrava quase pronto para zarpar mas, após conversarem com o
Almirante e algum esforço, lá conseguiram embarcar.
Na
manhã seguinte, após algumas pequenas confusões na alfândega de Oran na
Argélia, lá conseguiram prosseguir com a viagem até Argel, onde só chegaram quase
de noite. Após tentarem chegar a um hotel cometendo uma transgressão, Miguel
foi levado para a esquadra da polícia onde acabou por necessitar da ajuda de
diplomatas portugueses para sair em liberdade. Finalmente, conseguiram-se instalar
nesse mesmo hotel, onde partilharam “inofensivamente”, não só um quarto mas
também uma cama de casal. Nessa mesma noite, ambos confessam ter partilhado um
momento, enquanto Miguel observava, da cama, Cláudia a despir-se antes de
entrar no banho.
No
dia seguinte Miguel dirigiu-se para o Ministério da Informação enquanto Cláudia
foi conhecer Argel. Após algumas complicações e burocracias, Miguel finalmente
obteve os papéis necessários para realizar o seu trabalho de forma legal, o que
mais tarde se veio a demonstrar ser de pouco interesse para as autoridades
locais. Fizeram-se rapidamente à estrada pois, tinham até a manhã do dia
seguinte para fazer 700 km ate Ghardaia, por estradas de pouca qualidade.
Após
ultrapassarem muitos obstáculos durante estes 700 km, finalmente conseguiram
chegar ao parque de campismo de Ghardaia, ponto de encontro com a comitiva,
onde apenas tiveram duas horas para descansar antes da partida para o interior
do Deserto de Sahara, 3ª noite que dormiram juntos, “inofensivamente” tal como
o autor repete várias vezes.
Finalmente
viajaram para dentro do tão temido e admirado deserto, onde passaram quase todo
o tempo juntos, a tirar fotografias e a fazer filmagens da caravana de veículos,
a montar a tenda de ambos, a prepararem o seus jantares, a protegerem-se das
tempestades de areia e simplesmente separavam-se quando surgia uma zanga, onde
ela aproveitava para conviver e andar de mota com alguns amigos que vieram na
viagem. Miguel, apesar de não confessar mostrava-se um pouco ciumento quando
Cláudia resolvia afastar-se dele.
Ambos
aprenderam a partilhar o silêncio, a conviver apesar das enormes diferenças de
ambos, a complementarem-se perante tantas adversidades. Ambos habituaram-se um
ao outro mas, como já estava destinado, a viagem acabou por chegar ao fim e
acabaram por ter de se separar, de continuar as suas antigas vidas e só se
cruzaram novamente quando Cláudia se encontrava num hospital, algum tempo mais
tarde. Miguel ai sair para fora do país e antes disso visitou Cláudia no
hospital, onde ela teve dificuldade em deixa-lo partir.
Cláudia
morreu e Miguel encontrava-se ainda fora do país quando tal aconteceu. Demorou
algum tempo até saber de tal tragédia e quando finalmente tomou conhecimento,
teve alguma dificuldade em aceitar todo o acontecimento. Sentiu-se culpado por
não ter estado presente para se manifestar, para demonstrar a apreciação e o
carinho que, secretamente, tinha por Cláudia.
Como
pequenas homenagens, juntou as fotos que tinha do descrito passeio pelo
deserto, num envelope, coisa que normalmente não fazia, e redigiu este livro.
Um livro para homenagear, Cláudia e a aventura que tiveram em 40 dias de mútua
existência.
Resumos Relacionados
- Crescer É Perigoso
- My Lord Jack
- Crescer é Peigoso
- Pai, Eu?!
- O Fantasma Que Falava Espanhol
|
|