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A busca
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“A Busca” não poderia ser “A Fuga”. Pedro (Brás Moreau
Antunes), 15 anos, sai pelo mundo em busca do que quer para si, rejeitando o
enquadre que o pai Theo (Wagner Moura) tenta vender-lhe - e ao mesmo tempo comprá-lo. E se
desvencilhando da superproteção da mãe (Mariana Lima) que, em vias de separação
do marido, se apega demasiadamente ao filho. Resta a Pedro buscar amparo junto
ao avô paterno (Lima Duarte), com quem troca cartas e desenhos, mas ainda um
desconhecido pessoalmente, devido à interdição deste relacionamento, pelo pai.



Theo impõe a Pedro uma viagem a Nova Zelândia, porque nunca
teve esta chance na idade do filho, porque quer dar do bom e do melhor a sua
criança, enfim todas as explicações que atropelam o desejo do outro, tornando-o
coisa. Na verdade, a tal viagem surge como possibilidade de separação física
entre mãe e filho. E também subjetiva, por meio do que, se fosse uma escolha, Pedro
se alienaria em uma outra língua, para além da materna, o inglês. Mas, estas não são as escolhas de
Pedro.



Os pais, da classe média alta paulistana, moradores do
bairro Alto de Pinheiros, não olham para o filho. São médicos superocupados,
entre outras coisas, com a impermeabilização e o revestimento de azulejos da
piscina... para valorizar a casa que será vendida. “Mais dinheiro pra nós!”,
justifica-se Theo à esposa. Ali, não há acordo sobre Pedro. Só negociações, aos gritos, sobre no que querem transformar Pedro -
o não visto nem escutado nem sentido no seu jeito, sujeito. Pedro, um assujeitado.



Sempre precisei de um pouco de atenção
Acho que não sei quem sou
Só sei do que não gosto.*


O único olhar que sustenta o adolescente como ele é, no
mundo, a partir do seu próprio desejo e enquadre de artista, é o do avô, que
afinal nunca pôs seus olhos nem ouvidos no neto, a não ser por meio dos
desenhos e da letra. É esta sustentação que leva Pedro a não sucumbir à fuga
oferecida pelo banquete de drogas que encontra em uma rave (com fortes tons
ripongas), em Mimoso, durante a viagem que cruza São Paulo e Rio de Janeiro,
para chegar ao litoral do Espírito Santo, onde mora o avô. Pedro também tem a
chance de se anestesiar com álcool: troca sua camiseta por um litro de pinga, e
não se ouve mais falar sobre o tema. Na camiseta-outdoor... “Na dúvida, desista”.




Ao invés de optar pelo ônibus, por um carro ou uma moto, ele
vai a cavalo. Lento, parando, enfrentando os desafios das estradas rudimentares
por onde escolheu viajar. Para atravessar um rio, pede ao balseiro que dê um
desconto pelo cavalo... O homem nega, dizendo que o cavalo pesa muito mais do
que o garoto. Ali, o cavalo tem mais valor, mais peso real do que Pedro. Um
instantâneo que nos tira da ilusória onipotência, mais-valia sobre os outros. E
ao mesmo tempo nos alivia da certeza de termos tanto poder e, portanto, tanta
culpa. Theo (Deus) aprende isto também quando seu possante caVWalo paralisa a
balsa na vazante, por causa do... peso. Revoltado, se joga na água de roupa,
carteira e celulares, acabando com a possibilidade de qualquer comunicação, compra e venda com
o mundo.



Já entregamos o alvo e a artilharia
Comparamos nossas vidas
E esperamos que um dia
Nossas vidas possam se encontrar.*



No boné do balseiro está escrito “Nova Zelândia”, e Pedro
tenta comprá-lo, como se fosse uma lembrança do pai, respeitando seus desejos e
comando, mas separando-os dos seus. O pai tem oportunidade de comprar o mesmo
boné, mas parece que a estrada lhe ensinara, até ali, o suficiente para passar
a olhar o filho não mais como sua extensão
- e de seus desejos.



Na rave, em que a moçada se joga em tudo e todos sem sobrar
um trocado pro sanduíche salvador, Pedro opta por ficar com uma menina grávida.
A mãe, a que gesta alguém. Poderia ficar com qualquer outra garota, livre e
desimpedida, com quem inclusive seria possível transar. Pedro ainda é um menino.



A Busca de Theo pelo filho, por outro lado, faz com que o
homem adulto viva o que não viveu na sua adolescência - na rave riponga, o pai de Pedro ajuda a
amiga do filho a parir. As aventuras desejadas pelo filho mostram a Theo que a
vida pode ser mais simples do que uma viagem formal e talvez muito chata e
cheia de regras à... Nova Zelândia. E, muito mais do que isto, que as pessoas
fundamentais para a vida provavelmente
não são estrangeiras e distantes. São as que estão perto e na maior parte das
vezes nos são estranhas.



Não sou perfeito
Eu não esqueço
A riqueza que nós temos
Ninguém consegue perceber
E de pensar nisso tudo, eu, homem feito
Tive medo e não consegui dormir.*



É um filme sobre a paternidade, tão ausente nestes tempos de Teatro dos Vampiros* (Legião Urbana). Theo tenta solucionar a crise com o filho por meio do consumo (de uma
viagem). O filho recusa esta e a outra alternativa de consumo: uso e abuso de
drogas e álcool. Enquanto isto, o avô pega a via da produção artesanal, aquela
que leva tempo, como a viagem de Pedro. Tempo para olhar, desenhar, escrever, lerescutar,
compreender.



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