Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil
(Leandro Narloch)
Se você é um quarentão que
estudou História (principalmente nos anos 70 e 80) e achava que era bom nesta
matéria, reveja seus conceitos todos a partir deste livro. Mas se você é jovem
estudante hoje e não se surpreenderá tanto com o que se afirma na obra, não a
ignore. Por ela entenderá melhor, como a construção da imagem de um país é algo
bem mais frio e calculado do que nós todos pensamos. Seus avós idolatraram o
‘pai dos pobres’ Getúlio Vargas, por conta da parcialidade de certos
professores? Não foi muito diferente com seus pais. Bem certamente eles
seguiram a cartilha de historiadores que igualmente pecaram pela parcialidade.
Comprometidos com os grupos políticos que militaram pela democracia brasileira
em um passado próximo. Destes grupos saíram os recentes comandantes dos
destinos da nação tanto do PSDB como os do PT. E assim como no passado, aos
donos do poder hoje interessa uma interpretação histórica como lhes convém. “A
história nem sempre é uma fábula: não tem uma moral edificante no final [...]
nem vilões e vitimas facilmente reconhecíveis” (p. 27).
Não é preciso já ter lido muito
na vida para desconfiar do que se afirmou sempre em relação aos mitos
relacionados aos índios e negros. Que os índios mataram mais a eles mesmos que
foram mortos pelos brancos (entre os índios matar não era pecado); que a
escravidão já acontecia entre os negros na África e Zumbi, ele próprio, tinha
escravos e seu quilombo passava longe de ser “uma experiência de reino de
Deus”. Mas é preciso uma pesquisa pra saber que o comunismo do Brasil dos anos
30, outra minoria aparentemente vítima e derrotada, era formada por gente nada
recomendável e liderada por um cidadão, acreditem, atrapalhado que, para mim,
surge como o maior vilão revelado pelo livro: Luís Carlos Prestes. Os crimes
variados e os graves erros que resultaram em mortes e invalidez de inocentes,
praticados pela próxima geração de guerrilheiros esquerdistas no Brasil também
assustam muito.
O grande culpado é o
nacionalismo adotado aqui, que levou a mentiras descaradas. No sentido de
inventar heróis como Aleijadinho e Santos Dumont; e de ocultar a face
desagradável de intelectuais que deviam ser admirados como perfeitos ícones da
cultura nacional como Jorge Amado, Machado de Assis e José de Alencar (as
manchas às suas imagens estão comprovadas e documentadas). No sentido de culpar
sempre quem se identifica como o ‘poderoso’ em questão. Como a Inglaterra, esta
que não causou a Guerra do Paraguai, na verdade tentou evitá-la. “O Brasil na
verdade foi bonzinho com o Paraguai” (p. 196); como os militares da ditadura
brasileira “[...] uma das menos atrozes de todo o século 20” (p. 324). Por que
eles torturavam?, é a pergunta da página 326. E nela as respostas
“estupidamente inexperientes na arte de investigar [...] pouco inteligentes
logo apelaram para a violência”.
Leitura extremamente prazeirosa
(dá vontade de ler e reler), oferece ao leitor saborosas constatações a
respeito das verdadeiras origens do samba, da feijoada (que é européia) e do
carnaval; do Império Brasileiro e do episódio da compra do Acre, talvez o
capítulo mais provocativo de todos. “[...] a cada ano, o estado custa mais 400
milhões de reais à nação [...] O custo Acre pode ser ainda maior já que o
orçamento federal não inclui gastos com deputados e senadores. Por ano, os oito
deputados e três senadores acreanos custam 150 milhões de reais [...]. É
interessante imaginar o que poderia ser feito com esse dinheiro. Uma nova linha
de metrô, como a Linha Amarela construída em São Paulo, com 13 quilômetros de
extensão exige um investimento inicial de 700 milhões de reais [...] Se
tivéssemos vendido a Amazônia ou se algum país tivesse se apossado de pelo
menos um pedacinho dela, seríamos hoje muito mais felizes” (p. 239).
Trata-se de mesmo de uma ‘Nova
História do Brasil ‘ como propõe a abertura de um dos capítulos.
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